segunda-feira, 5 de maio de 2014

Samba do afro-religioso doido

Bom, vou dar um pitaquinho sobre o samba do afro-religioso doido do vídeo que o Milton nos mandou (https://www.youtube.com/watch?v=rkE-u78I5kE).

Primeiro, o professor Ivanir dos Santos se enrola ao falar de proselitismo (lá pelos 13 min), que significa apenas e tão somente uma catequese, confundindo-o com uma tentativa de imposição. Proselitismo não agride. Limita-se a ser apenas um “portfolio” de determinado ideal.

A coisa recrudesce quando ele resolve dizer que, embora pregue a democracia, tem militância comunista (lá pelos 24 min), duas coisas que não combinam nem a pau. E mais, que entende o ateísmo justamente por essa formação comunista, mas que é um religioso por questão de ancestralidade. Afinal, o que é mais importante? O que prevalece, já que esse convívio duplo é impraticável?

Depois dessa, a Michelle, uma dos debatedores, disse: “fiquei boiando aqui, deu um tilt”. Não é para menos! Nada faz sentido.

E como é que é ser “religioso por ancestralidade” se a fé é um sentimento particular? Então religião não seria fé, resumindo-se a uma imposição ou influência familiar?

Nem mesmo usando conceitos exclusivamente religiosos dá para aceitar tanta empulhação, que pode até representar as “verdades” desse cidadão, mas que, no caso, levaria à triste conclusão que ele tem sérios problemas mentais. Caso contrário, eu diria que não passa de mais um picareta.

No mais, fico triste e decepcionado, por saber que um cara que escreveu um livro dedicado a desmistificar Alan Kardek, seja adepto de crenças tão bisonhas quanto o espiritismo.

21 comentários:

  1. Não vi o vídeo. Estou assimilando partes do seu conteúdo acompanhando os comentários. As religiões de matriz africana são muito anteriores ao cristianismo e também a todos os outros galhos que nasceram (ou derivaram) da grande árvore Católica Romana. Para entender uma religião de matriz africana é preciso conhecer a África, seus diversos povos, culturas e crenças.
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    Pessoalmente, tenho admiração pelo conceito tradicional africano de UBUNTU. Louw (1998) sugere que o conceito do Ubuntu define um indivíduo em termos de seus relacionamentos com os outros, e enfatiza a importância como um conceito religioso, assentando na máxima Zulu umuntu ngumuntu ngabantu (uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas) que aparentemente parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental. No contexto africano, isso sugere que o indivíduo se caracteriza pela humanidade com seus semelhantes e através da veneração aos seus ancestrais. Assim, aqueles que compartilham do princípio do Ubuntu no decorrer de suas vidas continuarão em união com os vivos após a sua morte.
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    Valorizo também o conceito africano de "propriedade da terra": Cada pai ensina aos filhos que aquela porção de terra (território em que vivem) não pertence a ele mas, está emprestada com ele para cuidar e preservar de forma a poder lega-la aos descendentes (por empréstimo também) para que então os descendentes passem a cuidar dela e, com o mesmo espírito dar continuidade à tradição.
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    Depreendo então, que certos conceitos não cabem em certas culturas ou sistemas. Se, tentarem concatenar ou associar, um dos dois desaparece. No futuro talvez, alguém consiga recolher o que de melhor existe aqui, ali, acolá, além-mar e, montar aquilo que Domenico De Masi está chamando de "novo modelo social" a ser implantado aqui neste planetinha.

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    1. O que eu disse não implica em desvalorização de cultura. Ao me manifestar contra certas práticas, quis me referir apenas aos ritos, como por exemplo a igreja católica ter abandonado a missa em latim em função da compreensão dos fieis, o que não ocorre com algumas religiões que deveriam, mas ainda não fizeram, uma adaptação de suas práticas à sociedade atual.

      Eu mesmo já contestei aqui o roto falando do esfarrapado, ou seja, um judeu falando de sacrifícios de animais pelas religiões afro, quando muitos deles fazem a mesma coisa.

      Não condeno A, B ou C, apenas me bato por uma comunhão entre fé e razão.

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  2. Voce foi corajoso Ricardo e viu o video todo, que canseira. Parabens.



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  3. Não vi. Vi 40 minutos, quando 15 bastariam.

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  4. É surpreendente como o rancor religioso consegue desativar os neurônios das pessoas. Não vou mais tentar explicar que o debate é sobre intolerância religiosa, não é sobre candomblé ou sobre rituais de matriz africana, parece que isso é mais difícil de explicar que a física quântica. Explicar que o professor disse ser perseguição quando é ULTRAPASSADO o limite do proselitismo, é mais difícil que explicar o que havia ante do Big Bang.

    Ser membro do candomblé ou da umbanda não é ser adepto de uma crença, mas não espero que isso seja compreendido por alguém que tenha substituído os neurônios pelo rancor religioso. Crença tão bisonha quanto o espiritismo, é acreditar ser superior aos outros devido a sua própria crença, é exatamente isso que os seguidores do Kardec fazem. Portanto se tem alguém com crença tão bisonha quanto o espiritismo nessa história, não é o autor do livro de desmistifica Allan Kardec.

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    1. Primeiro que eu não tenho “rancor religioso” nenhum, já que eu nunca vivi nenhuma experiência religiosa significativa, nem nunca senti a menor necessidade disso.

