quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Governo do PT enfiou cem mil apaniguados no Ministério da Educação em oito anos

De 2008 a 2016, o número de funcionários ativos do Ministério a Educação (em geral professores das universidades) pulou de 188,4 mil para 288,3 mil, um acréscimo de cem mil pessoas em oito anos em função de uma suposta política de expansão das universidades públicas do governo do PT, sem que tenha havido qualquer melhora na qualidade do ensino. Para se ter uma ideia, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), realizado em 45 países, nos coloca em 44º lugar desde 2003, à frente apenas da Indonésia.

O orçamento do Ministério teve um crescimento real de 8,7% ao ano, de 2008 a 2016 - 95% em oito anos. Em valores de 2016, a despesa não financeira da pasta quase dobrou: de R$ 52,8 bilhões para R$ 103,2 bilhões, sem incluir o Fies. Ou seja, os recursos aumentaram, mas as contratações não permitem qualquer economia.


Depois culpam o Temer...

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Zé de Abreu, o cuspidor falsário

Antônio Nahud

Intimados a comprovar os gastos com recursos obtidos através da Lei Rouanet, o ator global José de Abreu e sua ex-mulher, a atriz Camila Paola Mosquella, são suspeitos de falsificação de notas fiscais na prestação de contas do dinheiro obtido.

A dupla dinâmica já foi condenada a restituir aos cofres públicos R$ 300 mil destinados a peça “Fala Zé”, por não terem realizado a prestação de contas. Desta feita, um monólogo de Camila está na mira do Ministério da Cultura.

A análise dos documentos, feita pela CPI da Lei Rouanet, identificou a mesma caligrafia em todas as notas fiscais apresentadas, por empresas de 20 cidades diferentes, locais onde supostamente os espetáculos foram realizados.

Zé de Abreu mais uma vez comprova que é pilantra.


segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Magu me lembrou de um texto

Magu, ao citar o vocábulo "obnubilado", você me lembrou de uma resposta que eu dei à Senhora Eudóxia - de quem não me lembro mais - quando a mesma me criticou por eu ter usado "obnubilação" em alguma resposta que lhe dei, suponho.

Senhora Eudóxia:

Aquele que se depara em piraoba tem que se umectar. Quiçá obnubilação jaza em vosso bestunto como vocábulo expungido de vosso elucidário, todavia é cediço no meu e de miríades de bicharias. Tal increpação acerca de minha chara em compulsar tira-teimas, não passa de mera zelotipia, posto que, minha pálrea rutilante já é fato usitado pelo enxurro, por eles já aptado, cousa ábdita de redundar em suputação da vossa parcimoniosa alçada.

É assim que Lula adora o povo, que cada vez mais foge dele


sábado, 26 de agosto de 2017

Frases de Paulo Freire, o inventor do dilmês

E esse estropício é o guru da Educação dos esquerdofrênicos... Faz sentido.

Frases compiladas por Jenifer Castilho

“É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.”

“Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, o não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona.”

“Esta é a razão pela qual o animal não animaliza seu contorno para animalizar-se, nem tampouco se desanimaliza.”

“Na verdade, seria incompreensível se a consciência de minha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção de minha presença.”

“Não temo dizer que inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi apreendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz.”

“Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se ‘dispõe’ a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente.”

“Tenho pena e, às vezes, medo, do cientista demasiado seguro da segurança...”

“Somente na medida em que os produtos que resultam da atividade do ser ‘não pertençam a seus corpos físicos’, ainda que recebam o seu selo, darão surgimento à dimensão significativa do contexto que, assim, se faz mundo.”

“Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de idéias, de concepções, esperanças, dúvidas, valores, desafios, em interação dialética com seus contrários, buscando plenitude. A representação concreta de muitas destas idéias, destes valores, destas concepções e esperanças, como também os obstáculos ao ser mais dos homens, constituem os temas da época.”

“Sem ele [o diálogo], não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza.”

“O ponto de partida deste movimento está nos homens mesmos. Mas, como não há homens sem mundo, sem realidade, o movimento parte das relações homens-mundo. Dai que este ponto de partida esteja sempre nos homens no seu aqui e no seu agora que constituem a situação em que se encontram ora imersos, ora emersos, ora insertados.”


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Aos ecochatos: A área que Temer extinguiu era apenas de mineração - Nunca foi indígena, ecológica ou ambiental

Em amarelo, as áreas de jazidas
O primeiro passo para o fim da RENCA
O Ministério de Minas e Energia deu o primeiro passo com vistas à extinção da RENCA (Reserva Nacional do Cobre) através de portaria assinada no dia 30 de março de 2017, quando o ministro Fernando Coelho Filho determinou que os títulos que objetivem áreas situadas dentro da RENCA e que tenham sido protocolizados no período de vigência do decreto nº 89.404, de 1984 (que criou a reserva) que estiverem pendentes de decisão, sejam indeferidos. Por outro lado, ele decide que sejam mantidos os requerimentos minerários (autorizações de pesquisa, concessões de lavra, permissões de lavra garimpeira e registros de licença) dentro da área da RENCA que tenham sido protocolizados antes da promulgação do decreto de criação da reserva e que estejam regularmente outorgados.

Os processos que tenham sido indeferidos pela autoridade serão sobrestados até que seja publicado o decreto de extinção da RENCA, o que já foi solicitado à Presidência da República. Estas áreas deverão ser colocadas em disponibilidade pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), que contará com o apoio técnico da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, vinculada ao Ministério de Minas e Energia) para fazer a divisão em módulos que serão disponibilizados separadamente ou em grupo. Ficam de fora, no entanto, as áreas dentro da RENCA que tenham sido outorgadas à CPRM.

O objetivo do ministro, ao propor a extinção da RENCA, é estimular a exploração mineral numa área de pré-cambriano da Amazônia, considerada de grande potencial e que pode ser revisitada utilizando-se técnicas mais modernas de pesquisa geológica.

Criação da RENCA
De acordo com depoimento do geólogo Breno Augusto dos Santos, que vivenciou o processo que levou à criação da RENCA, o interesse pela área surgiu em 1969, quando a empresa Codim, após a descoberta de Carajás e o fracasso dos trabalhos na zona do Bacajá, desloca-se para a região Jari-Paru, onde o geólogo Décio Meyer descobriu o complexo alcalino-ultramáfico do Maraconaí.

A notícia chegou à Meridional (que descobriu Carajás), a qual decide sobrevoar toda a Asa Norte, chegando à descoberta do anatásio (um tipo de mineral) de Maicuru nos anos 1969/1970.  Paralelamente, Décio Meyer trabalha toda a região para a Codim, atravessando a pé o trecho entre os rios Jarí e Paru, em 1970.

Em 1971/1972, ainda segundo relato de Breno dos Santos, é criada a Docegeo e Gene Tolbert, que comandava a empresa, decide contratar os geólogos da Meridional e da Codim, incluindo Décio Meyer. Nessa época a Meridional e a Codim encerram seus programas de exploração geológica. Em virtude de sua experiência e o gosto pela região, Décio Meyer fica responsável pela exploração geológica da Asa Norte. Em 1972, é montado o acampamento no rio Ipitinga, afluente do Jarí.

Em 1972, o programa RADAM-Brasil, que fazia mapeamento geológico na Amazônia, decide trabalhar na região e o DNPM solicita à Docegeo apoio ao RADAM, que convida o geólogo Wilson Scarpelli para prestar assessoria, tendo em vista seu conhecimento da região de Vila Nova.

A empresa Icomi requer áreas na região Jarí-Paru e, segundo Breno, a Docegeo e Décio Meyer abandonam a região e seguem para oeste, requerendo a área de Maicuru. De acordo com Wilson Scarpelli, “como a Icomi pagou pela cobertura de radar por duas folhas de 1:250.000, as imagens chegaram primeiro a ela, que identificou as serras e as requereu antes mesmo das imagens serem entregues ao RADAM. Já há alguns meses eu estava ajudando o RADAM na interpretação do precambriano do sul do Amazonas. Quando o RADAM recebeu as folhas do Amapá, convidou a Icomi a coordenar a interpretação dessas duas folhas. E para isso foi criado um grupo com geólogos da Icomi, CPRM  e DNPM, tudo às claras”.

