Globo
Presidente também
anunciou corte de seu salário e do vice, mas isso não aconteceu
A reforma administrativa anunciada pela presidente Dilma
Rousseff no início de outubro, prevendo reduções de salários, de ministérios,
de secretarias especiais e de cargos comissionados, mal saiu do papel.
Pressionada a enxugar a máquina pública para cobrir o déficit de R$ 30,5
bilhões previsto na ocasião no Orçamento de 2016, a presidente prometeu cortar
ministérios e reduzir número de cargos de confiança, mas, até agora, os cortes
foram pífios.
Dos 3 mil cargos que seriam extintos, segundo Dilma, apenas
346 foram efetivamente cortados. Das 30 secretarias, só sete deixaram de
existir. Dilma, o vice Michel Temer e os ministros teriam seus salários
reduzidos de R$ 30.934,70 para R$ 27.841,23. Isso também ainda não aconteceu. A
previsão do governo era economizar com esses cortes R$ 200 milhões. O montante
alcançado até agora foi de apenas R$ 16,1 milhões.
O governo explica que a redução de salários depende do
Congresso. Dilma enviou o pedido dias depois do anúncio da medida, porque é
preciso editar um decreto legislativo para reduzir vencimentos. Mas o decreto
ainda não foi apreciado pelos congressistas. Quanto aos demais cortes, a
explicação de auxiliares de Dilma é que a necessidade de negociar cargos com
aliados em troca de apoio na Câmara, em meio à abertura do processo de
impeachment, paralisou a reforma.
Logo após o anúncio do enxugamento, Dilma ampliou o espaço
do PMDB, entregando ao partido os ministérios da Saúde e da Ciência e
Tecnologia. O PDT, que comandava o Ministério do Trabalho, passou para as
Comunicações, estrutura maior do que aquela que a legenda ocupava
anteriormente.
Além de ter de entregar a esses partidos mais funções, Dilma
deu mais cargos do 2º escalão a PR, PRB e PP, reduzindo a possibilidade de
passar a tesoura nos cargos comissionados e nas secretarias ligadas aos
ministérios. A dificuldade de cortar cargos de ministérios mais políticos fica
evidente quando se vê a redução feita pelo Planejamento, essencialmente
técnico. Dos 346 cargos extintos, 216 foram dessa pasta.
FUSÃO DE MINISTÉRIOS AINDA NÃO FOI FEITA
A reforma teria como marca a redução de ministérios. Em
agosto, o plano do governo era cortar dez pastas. Quando oficialmente anunciada
em outubro, porém, a reforma reduziu em oito o número de pastas, caindo de 39
para 31. Isso se deu a partir de fusão e incorporação de 11 estruturas — que
geraram três novos ministérios. Mas até agora apenas cinco das que seriam
extintas realmente foram cortadas: Secretaria Geral, Secretaria de Relações Institucionais
e Micro e Pequena Empresa se fundiram para criar a nova Secretaria de Governo,
passando de 545 cargos comissionados para 431; o Gabinete de Segurança
Institucional foi extinto e teve as atribuições distribuídas por outros órgãos,
reduzindo de 50 para 34 os cargos comissionados; e Assuntos Estratégicos passou
a ser um órgão do Planejamento — pasta com maior redução de cargos de livre
nomeação, de 1.263 para 1.047.
Anunciadas há dois meses, as fusões entre os ministérios do
Trabalho e da Previdência e entre as secretarias de Igualdade Racial, Mulheres
e Direitos Humanos, além da extinção da Pesca, ainda não foram finalizadas.
Faltam decretos para formalizar as mudanças.
Por e-mail ao GLOBO, o Planejamento afirma que os cargos de
ministros do Trabalho, da Pesca, do Gabinete de Segurança Institucional, de
Relações Institucionais, de Assuntos Estratégicos, da Igualdade Racial, das
Mulheres, da Micro e Pequena Empresa, e de Assuntos Estratégicos foram
extintos. Admite, no entanto, que as estruturas desses ministérios ainda não
foram reduzidas.
“Estão sendo elaboradas as estruturas do Ministério do
Trabalho e da Previdência Social (fusão do Ministério do Trabalho com o da Previdência),
do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e de Direitos Humanos (Fusão da
SEDH, com Seppir e SPM) e do Ministério da Agricultura (que passará a executar
as competências do Ministério da Pesca)”, diz nota do Planejamento.
— Realmente a reforma está andando a passos lentos. Mas há
questões políticas envolvidas que tornam os cortes mais difíceis. O governo vai
cumprir o que prometeu. Lentamente, mas vai — confirmou ao GLOBO uma fonte do
Planalto.
FUSÕES NA FAZENDA
Responsável pelo diagnóstico da reforma e defensor do
enxugamento da máquina, Nelson Barbosa (Fazenda) chegou à pasta garantindo que
sua tesoura começará em breve a dar resultados. No próximo ano, a Secretaria de
Acompanhamento Econômico (Seae) vai ser absorvida pela de Política Econômica
(SPE). O atual secretário da Seae, Paulo Corrêa, que chegou em 2015 a convite
do ex-ministro Joaquim Levy, permanecerá no posto só até o fim de janeiro.
Assim, o novo secretário de Política Econômica, Manoel
Pires, que era o chefe da Assessoria Econômica do Planejamento, também vai
comandar a Seae futuramente. A Seae foi perdendo funções ao longo do tempo. Uma
delas era dar parecer para fusões de empresas. Mas, quando a nova estrutura do
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) surgiu, a secretaria perdeu
importante atribuição, e, diante disso, Barbosa resolveu fundi-la a outro
órgão.
(argento) ... a cassação dos direitos políticos - usado pela ditamole de 64 - foi, convenientemente, proibida na constituição (soZialista) de 88 ...
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