A catilinária de Reinaldo Azevedo

Já falei hoje, en passent, na postagem “Só no Brasil...”, sobre a defesa inconsequente de Cunha feita pela maioria dos ditos “especialistas em política, mas Reinaldo Azevedo anda abusando do direito de ser faccioso.

Diz ele hoje que ao escolher “Catilinárias” como nome da nova fase da operação, “é evidente que a Lava Jato deixa claro que o alvo principal é Eduardo Cunha” e que “há aí uma apreciação crítica do trabalho do deputado”.

Em primeiro lugar, e se for? Por acaso o cara é digno de alguma consideração por protagonizar o mais vergonhoso caso de apego ao poder pelo poder da história do Congresso? Depois, ele convenientemente se “esquece” que os outros dezesseis alvos da PF na operação também são “Catilinas” - ministros, senadores, deputados, prefeitos -, políticos como o senador romano Lúcio Sérgio Catilina, que serviu de inspiração a Cícero e à PF, pelo seu populismo, apego ao poder e desonestidade.

Aí Reinaldo me vem com essa: “Cunha está mais para Cícero do que para Catilina. Cícero era um conservador brilhante e um inimigo, para colocar em termos contemporâneos, de populistas à moda Catilina, que vivia vociferando contra os ricos, contra, ora vejam, a ‘Dona Zelite’. E que partiu para a luta armada.”

Desde quando Cunha é brilhante? Só se for em pilantragem! Aliás, deve ser a isso mesmo que Reinaldo se refere, pois Cícero, se não participou do complô para matar Cesar, confessou por escrito que gostaria de ter participado.

E Reinaldo termina afirmando que quem está mais para Catilina na política brasileira é Guilherme Boulos. Já eu não acredito que Catilina fosse tão idiota.