Depois a Icomi decide abandonar a área, que fica livre para requerimento. Em 1975, Décio e Equipe são transferidos para Carajás. Embora as áreas do Jarí-Paru estivessem livres, Breno dos Santos afirma que não conseguiu aprovação da diretoria da Docegeo para voltar à região. “Devido às primeiras descobertas de cobre, a Docegeo concentra os trabalhos em Carajás. Assim, apenas é requerido o complexo de Maraconaí”.

Em 1981, Décio Meyer deixa a Docegeo e vai para a BP (British Petroleum). Dois anos depois, em 1983, ele convence a BP a fazer requerimentos na região.

Conforme o relato de Breno, “o Almirante Gama e Silva, chefe do GEBAM (Grupo Executivo do Baixo Amazonas), descobre que Daniel Ludwig, do Projeto Jarí, tem ações da BP e fantasia que os requerimentos da BP fazem parte de um plano para o Ludwig dominar a região. O GEBAM tem assento no Conselho de Segurança Nacional e veta a concessão dos alvarás da BP”.

Em 1984, Gama e Silva liga para Breno, em Belém, informando que “já havia falado com Eliezer Batista (na época presidente da Vale) e com Francisco Fonseca (que presidia a Docegeo), para que a área fosse requerida pela Docegeo. “E que preparasse os pedidos e requeresse logo após o indeferimento dos pedidos da BP”. Naquele ano as áreas são de fato requeridas pela Docegeo.

Insatisfeita, a BP recorre ao ministro Delfim Neto e avisa que se fossem aprovados os alvarás da Vale, ela (BP) entraria com uma ação contra o governo brasileiro, “por discriminação do capital estrangeiro”.

Gama e Silva liga novamente para Breno dos Santos, narrando o fato, e pedindo que ele desistisse das áreas. Breno respondeu que somente faria isso se tivesse autorização superior da Vale. Então solicitou instruções por escrito à Vale e Docegeo sobre como proceder. Nada conseguiu. O almirante, então, pediu a criação da RENCA, o que de fato aconteceu em fevereiro de 1984, por decreto do então presidente João Batista Figueiredo e abrange uma área considerada de grande potencial nos estados do Pará e Amapá. Pelo decreto, os trabalhos de pesquisa na área passaram a ser exclusividade da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, usando recursos próprios ou de convênios firmados com o GEBAM (Grupo Executivo para a Região do Baixo Amazonas).  A outorga de áreas para outras empresas somente poderia ser feita a empresas que tivessem negociado os resultados dos trabalhos de pesquisa com a CPRM.

O decreto também estipula que a concessão de áreas na região pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) somente poderia ser feita mediante consulta prévia ao Conselho de Segurança Nacional. E preserva as autorizações e concessões de lavra regularmente outorgadas antes de sua edição.

Em 1994, quando foi secretário de Minas no MME, Breno dos Santos solicitou às consultorias jurídicas do Ministério e do DNPM que verificassem a situação legal da RENCA, para ver a possibilidade de acabar com a mesma. E descobriu, surpreso, que quando a RENCA havia sido criada não tinham sido indeferidos os pedidos existentes, a maioria em nome da Vale. “Por razões ética, decidi deixar como estava”, diz.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Os dez mandamentos do Black Lives Matter para os homens brancos de pau pequeno

Chanelle Helm é uma das organizadoras do Black Lives Matter. No dia seguinte da baderna em Charlottesville a gracinha elaborou uma listinha com dez mandamentos para os brancos. Ei-los:

Algumas coisas em que eu estou pensando sobre isso [a confusão em Charlottesville] devem mudar:

1. Brancos, se vocês não têm descendentes, deixem sua propriedade para uma família negra. Preferencialmente, uma que viva na pobreza geracional.

2. Brancos, se vocês estão herdando uma propriedade e pretendem vendê-la, entreguem-na a uma família negra. Vocês podem ganhar esse dinheiro de alguma outra maneira, como brancos privilegiados que são.

3. Se você é um construtor ou proprietário de moradias multifamiliares, crie um complexo sustentável em um bairro negro e deixe as pessoas negras viverem nele gratuitamente.

4. Brancos, se vocês podem se dar ao luxo de reduzir o tamanho de sua família, deixem a casa que vocês possuem para uma família negra. De preferência, uma família de pobreza geracional.

5. Brancos, se alguma das pessoas para quem vocês pretendem deixar sua propriedade é racista, mudem seu testamento e deixem sua propriedade para uma família negra. De preferência, uma família de pobreza geracional.

6. Brancos, reorganizem seu orçamento mensal para que vocês possam doar a fundos negros para compra de terras.

7. Brancos, especialmente mulheres, mandem um racista para a rua. Vocês são cúmplices quando os ignoram. Consigam a demissão dos seus chefes porque eles são racistas também.

8. Voltando ao número 7, isso deve ser fácil, mas todos esses Klan, Nazi e outros homens brancos de pau pequeno vão voltar a trabalhar. Deixem-nos na rua. Chamem a polícia sempre: eles são suspeitos.

9. Voltando ao número 8, se em seu trabalho ou em qualquer outro lugar você ouvir uma pessoa branca louvando as ações de ontem, primeiro, tire uma foto. Obtenha seu nome e mais informações. Descubra onde ele trabalha - tire-o de seu emprego. Mas certamente aborde-os, e, se você precisar, você tem as mãos: use-as.

10. Comprometam-se com duas coisas: lutar contra a supremacia branca onde e como vocês puderem e financiem negros e seu trabalho.

Entenderam bem, seus homens brancos de pau pequeno?

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Até que ponto a Europa vai se curvar ao islã? Vai lamber o chão?

Em Oldham, um - digamos - município da “Grande Manchester”, na Inglaterra, as reuniões do Conselho - uma espécie da câmara municipal - agora tem orações muçulmanas antes de cada sessão.


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Olavo e seus apóstolos

O oposto exato da democracia - Augusto de Franco

O autocrata Olavo de Carvalho não é apenas um pensador político conservador. Ele é um “desenvolvedor da Matrix”, ou seja, uma das pessoas que assumiu o papel de poluir o mundo com  crenças míticas, sacerdotais, hierárquicas e autocráticas. É um dos defensores da civilização patriarcal, que difunde ideias legitimatórias da sociedade de castas.

Que existam pessoas assim não é novidade para quase ninguém. Todo o chamado esoterismo faz isso. Mas seus adeptos nunca passaram, na época atual, de reminiscências vestigiais de um mundo vertical que já passou. A novidade está no fato de Olavo ter conseguido fundar uma seita fechada, semi-esotérica e contar com muitos seguidores.

Em parte isso aconteceu como reação a trinta anos de hegemonização do PT na sociedade e contra pouco mais de dez anos de controle do Estado. Figuras bizarras como Olavo e oportunistas eleitoreiros como Bolsonaro, cresceram durante este período se aproveitando da indignação geral com o PT e a esquerda. Eles entraram na resistência democrática ao PT para poder faturar em benefício próprio, fazendo crescer suas igrejinhas ou seu eleitorado. Aproveitaram-se do analfabetismo democrático reinante e da falta de experiência política de legiões de pessoas que queriam acreditar em alguma coisa diferente, numa nova doutrina que fosse capaz de explicar o mundo para elas (onde tudo, até a sua vida pessoal, fizesse sentido). Agiram de caso pensado, para amealhar fiéis. Apoiaram o impeachment de Dilma para depois dizer que ele não resolve nada, se não criarmos uma nova elite intelectual (olavista) e elegermos um novo presidente (com a militância bolsonarista, uma turbamulta vil de bolsominions). É um pensamento primitivo e perigoso para a democracia, baseado no mito. É não há a menor dúvida sobre isso: é um criadouro de correntes fascistas.

