“Mediante tal reconhecimento que formalize através de
instrumentos legais o seu necessário e tardio pedido de desculpas. A recusa do
Estado em se curvar a tais providências continuará a transmitir uma ideia de
franca e consciente cumplicidade com aqueles fatos do passado de repercussões
tão similares ainda nos nossos dias.”
“Se houve algum colorido a ser identificado nessas páginas
era o vermelho do sangue, que cobria a pele preta daquela gente africana. Se
havia algum som que pudesse ser audível, era o grito de dor de quem era
submetido a torturas tão cruéis. Se há fato abominável ocultado dos livros
didáticos e dos manuais de história de todos os níveis de ensino, é que o
Império do Brasil cobrava taxas com natureza eminentemente tributárias para
praticar a tortura em corpos africanos. Pretendemos com esse Relatório que o
Estado brasileiro desça de seu pedestal de arrogância e reconheça de forma
pública e oficial que praticou tais crimes.”
“A extensão dessas práticas criminosas configuravam
genocídio e crimes contra a humanidade. Aproximadamente um século e três
décadas após a Lei Áurea a sociedade brasileira fez o seu ingresso na pós
modernidade, mas vive atormentada ainda pelos fantasmas da escravidão. O mito
da escravidão legal e cordial foi sucedida pelo ainda existente mito da
democracia racial. A cortina de fumaça em que consiste essa mitologização não
afastou e não desligou a sociedade brasileira pós moderna de seu passado
escravista.”
“Como justificativa a Igreja representava o argumento, que
apesar de terem os seus corpos escravizados, os negros teriam as suas almas
salvas, uma vez que desde o início foi obrigatório o batismo de cada vítima do
tráfico negreiro. Batismo efetivado mediante uma taxa que por sua natureza
imperativa tratava-se de um tributo, temos nesse caso o crime de homicídio,
portanto consubstanciado em matar membros do grupo, praticado pela Monarquia
Portuguesa, através de seus prepostos, em associação com a Igreja Católica, que
lhe deu suporte normativo e justificativa filosófica e religiosa.”
Estes são trechos do cartapácio de 316 páginas que uma tal Comissão
Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Brasil que será apresentado hoje na
Ordem dos Advogados do Brasil de Brasília que, entre outras coisas, exige um
pedido formal de desculpas com reconhecimento em decreto presidencial do envolvimento
oficial do governo brasileiro no crime de escravidão, que, segundo eles, é
imprescritível. Segundo o relator do texto, o procurador do Trabalho Wilson
Prudente, certamente um luminar, recomenda que o Estado brasileiro desça de seu
“pedestal de arrogância” e reconheça que cometeu esses crimes contra os negros.
Prudente concluiu que o Império do Brasil, o Reino de
Portugal e a Igreja Católica incorreram em práticas criminosas contra os negros
e em tipos penais como genocídio e crimes contra a humanidade, além de sugerir
que o Vaticano e “em particular o Papa Francisco” se redimam “do silêncio
cúmplice, que até hoje a Santa Igreja tem ostentado em relação ao tráfico
negreiro, no qual a Igreja de Roma se envolveu de corpo e alma”.
O relatório, uma iniciativa da OAB, propõe, na
impossibilidade de um decreto, que o governo Dilma Rousseff, envie ao Congresso
Nacional um projeto de lei reconhecendo o envolvimento do Estado brasileiro na
escravidão. O relatório é apresentado como “um documento que está reescrevendo
algumas das páginas mais horripilantes da História do país”.
O tempora! O mores! Sugiro à OAB, que perdeu a noção do
ridículo, definitivamente, exija as desculpas oficiais do governo Português e também
dos descendentes dos sobas das centenas de tribos africanas que aprisionavam “inimigos”
para vendê-los aos traficantes portugueses que lá aportavam. Se é por falta do
que fazer, garanto que a Ordem vai arranjar serviço por muito tempo.
(argento) ... noutro dia estava deitado, observando flutuarem no céu, borboletas, bois, carneiros cavalos alados, unicórnios, dragões ... maldito ar que respiro, assasssino de criaturas flutuantes!!! ...
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