terça-feira, 6 de maio de 2014

Um golaço da oposição

Trecho final do artigo de Reinaldo Azevedo hoje, “José Serra, vice de Aécio Neves: será que isso é possível?”

Assino embaixo.

Aécio Neves tem conseguido dar corpo e musculatura à sua candidatura. É, inequivocamente, um homem de oposição — uma tarefa que tem se mostrado ingrata e difícil no país, dada a presença do estado na economia e do governo na vida das pessoas. O oficialismo é onipresente na imprensa até por força inercial, e a mensagem dos que divergem chega com muita dificuldade ao público. Serra é mais conhecido nacionalmente, por enquanto ao menos, do que o senador mineiro e tem, é óbvio, mais presença em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.

Incluo-me entre aqueles que, como analista mesmo, não como torcedor — embora todos saibam que eu jamais votaria em Dilma —, avaliam que o momento é bom para as oposições, em especial para a candidatura do PSDB. É fato, no entanto, que é preciso avançar, mudar de estágio, e um Serra vice me parece que seria uma solução inteligente. Aécio evidenciaria ainda que foi capaz de unir o partido, acabando com uma quase fratura histórica.

Mas solução não pode ser problema. Em lugar de Serra, eu não moveria uma palha para que isso acontecesse. Em lugar de Aécio, eu faria o convite na hora adequada. Essa solução só é possível se for, de fato, consensual — ou se eventuais arestas forem aparadas no mais absoluto silêncio. Se for preciso quebrar uma única lança, mínima que seja, então não vale a pena. Porque aí o ativo vira matéria de rixa política e de questões menores. O PSDB precisa querer.

“Ah, mas se Aécio tivesse topado ser vice de Serra em 2010…” Em política e em história, não existe “se”. Existe o fato. O fato é que as circunstâncias, hoje, conspiram a favor de uma candidatura de oposição — realmente de oposição — e que a união entre Aécio e Serra é uma resposta com a qual muita gente conta e há muito tempo. Mas reitero: tem de ser uma operação suave, que torne tudo mais fácil e mais agradável, como quando se harmoniza uma música. Se for para produzir dissonâncias, convenham: ninguém, muito menos o país, precisa disso. E, claro, encerro com o óbvio: para que ocorra, Aécio precisa querer Serra como vice, e Serra precisa querer ser vice de Aécio. O bom é que ambos são livres para escolher e que ninguém está obrigado a nada, nem pelas circunstâncias.

Mas que seria um golaço da oposição, isso seria.

5 comentários:

  1. Se eu entendi direito, trata-se de especulação que eu considero inoportuna. A oposição está conseguindo bons resultados com o Serra no seu canto e com o Aécio mostrando muita atividade. Antes de me posicionar sobre o Serra como vice, gostaria de saber como anda a rejeição ao Serra, pois transferir rejeição é muito mais fácil que transferir simpatia.

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    1. Como bem frisou o Reinaldo:

      Em lugar de Aécio, eu faria o convite na hora adequada. Essa solução só é possível se for, de fato, consensual — ou se eventuais arestas forem aparadas no mais absoluto silêncio. Se for preciso quebrar uma única lança, mínima que seja, então não vale a pena. Porque aí o ativo vira matéria de rixa política e de questões menores. O PSDB precisa querer.

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    2. No lugar de Aécio ele faria o convite na hora adequada, que eu imagino (com base no texto) ser depois que houver um consenso, que eu imagino (com base na lógica) que necessite do convite para descobrir se haverá ou não consenso.
      No lugar de Tio Rei, o Reinaldo Azevedo criou um factoide em hora inadequada, lança uma expectativa de convite onde, se não houver convite haverá o chamado "peido silencioso", todos sentem o cheiro ruim e ninguém pode falar nada. Se houver o convite e a aceitação, poderá não haver consenso e criar problemas, se o Serra não aceitar haverá um problema maior.
      Mas o Reinaldo conseguiu algo mais, se o Serra não for o vice, o Aécio terá que dar explicações sobre uma questão onde qualquer resposta será duvidosa, não houve convite, o convite não foi aceito ou não houve consenso? Se boa intenção fosse um remédio eficiente, não haveria laboratório farmacêutico.

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  2. Como eu suspeitava, Reinaldo Azevedo iniciou a campanha do Serra para vice do Aécio. Nivaldo Cordeiro já se engajou na campanha e manifestou apoio baseando sua opinião na própria opinião.
    https://www.youtube.com/watch?v=dK8Wv-wqFmk
    Informações sobre a aprovação/rejeição do Serra perante o eleitorado parece ser irrelevante para os analistas brasileiros. Não sei qual é a intenção desse grupo, mas é a primeira vez que vejo campanha para pré candidato a vice.

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