Olavo é craque em auto-promoção. Tanto é assim que mandou que seus fiéis fizessem um filme sobre ele: O Jardim das Aflições (na foto que ilustra este post, naturalmente armados, aparecem o produtor e o diretor do filme). Ele já havia publicado (em 1995) um livro com esse título. O livro denuncia a visão do autor. Tomemos, a título de exemplo, apenas um trecho (e a nota correspondente) que fala das castas: sim, ele acha que a hierarquia é própria não apenas do Estado, mas natural na sociedade humana.

“A nova sociedade, como todas as anteriores, tem as mesmas duas castas governantes – sacerdotal e aristocrática, autoridade espiritual e poder temporal — que existirão onde quer que seres humanos se aglomerem numa coletividade que seja maior do que uma família; que existirão ora de maneira explícita, consagrada na constituição política nominal, ora de maneira implícita, invisivelmente entretecida na grade de uma constituição que não reconhece a sua existência mas que não pode impedi-las de representar a verdadeira distribuição do poder; que subsistirão como um código secreto no fundo de todas as constituições políticas, sejam democráticas ou oligárquicas, monárquicas ou republicanas, liberais ou socialistas, porque estão imbricadas na constituição ontológica e até mesmo biológica do ser humano e são compatíveis, funcionalmente, com qualquer organização nominal do poder político. Elas são uma ‘constante do espírito humano’, que nenhuma constituição, lei ou decreto, ainda que fundado na vontade da maioria, pode revogar.”

Examinemos o que ele diz:

1 – As castas governantes – sacerdotal e aristocrática – existirão sempre, de modo reconhecido ou não pelas leis, onde quer que seres humanos se aglomerem numa coletividade.

2 – Essa estrutura de castas (na verdade uma hierarquia) estará invisivelmente entretecida na grade de qualquer constituição representando a verdadeira distribuição do poder.

3 – As castas subsistirão como um código secreto no fundo de todas as constituições políticas, sejam democráticas ou oligárquicas, monárquicas ou republicanas, liberais ou socialistas.

4 – As castas estão imbricadas na constituição ontológica e até mesmo biológica do ser humano e são compatíveis, funcionalmente, com qualquer organização nominal do poder político.

5 – As castas são uma “constante do espírito humano”, que nenhuma constituição, lei ou decreto, ainda que fundado na vontade da maioria, pode revogar.

Quer dizer, o ser humano já veio fabricado assim. Ou, pior, só pode ser definido (ou concebido) assim. Cada qual no seu degrau da escada. E não é apenas um atributo cultural (o que seria explicável, por exemplo, no contexto da cultura patriarcal): não! As castas estão imbricadas na constituição biológica de ser humano.

Que um autocrata religioso queira pensar assim, entende-se. Dom Escrivá de Balaguer, fundador da Opus Dei, pensava parecido. Para não falar de conhecidos luminares do ocultismo ocidental, como Eugéne Canseliet. De certo modo este é o pensamento da chamada tradição espiritualista, da teosofia e de algumas vertentes sacerdotais orientais que chegaram ao Ocidente por volta do século 12. Mas que milhares de pessoas que não teriam nenhum motivo para aderir a esses esquemas explicativos e normativos monstruosos, deixem-se infectar por tais programas de escravidão ou de servidão, isso é uma notícia triste para a democracia.

Por tudo isso é bom repetir. Não se deve subestimar o efeito deletério desse tipo de apostolado dedicado à difusão de ideologias malignas e anti-humanas. Não tem nada a ver com esquerda x direita, como acreditam os tolos. Tem a ver com ordem, hierarquia, disciplina, obediência, comando-e-controle, punição e recompensa e fidelidade impostas top down. Tem a ver com um padrão civilizatório moldado por predadores e senhores. Ou seja, o oposto exato da democracia (que significa – e desde Ésquilo se sabe disso – não ter um senhor, não ser escravo nem súdito de ninguém).


domingo, 20 de agosto de 2017

O diproma de Luivináfio


A Lava Jato é movida pela internet

“Pode-se dizer, sem medo de errar, que a Lava Jato hoje é movida pela internet. Sem a pressão da web, os corruptos continuariam dominando o país – como ainda dominam, mas já estão com a data de validade prestes a vencer.

O fato concreto e auspicioso é que a internet se tornou o maior instrumento da evolução da democracia e da depuração da atividade política. Pode-se até antever que dias melhores virão para a Humanidade, através das informações massificadas em tempo real e com menor teor de distorção político-ideológica.

Não é por mera coincidência que todo país sob regime ditatorial – como Coreia do Norte, Cuba, China, Guiné Equatorial, Arábia Saudita, Irã etc. – os governos tentem impor restrições à internet. No entanto, é inútil. A web é mais forte e vai ganhar a briga, ajudando a democratizar e humanizar o mundo inteiro. Podem apostar.”

Newton Carlos - um dos raríssimos comunistas confessos com quem se pode trocar ideias - na Tribuna da Internet


Culpa do Zapizapi


Anônimos

Anônimos são gozados. Ontem, um me mandou um recado: “só tive tempo para acessar o blog agora”...

E o que é que eu tenho com isso? Como adivinhar se ele é o anônimo ou... o anônimo?

Falando nisso, ando sentindo falta de um deles, um muito particular que assinava Anônimo Argento, amigo de longa data.


sábado, 19 de agosto de 2017

Elites brancas paulistanas

Escrito em 21/10/2006:

A tese que as elites brancas paulistanas são as grandes culpadas por todos os males do mundo é de um ridículo tão grande que eu custo a acreditar ser essa uma idéia que os lulistas levam a sério. Toda vez que leio ou ouço alguma coisa nesse sentido tenho a nítida impressão que alguém está me gozando. E só pode. Posso ter nascido em Trizidela do Vale, morar em Pacaraima, ser cafuso, caboclo, cabra, crioulo, mameluco, mulato ou pardo, porque se eu for contra Lula, forçosamente sou da elite branca paulistana. É realmente bastante ampla essa definição: mais de metade dos eleitores do Brasil se enquadram nela.

E já que é gozação mesmo, quando nós dominarmos totalmente o país, vou querer como mordomo o Suplicy – não faço por menos – e como aia da minha mulher a Marta. Nada de nordestinos. Apenas um cearense petista para preparar meu sushi. Quem sabe até o Ciro Gomes? Tarso Genro vai fazer meus churrascos, Dirceu vai ser meu motorista, Mercadante e Olívio meus seguranças – cara feia eles têm. Benedita, Marisa Leticia e Lula vão para as estrebarias, não a trabalho, mas sim para trocarem as suas ferraduras.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Quem quer casar a Dona Baratinha?

Gilmar Mendes quis. E casou. Foi padrinho da filha de Jacob Barata Filho, a quem agraciou ontem com um habeas corpus que, graças à competência e presteza do juiz Marcelo Bretas, foi logo anulado.

Aliás, a festa do casamento de Dona Baratinha deve ter sido um prato feito para os entomólogos. Além de baratas anfitriãs, estavam presentes as habituais cigarras e mariposas da sociedade, abelhas rainhas e seus respectivos zangões zangados e cornos, louva-deuses, percevejos fedorentos, escorpiões atacando com o rabo, bichos-pau, escaravelhos (besouros brochas) do tipo rola-bosta, bichos-de-pé, cupins-do-erário e moscas-varejeiras que se vendem no atacado.

Foi sentida a falta da esperança...


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Algumas observações em 130 caracteres

Alguns idiotas precisam de ídolos para se afirmar, outros precisam de sacos de pancada. Jorge Pontual não vive sem Trump.
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DILMA CANCELA VISITA DE APOIO A MADURO - Venezuelanos famintos estão comendo as antas do zoológico.
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Falando em antas, a Ana Maria Braga até hoje usa “bicabornato” no “largato” redondo... Será que o diretor do “pograma” é o Lula?
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Pela primeira vez na história do marketing, polêmica é lançada antes da música. Chic Bouarq des Pays-Bas se superou nessa.

