Estadão
Suíça contradiz Romário: falsificação de extrato não foi
investigada
O Ministério Público de Genebra arquivou o caso relacionado
a uma suposta falsificação de extrato bancário em nome do senador Romário Faria
(PSB-RJ). Porta-vozes da instituição explicaram ao Estado que não houve nem
haverá investigação sob a justificativa de que, se o extrato publicado na
imprensa brasileira foi de fato falsificado, esse crime teria ocorrido no
Brasil e a apuração não seria de responsabilidade das autoridades suíças. O
posicionamento do Ministério Público de Genebra contradiz o senador e
ex-atacante, que na semana passada divulgou post no Facebook afirmando que “autoridades
brasileiras e suíças” haviam esclarecido o caso.
Em julho, a revista Veja publicou reportagem na qual
atribuía a Romário uma conta de R$ 7,5 milhões no banco BSI, em Genebra, que
não constava de sua declaração de bens à Justiça Eleitoral. O senador contestou
a reportagem, alegando tratar-se de um extrato bancário falso, e a revista se
desculpou, reconhecendo o erro.
Na semana passada, veio a público gravação feita por
Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, na qual o
advogado Edson Ribeiro diz ao senador Delcídio Amaral (PT-MS) que Romário teria
dinheiro depositado na Suíça, mas foi orientado a tirá-lo para não “ser preso”
– Ribeiro e Delcídio foram presos no mesmo dia, sob acusação de prejudicarem a
Operação Lava Jato.
Após a divulgação do áudio, Romário fez um post no Facebook
ilustrado pela frase “Só para esclarecer…”, no qual afirma: “O advogado levanta
suspeita sobre um assunto que já foi esclarecido por mim e pelas autoridades
brasileiras e suíças. Aqueles que novamente fazem acusações inverídicas claro
que responderão à Justiça. Qual a credibilidade do advogado de um bandido, corrupto
e responsável por roubar uma das principais empresas do país?” E reiterou o que
havia dito na época da reportagem de Veja: “Infelizmente, o dinheiro não é meu.
Digo infelizmente porque, com certeza, se fosse meu, seria fruto de muito
trabalho honesto”.
O senador foi procurado pela reportagem do Estado, mas a
assessoria de Romário não comentou o caso, pois não estava conseguindo contatar
o parlamentar.
No fim da semana passada, Romário protocolou um pedido para
que a Procuradoria-Geral da República provocasse o Ministério Público suíço a
investigar o caso. Em Genebra, o Ministério Público Suíço informou que o BSI
enviou uma queixa formal de que um extrato em nome do banco foi usado na
impresa brasileira e insistiu que o documento era “falso”. Mas nega que o caso
tenha sido “esclarecido”. Os procuradores confirmaram ao Estado que a
investigação nem sequer foi aberta, já que a Justiça se recusou a aceitar a
queixa. “O caso não foi tratado em sua substância, já que se concluiu que ele
era não recebível”, indicou a assessoria de Comunicação do MP de Genebra.
Em carta datada de 5 de agosto aos advogados contratados por
Romário em Genebra, o banco BSI informou que abriu uma “queixa penal na
Procuradoria-Geral de Genebra no dia 4 de agosto de 2015”. Na queixa penal “contra
um desconhecido “ e endereçada ao procurador Olivier Jornot, o banco apontava
que a instituição financeira “pode estabelecer com certeza que o extrato da
conta é falso e que o sr. Romário de Souza Faria não é, portanto, titular de
dita conta em nosso banco na Suíça”. A instituição financeira considerava que
os atos “constituem diversos delitos penais graves, em especial a falsificação
de documentos”. “Diante dos fatos, o BSI solicita a abertura imediata de um
processo penal”, diz a carta.
O banco ainda insistiu na carta que o extrato de uma suposta
conta do senador Romário (PSB-RJ) era “falso” e que o ex-jogador “não é o
titular dessa conta”. O BSI não informou, porém, se Romário já foi cliente do
banco ou se foi titular de alguma outra conta sob sua custódia.
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