- Não é lindo?
- O senhor pode ser processado por isso!
- Ué, por quê?
- Por estar ridicularizando Pablo Capilé!
- Eu?... Como assim?
- Falando de sua aparência...
- Pombas, eu só perguntei se ele não era lindo...
- Então?...
- Então o quê?
- ...Então o senhor está ridicularizando...
- Peraí: eu realmente o acho lindo!
- Isso é brincadeira. Não tripudie!
- Não estou tripudiando! Acho o Pablo Capilé lindo!
- Isso não é possível!
- E por quê? Porque ele tem os lábios grossos?
- É... Sei lá!
- Então o senhor o acha feio?
- Acho...
- Então, se eu o acho lindo e o senhor o acha feio - e confessa -, quem
está ridicularizando quem? Se eu dissesse que a sua mãe é feia o senhor não iria achar ruim?
- Mas o senhor não pode achar Pablo Capilé lindo...
- E por que não?
- Sei lá... Estética, talvez.
- E o senhor gosta da fase cubista de Picasso?
- Por quê?
- Apenas responda.
- Claro que gosto!
- Estética?
- Como?...
- Estética. O senhor acha que o que Picasso pintava tinha
algum senso estético?
- De uma certa forma, sim.
- Então, de uma certa forma, esteticamente o senhor também
poderia considerar Pablo Capilé lindo. Não faz sentido?
- Mas uma pintura é diferente de uma figura real.
- Não em termos de estética. Ela é a mesma para todos os
padrões visuais. Se eu considero o cubismo de Picasso uma maravilha, tenho todo
o direito de não ser criticado por achar Capilé lindo.
- Mas o senhor falou isso com ironia, por não gostar dele
como pessoa.
- Meu caro: eu detesto a Camila Pitanga como pessoa - apenas
para citar um exemplo conhecido -, mas também a acho linda. Isso é ironia?
- É... Quer dizer, não.
- Então, não me venhas de borzeguins ao leito que eu cá não te
recebo!
- Hem?...
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