Sou um anormal

Eu costumava usar o tratamento “normal” para designar os heterossexuais, não por preconceito ou coisa que o valha, mas apenas porque pareciam ser uma maioria que não fugia às leis naturais. Desisti. Hoje os “normais” são aqueles que se encaixam nessa plêiade de conceitos abaixo, sendo que, na lista, não consta heterossexual.

Virei anormal.

Significado de LGBTTQQIAAPP, na foto:

L - Lésbica. Mulher atraída por outras mulheres.
G - Gay. Termo usado para homens e mulheres atraídos pelo mesmo sexo que os seus.
B - Bissexual. Alguém atraído pelo seu e por outro gênero.
T - Transgender. Transgênero. Alguém que se identifica com outro gênero do designado no nascimento.
Q - Queer. Inclui qualquer pessoa na comunidade LGBTQ +. Embora fosse um termo negativo, significando literalmente estranho ou pederasta, foi “recuperado” de forma mais “positiva”.
Q - Questioning. Questionando. Derivado do termo que indica um processo de exploração por pessoas que podem estar inseguras e preocupadas com a aplicação de uma etiqueta social por várias razões. Pessoa que não tem certeza e nem explora sua identidade sexual e de gênero.
I - Intersex. Alguém com características de ambos, masculino e feminino.
A - Assexual. Alguém que não se sente atraído sexualmente por ninguém.
A - Ally. Aliado. Heterossexual, cisgênero ou qualquer outro que apoia os direitos e a igualdade daqueles da comunidade LGBTQ +.
P - Pansexual. Alguém que é atraído por qualquer pessoa, independentemente do gênero. Normalmente, são atraídos pela personalidade.
P - Polyamorous. Poliamoroso.

É uma lista longa, mas ainda há muitos outros termos relacionados à comunidade “queer”:

Intergender. Intergênero. Alguém cuja identidade de gênero está a meio caminho entre homens e mulheres.

Gender non-binary. Gênero não-binário. É uma categoria abrangente para identidades de gênero que não são exclusivamente identidades masculinas ou femininas que, portanto, estão fora do gênero binário e da cisnormatividade. Podem expressar uma combinação de masculinidade e feminilidade, ou não, na sua expressão de gênero.

Heteromantic. Heterorromântico. Alguém que sentimentos românticos em relação ao sexo oposto, sem desejo sexual.

Homoromantic. Homorromântico. Alguém que sentimentos românticos em relação ao mesmo sexo, sem desejo sexual.

Agender. Agênero. Alguém que se identifica como sem gênero ou sem uma identidade de gênero

E por aí afora.


O Black Lives Matter e o racismo ideológico

Paulo Cruz

Dificilmente induziremos o negro a acreditar que, se seus estômagos estiverem cheios, pouca importância terão os seus cérebros.
(W. E. B. Du Bois)

Em 1964, num discurso contundente, Malcolm X, um dos mais influentes líderes do Movimento Negro americano, disse:

“Os Democratas [ou seja, a esquerda americana] só estão em Washington, D.C., por causa do voto negro. […] Vocês os colocaram em primeiro lugar e eles os colocaram por último, porque vocês são estúpidos. Politicamente estúpidos. Sempre que vocês jogam seu peso político por detrás de um partido que controla 2/3 do governo, e este partido não mantém as promessas que lhes fez durante a época de eleição, e vocês são idiotas o suficiente para continuarem a se identificar com esse partido, vocês não são apenas estúpidos, são traidores de sua raça”.

Antes disso, em 1916, W. E. B. Du Bois, fundador da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People/Associação Nacional para o Avanço da População Negra)  -  a maior instituição de luta pelos direitos civis dos negros americanos  -  e o primeiro negro a graduar-se doutor em Harvard (1895), já demonstrava o seu desapontamento com o presidente Woodrow Wilson, o proto-fascista do Partido Democrata que, tendo garantido o apoio da população negra em sua primeira eleição, sob vagas promessas em favor dos direitos civis, a abandonou aos horrores das leis Jim Crow e promoveu uma verdadeira sangria segregacionista nos serviços públicos federais  -  que eram integrados desde o fim da Guerra Civil.

Mas a decepção com o American Dream, que (aparentemente) nunca chegava para os negros, e, sobretudo, o recrudescimento das Leis Jim Crow e dos linchamentos, fizeram com que personalidades como Du Bois  -  inicialmente um conservador que lutou arduamente pelo progresso intelectual dos negros dentro da tradição ocidental  -  bandeassem pateticamente para o lado de seu pior inimigo: o Partido Democrata  -  criador da Ku Klux Klan e das próprias Leis Jim Crow. Outros fatores decisivos para a migração do eleitorado negro para o Partido Democrata foram: a reeleição de Harry Truman, em 1948, com seu discurso a favor dos Direitos Civis; e, no final dos anos 1960, a influência do pastor Jesse Jackson, que se tornou o líder mais importante dos negros americanos após a morte de Martin Luther King Jr.. Outros foram ainda mais longe: apoiaram e militaram em favor do Comunismo. Du Bois, por exemplo, visitou a China, de Mao Tsé-Tung, e a União Soviética  -  esta última por 4 vezes! E, desde então, o negro americano mantém uma estranha fidelidade ao Partido Democrata e ao Socialismo.

Como podemos ver, a triste história do negro americano com a esquerda  -  que sempre foi falsamente preocupada com a desigualdade racial/social  -  é antiga, e produziu muitos frutos podres. Dentre estes, o famigerado movimento Black Lives Matter é a bola da vez.

Criado em resposta à absolvição, em 2013, do segurança de ascendência latina George Zimmerman, que matou o jovem negro Trayvon Martin, o movimento é, segundo encontramos em seu website, “enraizado na experiência das pessoas que os EUA insistem ativamente em desumanizar”. Sim, é isto mesmo: o país que elegeu e reelegeu um presidente negro é acusado de desumanizar os negros. Isso não poderia ser levado a sério. Mas é. Esse caso gerou uma narrativa de racismo ridiculamente fabricada por racialistas negros americanos da estirpe do Rev. Al Sharpton (um dos mais ferrenhos propagadores do ódio racial na atualidade).

Numa mistura de movimento revolucionário, vitimismo e segregação racial (com requintes de violência), o Black Lives Matter (BLM) foi criado por três mulheres  -  Alicia Garza, Patrisse Cullors e Opal Tometi  -  com a divulgação da hashtag #BlackLivesMatter, no Twitter, em 2013, a fim de protestar contra a absolvição de Zimmerman. Em 2014, a morte de Michael Brown foi o estopim para o movimento ganhar alcance mundial  -  e a cidade de Brown, Ferguson, ser destruída por protestos violentos.

Os fatos comprovam a pantomima: Brown  -  um jovem de 18 anos, quase 2 metros de altura e 138 kg  -  assaltou uma loja de conveniência. Na saída da loja, ao ser abordado pelo policial Darren Wilson, impediu que este saísse do carro, projetou-se para dentro do veículo pela janela e espancou o policial, tentando tomar-lhe a arma. A arma disparou, feriu a mão de Brown, que tentou fugir. Wilson saiu do carro, Brown se virou e voltou em sua direção; foi só então que Wilson atirou contra Brown e o matou. Obviamente, um caso de legítima defesa. Mas quem liga para os fatos? A narrativa criada pelos vitimistas da esquerda e pela imprensa insiste que Brown fora morto simplesmente por estar andando no meio da rua; ou, nas palavras de Barack Hussein Obama, o ex-presidente: por estar “andando como negro”. Para toda a imprensa, Brown fora apelidado de “Gigante Gentil”, um santo que nunca se tinha metido em uma briga. Tudo invenção. Posteriormente, os controversos casos de Eric Garner, Freddie Gray e, mais recentemente, Alton Sterling e Philando Castile tornaram a narrativa do BLM ainda mais sedutora. Mas há um grande problema aí.

A Realidade, sempre ela!

Diante da crescente onda de protestos violentos contra o que chama de “violência estatal”, o BLM se recusa a admitir  -  apesar de, no site, parecer preocupado com todas as nuances do problema  -  que, nos EUA, mais de 90% dos assassinatos de negros são cometidos por outros negros. E que os negros representam 13% da população americana, mas cometem 50% dos crimes.

De acordo com o FBI, em 2014 os negros foram responsáveis por 2.205 dos 2.451 negros assassinados. Brigas entre gangues estão entre as principais causas. Quem, por exemplo, aqui no Brasil (principalmente quem gosta de RAP), já não ouviu falar em Bloods e Crips, duas gigantescas gangues da Califórnia, famosas por suas relações com os rappers da Costa Oeste  -  dentre estes: 2 Pac, Dr. Dre, Snoopy Dogg e o produtor (e gangster) Suge Knight? E a rivalidade entre Costa Leste e Costa Oeste, pivô da morte de 2 Pac e Notorious BIG? Chicago, cidade reduto do Partido Democrata e de Obama, mesmo possuindo leis severas para controle de armas, amarga índices alarmantes de crimes e assassinatos. Em julho deste ano [em 2016], já bateu a marca de 2.005 vítimas de violência (319 assassinatos); mais de 60% relacionados a gangues. Chicago tem aproximadamente 60 facções, com mais de 100.000 membros no total. Em Chicago, os negros somam 35% da população, mas cometem 76% dos homicídios.

E foi na mesma Chicago que, em novembro de 2015, o garotinho Tyshawn Lee, de 9 anos, foi assassinado por membros de uma gangue em retaliação contra seu pai, membro de uma gangue rival. A esse respeito não ouvimos ou lemos uma palavra do BLM. Até o diretor Spike Lee, famoso por seus filmes com temática negra, obamista convicto que, na última eleição, apoiou o comunista Bernie Sanders, disse, em entrevista: “Não foi um policial que matou Tyshawn Lee […]. Não podemos ignorar que estamos matando uns aos outros também”. Lee filmou recentemente uma sátira, Chi-Raq (baseada na comédia Lisístrata, de Aristófanes), criticando o alto índice do chamado “Black-on-Black Violence” (violência de negros contra negros) em Chicago. O início do filme é avassalador:

2001 até hoje: 2349 americanos foram mortos na guerra do Afeganistão; 2003 a 2011: 4424 americanos foram mortos na guerra do Iraque; 2001 a 2015: 7356 assassinatos em Chicago. Os homicídios em Chicago, Illinois, superam o número de mortos das forças especiais americanas no Iraque. Mais de 400 crianças em idade escolar foram mortas esse ano. Na semana do 4 de Julho de 2015, dia da independência americana, 55 pessoas foram alvejadas e feridas; 10 morreram, incluindo um garoto de 7 anos. Onde estava a liberdade deles? Onde estava seu direito à vida, à liberdade, e à busca da felicidade?

Apesar de um libelo desarmamentista, o filme de Lee bota o dedo na ferida dos negros americanos.

Ghetto Boys

O fato é que os negros foram incentivados, pela mesma esquerda multiculturalistas que lhe jura amor incondicional, a uma cultura de marginalidade. Curiosamente, de acordo com o economista Thomas Sowell, aquilo que hoje é enaltecido como “cultura negra”  -  incluindo o chamado “Black English”, espécie de dialeto falado entre os negros americanos  -  tem sua origem nos Rednecks [caipira, em tradução livre], os primeiros imigrantes britânicos que chegaram ao sul dos EUA. Sowell diz:

“[…] música animada e dança, um estilo de oratória religiosa marcada pela retórica estridente, emoções desenfreadas e estética extravagante. Tudo isso se tornaria parte do legado cultural dos negros, que viveram durante séculos no meio da cultura caipira do Sul. […] Muitos entre os intelectuais retratam a cultura negra redneck de hoje como a única cultura negra “autêntica”, e até mesmo a glorificam. Eles denunciam qualquer crítica ao estilo de vida do gueto ou qualquer tentativa de mudá-lo. Os professores pensam não ser apropriado corrigir jovens negros que falam o “Black English”, e ninguém acha certo criticar o estilo de vida de negros rednecks. Nesta cultura, a beligerância é considerada virilidade, e a crueldade, legal (cool), enquanto ser civilizado é considerado “agir como branco”.

A glorificação da marginalidade impede muitos negros de buscarem alternativas. Ser “malandro” é sinônimo de ser respeitado, esperto, sedutor etc. Quando vemos, por exemplo, o senador negro que se tornaria, tempos depois, o presidente dos EUA comportando-se como um redneck no programa da Ellen Degeneres  -  sendo ovacionado por isso –, temos a real dimensão de quão nociva é essa cultura. Quando vemos, no Brasil, programas como Esquenta!, da Globo [extinto, graças a Deus], cuja maior contribuição é reforçar, ao melhor estilo “pagode na laje”, o estereótipo festeiro e esteticamente grosseiro da população periférica; ou, ainda, seriados como Mister Brau  -  estrelado pelos mais novos representantes da negritude vitimista, o casal de atores Thaís Araújo e Lázaro Ramos –, que, mesmo tentando dar um certo protagonismo ao negro, ainda o mantém mergulhado em estereótipos patéticos, notamos que o enaltecimento da “cultura de gueto” não é um problema só dos americanos.

Outro importante fator para o altíssimo índice de violência entre os negros  -  e também completamente desprezado pelo BLM  -  é a grande quantidade de crianças que nascem e vivem sem o pai nos EUA.

Atualmente, 75% das crianças negras dos EUA nascem e vivem sem o pai em casa. Estas têm 5 vezes mais chances de viverem na pobreza e cometerem crimes; 9 vezes mais chances de abandonarem a escola; e 20 vezes mais chances de serem presos. Um número assustador se compararmos com a década de 1960, quando esse era de 25%. Para Larry Elder, advogado e apresentador do pograma The Larry Elder Show, no rádio, esse é o principal problema da população negra americana. E não culpemos a pobreza, pois como diz Thomas Sowell:

Somos informados de que esses distúrbios são um resultado da pobreza negra e do racismo branco. Mas, na verdade  -  para aqueles que ainda têm algum respeito pelos fatos  -  a pobreza negra era muito maior e o racismo branco era muito pior antes de 1960. Mas o crime violento nos guetos negros era muito menor.

As taxas de homicídio entre homens negros estavam diminuindo  -  repito, diminuindo  -  na década muito lamentada de 1950; porém, subiram muito após os célebres anos de 1960, atingindo mais do que o dobro do que tinham sido anteriormente. A maioria das crianças negras eram criadas em famílias com ambos os pais antes da década de 1960. Mas hoje a grande maioria das crianças negras são criadas em famílias monoparentais.

E em outro importante artigo, de 2013, escreve Sowell:

A taxa de pobreza entre os negros é 36%. A maior taxa é encontrada em famílias chefiadas por mulheres. A taxa de pobreza entre casais negros tem se mantido em um dígito desde 1994, e hoje é de cerca de 8%. A taxa de nascimentos na ilegitimidade, entre os negros, é de 75%, e, em algumas cidades, de 90%. Mas se esse é um legado da escravidão, deve ter pulado várias gerações, porque na década de 1940 os nascimentos entre as solteiras giravam em torno de 14%.
Pois é, caro leitor, é difícil lutar contra os fatos.

Até o rapper Tupac Shakur disse, certa vez, que se tivesse tido um pai por perto, teria adquirido mais disciplina e confiança. Que seu envolvimento com gangues se deu, principalmente, pela falta de um pai que o orientasse.

No Brasil

Cá em nossas plagas foi publicada, recentemente, uma pesquisa que nos aproxima da realidade americana  -  um verdadeiro milagre, uma vez que, em geral, as pesquisas por aqui só servem para reforçar narrativas ideológicas: 2 em cada 3 menores que cometem crimes não têm o pai em casa. Apenas 34% convivem com o pai na mesma residência; e 37% dos entrevistados têm parentes com antecedentes criminais. Ou seja, prevalece a máxima contida na música do Racionais MC’s: “ele se espelha em quem tá mais perto”.

No Brasil, onde abundam estatísticas raciais a respeito das vítimas, mas NUNCA dos criminosos, é curioso encontrar tais dados  -  mesmo que a intenção tenha sido vitimizar os menores criminosos.

E para não dizer que não há dado algum sobre agressores/criminosos adultos, uma dissertação de mestrado sobre violência contra mulheres negras, de 2013, encontrada na internet, informa que 10 das 14 entrevistadas foram agredidas por negros, ou seja, mais de 70%. Revelar a cor dos criminosos  -  e não só das vítimas, como maliciosamente se faz no Brasil  -  mudaria completamente a interpretação dos fatos.

E é exatamente esse ponto que nos liga ao início deste artigo, à citação de Malcolm X e à ideologização do racismo para fins político-ideológicos. Malcolm e muitos outros líderes negros  -  não só dos EUA, mas, por exemplo, na Martinica (Aimé Césaire), em Cuba (Carlos Moore) ou mesmo no Brasil (Abdias do Nascimento) –, perceberam que a causa do negro não tem nada que ver com a esquerda, e que esta só se interessa pelo voto negro, pelo apoio da massa manipulável dos excluídos. Mas isso não é algo fortuito, há uma gênese e uma intenção.

O novo lumpemproletariado

Após a derrocada da idéia estapafúrdia de Marx sobre a Revolução do Proletariado, é de interesse da esquerda contemporânea  -  influenciada, sobretudo, por Antônio Gramsci e Herbert Marcuse  -  que os “marginalizados” (criminosos, proscritos, discriminados, excluídos) sejam a nova classe revolucionária. São manipulados e incentivados à revolta constante, a fim de desestabilizar a sociedade, instaurar o caos e garantir o sucesso de sua intenção primeva (contida, inclusive, nos primeiros escritos de Marx): a destruição da família e da cultura ocidental. Como nos alertava o filósofo Olavo de Carvalho, no início dos anos 1990:

Outro fenômeno que ocorreu no Brasil foi “lumpenização” da esquerda. Hoje em dia, graças a esse tipo de bandeira, que se sobrepõe muito a qualquer bandeira de ordem econômica ou até à idéia de socialismo, o conceito de povo que a esquerda tem é o lumpemproletariado, ou seja, os bandidos, as prostitutas, os viciados, traficantes, etc. É essa faixa social que a esquerda hoje defende e em nome da qual ela fala. Inclusive do ponto de vista estético. A tendência é cada vez mais a classe média imitar os hábitos do lumpem, se vestir como lumpem, falar como lumpem, etc. Marx estava muito certo quando dizia que o lumpem não é uma força revolucionária, mas certamente é uma força de decomposição. E o que se observa no Brasil é o fenômeno da decomposição: financeira, administrativa, moral, cultural etc. O Brasil é um país que está se desfazendo diante de nós. A corrupção galopante que ninguém consegue deter, a magnífica compra de consciências com a qual se transforma o Supremo Tribunal Federal num escritório do Partido, são apenas sintomas da decomposição moral.

Olavo fala do Brasil, mas essa é uma regra geral. Nas palavras do próprio Herbert Marcuse:

No entanto, sob a base popular conservadora se encontra o substrato dos proscritos e “outsiders”, os explorados e perseguidos de outras raças e outras cores, os desempregados e aqueles que não podem ser empregados. Eles existem fora do processo democrático; sua vida é a necessidade mais imediata e mais real para acabar com às instituições e condições intoleráveis. Assim, a sua oposição é revolucionária mesmo que a sua consciência não seja. Sua oposição atinge o sistema a partir do exterior e, portanto, não é derrotada pelo sistema; É uma força elementar que viola as regras do jogo e, ao fazê-lo, revela-o como um jogo falsificado.

Ou seja, a esquerda contemporânea se apossou de causas que, inicialmente, eram até genuínas  -  movimento pelos direitos civis, sufrágio feminino, discriminação racial/social etc.  -  misturou às suas teses revolucionárias e formou o seu lumpemproletariado, a sociedade de revoltados cujas demandas não precisam e nem devem ser solucionadas, pois a revolta constante é o que importa. Defendendo tais “causas”, tem o seu eleitorado garantido por anos a fio.

Um exemplo de como a manipulação de causas legítimas, aliadas a teorias revolucionárias, trazem prejuízos quase irremediáveis a seus possíveis beneficiários, é a Revolução Sexual da década de 1960. O livro Eros e Civilização (1955), de Herbert Marcuse, foi o grande catalisador do período. Para Marcuse, o prazer era inibido pela opressão imposta pelo trabalho (capitalismo) e pela vida moral burguesa:

Enquanto, fora do privatismo da família, a existência do homem foi principalmente determinada pelo valor de troca dos seus produtos e desempenhos, sua vida no lar e na cama foi impregnada do espírito da lei divina e moral. Supôs-se que a humanidade era um fim em si e nunca um simples meio; mas essa ideologia era efetiva mais nas funções privadas do que nas sociais dos indivíduos; mais na esfera da satisfação libidinal do que na do trabalho. A força plena da moralidade civilizada foi mobilizada contra o uso do corpo como mero objeto, meio, instrumento de prazer; tal coisificação era tabu e manteve-se como infeliz privilégio de prostitutas, degenerados e pervertidos. .

Mas sua proposta é a destruição dessa repressão, na busca por uma sociedade não-patriarcal e não-opressora  -  ou seja, mais “livre”:

Com o aparecimento de um princípio de realidade não-repressivo, com a abolição da mais-repressão requerida pelo princípio de desempenho, esse processo seria invertido. Nas relações sociais, a coisificação reduzir-se-ia à medida que a divisão do trabalho se reorientasse para a gratificação de necessidades individuais desenvolvendo-se livremente; ao passo que, na esfera das relações libidinais, o tabu sobre a coisificação do corpo seria atenuado. Tendo deixado de ser usado como instrumento de trabalho em tempo integral, o corpo seria ressexualizado. A regressão envolvida nessa propagação da libido manifestar-se-ia, primeiro, numa reativação de todas as zonas erotogênicas e, conseqüentemente, numa ressurgência da sexualidade polimórfica pré-genital e num declínio da supremacia genital. Todo o corpo se converteria em objeto de catexe, uma coisa a ser desfrutada um instrumento de prazer. Essa mudança no valor e extensão das relações libidinais levaria a uma desintegração das instituições em que foram organizadas as relações privadas interpessoais, particularmente a família monogâmica e patriarcal .

Porém, o tiro saiu pela culatra. A liberação sexual piorou (e muito) a vida das mulheres. De acordo com o psiquiatra Theodore Dalrymple:

Os profetas dessa revolução desejavam esvaziar do relacionamento entre os sexos todo o significado moral e destruir os costumes e as instituições que o regiam. […] O programa dos revolucionários sexuais foi mais ou menos executado, especialmente nas classes mais baixas da sociedade, no entanto, os resultados foram imensamente diferentes do que fora previsto de maneira tão estúpida. A revolução foi a pique na rocha da realidade inconfessa: de que as mulheres são mais vulneráveis à violência que os homens exclusivamente em virtude da biologia, e que o desejo da posse sexual exclusiva do parceiro continuou tão forte quanto antes. Esse desejo é incompatível, é claro, com o desejo igualmente poderoso  -  eterno nos sentimentos humanos, mas até agora controlado por inibições sociais e legais  -  de total liberdade sexual. Por conta dessas realidades biológicas e psicológicas, os frutos da revolução sexual não foram o admirável mundo novo de felicidade humana, mas, ao contrário, um enorme aumento da violência entre os sexos por razões prontamente compreensíveis .

O fruto da farsa

Nos EUA, Barack Hussein Obama prometeu um governo para todos os americanos, mas, além de quebrar muitas de suas promessas, só fez dividi-los; recentemente disse que o racismo está no DNA americano. De novo: o país que elegeu e reelegeu um presidente negro tem o DNA racista (?). E o Black Lives Matter, um movimento que se julga tão autônomo, foi disputado, descaradamente, na corrida presidencial de 2016, pelos socialistas Hillary Clinton e Bernie Sanders. Por que? Porque a pseudo-causa do BLM pertence aos socialistas. E mesmo que o BLM rejeite suas investidas, a pseudo-causa ainda lhes pertence, e eles não desistirão. Ainda assim, mais de 80% dos negros americanos são eleitores do Partido Democrata.

No Brasil, o “governo para os pobres” do PT fez a miséria aumentar em 10%. E mesmo mudando os cálculos para transformar em classe média quem ganha R$ 300/mês, a promessa de eliminar a miséria em 2016 falhou completamente. Por outro lado, durante os governos Lula e Dilma, os bancos lucraram 850%. Ainda assim, mais de 50% dos eleitores do PT são pobres.

E dessa forma a esquerda faz dos negros, dos pobres, das mulheres, dos homossexuais e de toda a sorte de excluídos e marginalizados, o seu lumpemproletariado, garantindo sua hegemonia. Por isso, para o bem da sociedade, movimentos como Black Lives Matter  -  ou, aqui no Brasil, o Sistema de Cotas Raciais  -  precisam ser desmascarados.


terça-feira, 15 de agosto de 2017

Réquiem para um ladrão - Dilma Rousseff

A PERDA DE UM COMPANHEIRO

“O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas.”
(Guimarães Rosa)

Perdi hoje um parceiro de uma vida.

Carlos Araújo foi um bravo lutador.

Foi um bravo lutador no enfrentamento da ditadura militar, que não conseguiu destruir nem sua força vital, nem seu caráter, nem sua coragem.

Foi um bravo lutador no esforço pela reconstrução do trabalhismo no Brasil, missão à qual ele e muitos companheiros se dedicaram.

Carlos Araújo amou a vida, e lutou por ela, tanto quanto lutou por uma vida melhor para todos.

Morreu ontem, mas viverá para sempre: em sua família, em sua companheira Ana, em seus filhos Leandro e Rodrigo, em nossa filha, Paula, em nossos netos, Gabriel e Guilherme, nos muitos amigos que fez e nos muitos admiradores que conquistou.

Viverá nas nossas fortes lembranças do esforço comum pela sobrevivência, das lutas que travamos lado a lado, dos sacrifícios e das dificuldades pelas quais passamos, e também das conquistas que alcançamos juntos.

Aprendi com ele. E agradeço a oportunidade de tê-lo conhecido e de ter convivido tantos anos com um ser humano tão generoso, afetuoso e correto.

O mundo nos impôs desafios que tivemos de vencer. Enfrentamos percalços que poderiam ter nos destruído. Mas vencemos muitas dessas dificuldades, uma a uma.

Em qualquer circunstância, sempre pude contar com ele, com sua inteligência, com sua capacidade e com sua força.

Vai fazer falta aos nossos netos, fará falta à nossa filha, fará falta a todos que o amam e que o amaram, e fará muita falta a mim.

E é para honrá-lo e prestar-lhe tributo que continuarei lutando por um mundo melhor, por um Brasil mais justo e pela emancipação do povo do meu país.

Exaltarei sempre a sua coragem, enaltecerei sempre a sua bravura e a grandeza com que lutou sempre por seus ideais. Não cedeu, não se deixou vergar. Partiu, ontem, como viveu toda uma vida: digno, altivo, sereno, amoroso, amigo e parceiro.

Carlos Araújo viveu visceralmente e brilhou intensamente.

Agradeço por sua existência e por ter feito parte da minha vida. Carlos encantou a todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo.


DILMA ROUSSEFF

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Os charlatões e Charlottesville

Ana Paula Henkel

A manifestação ocorrida em Charlottesville neste fim de semana é inaceitável. Ponto. Sem “mas”.  Até a liberdade de expressão, como qualquer outra liberdade, tem seus limites morais.

A América é uma nação de imigrantes. Atesto e dou fé que este é o país mais acolhedor do planeta e cheio de oportunidades. A América é o “melting pot” formado por índios, negros, brancos, asiáticos e hispânicos. A América é dos Democratas, dos Republicanos e dos Independentes de todas as origens, etnias e credos. Manifestações marginais e nada representativas do pensamento do povo americano como as ocorridas em Charlottesville chamam atenção exatamente pelo surrealismo.

É preciso deixar claro que a intolerância e o preconceito não possuem cores ideológicas de origem. A tentativa partidária e intelectualmente desonesta de jogar o nazismo (ou nacional-socialismo) no colo da “esquerda” ou da “direita”, seja lá o que se entenda hoje em dia por esses termos da Revolução Francesa, joga mais fumaça que luz no debate.

Não é de hoje que existe uma leniência perigosa de parte das elites urbanas “progressistas” com movimentos violentos e divisionistas como o Black Lives Matter (BLM). O site da organização se descreve como “uma intervenção ideológica e política em um mundo onde vidas negras são sistematicamente e intencionalmente tiradas.” A “guerra” do BLM contra toda e qualquer instituição policial no país é declarada e assumida, com passeatas pelas principais cidades americanas gritando “Porcos (policiais) enrolados, fritem todos como bacon.”

O ex-presidente Barack Obama, de triste memória, mostrou durante sua administração ser um apoiador do BLM, convidando seus líderes para a Casa Branca mesmo depois que policiais foram assassinados aleatoriamente nas ruas, inclusive negros, em atos terroristas e que nunca tiveram a devida condenação do governo passado. O BLM não é, diga-se, representativo do pensamento majoritário dos negros americanos.

Donald Trump condenou a violência de “todos os lados”. A imprensa mais partidária (perdoem a redundância) evidentemente criticou, previsível que é. Os que apostam em mais divisão da sociedade realmente têm motivos para reclamar. Não tenho qualquer simpatia pelo bufão laranja da Casa Branca, mas o tom para quem quer pacificar a sociedade é este. Não existe “violência do bem”.

Tão intelectualmente desonesto quanto carimbar qualquer negro do país como um apoiador do BLM é querer tatuar “nazista” na testa dos brancos americanos, uma narrativa de extrema-esquerda que lamentavelmente impregnou parte da cobertura sobre as manifestações em Charlottesville. É usar um episódio nascido no ódio para criar mais ódio.

Muitas análises recorrem até ao revisionismo histórico, apagando as ligações históricas inegáveis do racismo político e da Ku Klux Klan com o Partido Democrata. A KKK era uma milícia nascida no partido que fez uma guerra civil para combater o abolicionismo do republicano Abraham Lincoln. O racismo tem suas raízes no coletivismo e na eugenia, duas perversões ideológicas opostas ao liberalismo clássico defendido pelo Partido Republicano. A defesa irrestrita da Primeira Emenda é perfeitamente compatível com o debate moral sobre como a liberdade de expressão é usada caso a caso.

Micah Johnson, o atirador negro de Dallas que disse querer “matar pessoas brancas, especialmente policiais” em nome do Black Lives Matter, tinha uma página em uma rede social que pregava a supremacia negra.  Johnson é a triste imagem espelhada de Dylan Roof, o branco nacionalista que matou nove negros numa igreja em Charleston, na Carolina do Sul, no ano passado. Eles são duas faces da mesma moeda de intolerância que não cabem no país da liberdade e da oportunidade para todos.

Na Segunda Guerra, esquerda e direita se juntaram para combater o nacional-socialismo e o fascismo. Se tivessem optado por brigar entre si em vez de focarem nas potências do Eixo, poderíamos ter hoje um mundo bem pior. Não podemos deixar que esta geração caia nas armadilhas ideológicas que Churchill e Roosevelt conseguiram escapar para vencer o inimigo comum.


sábado, 12 de agosto de 2017

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Herdeira do Credit Suisse, com peninha, presenteia o apedeuta com R$ 500 mil

Adriano De Aquino

Já vi de tudo!

Mas, essa notícia abriu uma gaveta enferrujada no arquivo da impostura.

Roberta Luchsinger, loura, 32 anos, herdeira da família que fundou o banco Credit Suisse deu início a duas campanhas.

A primeira é arrecadar recursos para ajudar o Lula a sobreviver depois que Moro bloqueou os quase 10 milhões de reais que o pobre coitado tinha em aplicações na Brasil Previ. Os rendimentos acumulativos do ex-presidente rendiam e continuam rendendo só 70 mil reais por mês. Quase o mesmo montante que a milionária recebia mensalmente de mesada do avô, banqueiro suíço.

Para confirmar sua disposição de salvar o ex-presidente da miséria, a herdeira juntou uns badulaques em ouro maciço, pedras preciosas, uma parte em papel moeda e o ultimo cheque 28 mil francos suíços (cerca de R$ 91 mil) da mesada que recebia do avô morto em 8 de julho, aos 92 anos (sniff) totalizando 500 mil reais. Com essa tralha reunida fez a primeira doação pessoal ao petista, inaugurando a campanha ‘Ajude a salvar o Lula.’

A obnubilada acredita piamente que os petistas repetirão a mesma generosidade doando parte do que roubaram enquanto estiveram no poder.

A segunda campanha é mais complicada. Porém, como em política tudo se vende e se compra, a milionária não se abala. Tem grana suficiente para comprar os que possam discordar da sua candidatura à deputada estadual pelo PCdoB na eleição de 2018.

Creio que a maior resistência no âmbito do PC do B virá das candidatas do partido. Sendo mais loira que a Vanessa Grazziotin é possível que encontre dificuldades em obter a legenda. Mas nada que o amigo Lula não possa resolver. Ele tem um jeitão especial para lidar com mulheres do “grelo duro”.


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Assim até eu sou cineasta!

Vejam a quantidade absurda de produtores e patrocinadores de Budapeste. Deu 1:15 minuto na introdução só para exibi-los.

Registrando que entre estes estamos todos nós, que entramos com a parte do leão, além dos otários espontaneamente bitributados ao pagar pelos ingressos para assistir a essa josta.


terça-feira, 8 de agosto de 2017

O inofensivo Bolsonaro

Carlos Andreazza

Houvesse uma direita no Brasil, e ele seria nota de rodapé exótica na história. É produto da doença política brasileira

Jair Bolsonaro é candidato a presidente, tem cerca de 15% nas pesquisas e vem de alugar um partido para concorrer. Nunca, porém, geriu algo que não a vida dos filhos. Precisa, pois, ser tratado seriamente. Cabe ao jornalismo tirá-lo da bolha tuiteira em que alguém como ele pode ser considerado solução para o Brasil e lhe franquear microfones para que fale o que pensa sobre o país.

Urge ouvi-lo sobre o tamanho do Estado, sobre reformas, sobre economia em geral — suas opiniões conhecidas a respeito precisam de decodificação antes de poderem ser tidas por alarmantes. Urge ouvi-lo sobre segurança pública, assunto que — com razão — define (é o único a fazê-lo) como prioridade e que seu militarismo sugere ser sua especialidade. Será?

É hora de investigar suas aptidões — excluída a capacidade, comprovada, de se autopromover como zelador dos costumes conservadores do brasileiro médio.

Deputado federal desde 1991, mas que já defendeu o fechamento do Congresso, quer ser presidente (já postulou o fuzilamento de um, FHC, por ter privatizado a Vale) empunhando as mesmas bandeiras — de natureza legislativa — que agita há décadas, o que de prático só resultou em fama para o agitador. Ou a agenda progressista não terá avançado livremente na Câmara justo no período mais histérico de Bolsonaro?

Não tendo, pois, conseguido defender a tradicional família brasileira no Parlamento, o lugar apropriado (onde, no entanto, acabou ingenuamente emboscado pelo vitimismo de Maria do Rosário), ele agora pretende levar sua causa ao Executivo, lá onde nada poderia fazer a respeito — senão por meio de uma ditadura. Como não lembrar, a propósito, que já elogiou Fujimori por intervir militarmente no Judiciário e no Legislativo peruanos?

Que eu escreva o óbvio: houvesse uma direita no Brasil, e Bolsonaro seria nota de rodapé exótica na história. Ele é produto da doença política brasileira, indivíduo cujo protagonismo é tão decorrente da miséria cultural em que se constitui a vida pública entre nós quanto simbólico de um país que se deixou cuspir aos extremos sem haver cevado o equilíbrio, o dissenso, a própria matéria com a qual se esculpe uma nação.

Que o militarista estatista Bolsonaro seja confundido com um conservador é prova de que a esquerda venceu. Que alguém com o histórico de indisciplina — de desafio à hierarquia — militar de Bolsonaro, um oficial de carreira sofrível, seja tomado por voz das Forças Armadas é simbólico das três décadas de sucateamento a que Exército, Marinha e Aeronáutica foram impostos desde o fim do regime militar.

O autocrata Bolsonaro é obra-prima do plano de hegemonia esquerdista, aquele que, ao ocupar todos os espaços de produção-divulgação do pensamento, empastelou a chance de que aqui houvesse um partido conservador ao menos. O fato de o PSDB ser considerado de direita é autoexplicativo do modo como as ideias liberais e conservadoras foram excluídas do debate público brasileiro, deformadas a uma única existência — aceitável porque útil: a do extremo.

Bolsonaro é útil. Mas não inocente. Depende da inexistência da direita no Brasil tanto quanto da demonização da política. Construiu a própria mitologia nesse vácuo democrático. Num país desprovido de representação conservadora, aceitou a ponta que seria dada a qualquer um que não se constrangesse em encenar o papel de extremista escrito pela narrativa da esquerda. Ele topou; intuiu que, sobretudo a partir da ascensão do PT, haveria cristãos dispostos a embarcar na conversa do político que incorporasse o antipetismo. Ele cresceu — cresce — com Lula. Lula torce para tê-lo como adversário. Um olhar de Geisel para a nação, aliás, une-os.

Da mesma forma que o PSDB é a direita falsificada pelo establishment, a que faz o contraponto ao PT, a esquerda que disputa o poder, Bolsonaro é a direita consentida, a extrema, o radical desejado, necessário ao status quo, o ultrainofensivo, que interdita o surgimento de uma direita democrática e que legitima a persistência da esquerda que ainda ousa associar socialismo e liberdade.

Na última quarta, ele votou pela aceitação da denúncia contra Temer. Sintomaticamente, votou como Jandira Feghali e Jean Wyllys. Não houve cusparada dessa vez. Nem discurso. Bolsonaro não homenageou o torturador Ustra nem o ex-deputado Cunha — como quando da votação do impeachment de Dilma. Naquela ocasião, ele também se manifestara pelo afastamento de um presidente.

Bolsonaro é assim. Não tem bandido de estimação, embora tenha permanecido por dez anos no mensaleiro PP. Ele é plano, direto: contra a corrupção; tipo intolerante a nuances, como só possível a um ser desprovido de lastro intelectual, incapaz de compreender sequer rudimentarmente o momento histórico.

Como todos aqueles erigidos no barro do personalismo, é refém da vontade sanguínea dos que o idolatram, daí porque ora atado à camisa de força do jacobinismo em curso — que a todos iguala com método, como se entre os políticos criminosos não houvesse aqueles, maiores, que assaltaram o Estado em prol de um projeto autoritário de poder.

Como todo inflexível em causa própria, ele só transige — pulando de PP em PSC, de PSC em PEN — se para cultivar a mitologia sobre si. O partido sou eu — dirá. O honesto sou eu — diz. Logo: e daí que seu voto seja presente aos esquerdistas que propagandeia combater? É o preço que paga todo arrivista. E ele sempre poderá se escudar na canalhice segundo a qual votou como Jandira e Jean, mas por motivos diversos.

É assim, com pureza, com distinção, que um mito presta serviço ao PT.