      Segundo que eu não falei em candomblé em momento algum. Apenas questionei, criticando, a incompatibilidade entre o ateísmo comunista e a religião.

      Terceiro que ser membro de qualquer religião implica, efetivamente, em ser crente, portanto, membro de uma crença.

      Quarto, quando eu emito as minhas opiniões, não significa acreditar que sou superior a quem quer que seja, tanto que nunca censurei comentário nenhum que me contestasse e, por várias vezes, reconheci meus erros.

      Quinto que não há defesa para quem, em pleno Século XXI, tenha por obrigação religiosa o sacrifício de animais e o emporcalhamento de logradouros públicos.

      Sexto, meus neurônios continuam trabalhando muito bem, obrigado, até porque eles trabalham “full time”, sem dar lugar a estranhas “incorporações” do tipo que obrigam a se fumar charutos fedorentos e beber cachaça da pior qualidade, sem contar que eles são totalmente refratários à ideia de pagar mico em encruzilhadas.

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    2. Tem rancor religioso sim Ricardo, tem rancor contra a religião, isso é rancor religioso, você ter ou não uma religião não faz a menor diferença. Referir-se ao Ivanir como afro-religioso doido não é fazer referencia ao candomblé... seus neurônios estão realmente funcionando.

      Ele FOI militante comunista, assim como Jorge Amado, Fernando Gabeira e muitos outros, você suficientemente inteligente para saber a diferença entre passado e presente, mas até nisso o rancor religioso lhe afetou.

      O candomblé nem mesmo precisa ser considerado uma religião, você considera uma religião e julga que todos os outros devem considerar também. Talvez você não saiba, mas o AA foi considerado juridicamente como religião nos EUA. Não há nada no candomblé que diga que você tem que acreditar em algo, não é baseado em fé, essa ideia de que tem que acreditar vem da convivência com a igreja, acreditar ou deixar de acreditar para candomblé não faz a menor diferença.

      Quando alguém arbitra sobre em que os outros acreditam, não está emitindo opinião, está arbitrando, portanto se autoproclamando superior.

      Ninguém tem obrigação religiosa de sacrificar animais ou emporcalhar locais públicos, isso é outra arbitragem. No candomblé você faz a oferenda se você quiser, ninguém vai pro inferno ou é excomungado se não fizer. A expressão “obrigação” não é no sentido de imposição, é no sentido de que se você fizer deve ser feito conforme previsto no ritual e não de qualquer jeito. As refeições na casa de candomblé também são consideradas obrigações. Portanto se você não tem a intenção de arbitrar sobre o que os outros acreditam, é aconselhável opinar sobre aquilo que eles dizem acreditar e não sobre o que você supõe que eles acreditam.

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    3. Ora, Milton, qual é o sentido que há em desmistificar Kardec e defender uma outra mistificação cuja essência é praticamente a mesma, baseada em incorporações ou coisas que as valham?

      Ivanir pode ser judeu, católico ou qualquer coisa, que não influi no que eu disse. E quanto ao título, “Samba do afro-religioso doido”, ele não se refere à religião e sim ao seu prosélito, que não fala coisa com coisa. De mais a mais ele não diz que “foi” e sim que “é” militante comunista.

      Volto a dizer: não sinto rancor nenhum de qualquer religião, já que o que eu acho ou deixo de achar não se baseia em emoções ou fé, mas sim em razão. E não vou, tampouco, ficar discutindo a etimologia de “rancor”, que não é o caso.

      Como exercício de raciocínio, imagine dez jovens de 15 ou 16 anos hoje, idade bem razoável para se ter uma nocão - ainda que prévia - da vida, virgens de religiões, sendo tentados a se converter ao candomblé com os argumentos que seus catequistas têm a oferecer.

      Para mim, nove entre dez simplesmente dariam gargalhadas, e o único restante certamente iria procurar no Google para se asseverar se o que lhe foi exposto é verdade mesmo ou se o argumentador estava de sacanagem.

      Para você não ficar triste, isso ocorre, cada vez mais amiúde, em todo o mundo e com todas as religiões. De 20 anos para cá, o número de pessoas que não têm religião aumentou barbaramente (16,3% da população mundial), sendo que, no Brasil o grupo aumentou 70% e hoje representa 8% da população brasileira. Se houver alguma pesquisa com jovens - eu não encontrei - vai dar umas cinco vezes isso.

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    4. Ricardo, eu sugeri o vídeo por que o tema é tolerância religiosa, o professor Ivanir coordena um programa nesse sentido, tem ateus e católicos e apoiam o programa, inclusive um pastor presbiteriano que as vezes é hostilizado por causa disso. Surpreendentemente não houve qualquer comentário sobre intolerância religiosa, muito pelo contrário, houve comentário Ad Hominem, Ad Hoc. Proselitismo não significa perseguição, mas perseguição também é utilizada como forma de proselitismo, posso citar fatos históricos. Talvez não houve rancor na intenção, mas houve rancor nos atos.

      Eu não defendo nenhuma mistificação e nem considero o candomblé (ou a umbanda) uma religião. Mas se você considera candomblé (ou umbanda) uma mistificação, então eu gostaria de conhecer os argumentos que sustentam tal afirmação. Foi isso que eu fiz em relação ao Allan Kardec. Quanto aos jovens sendo tentados a se converter ao candomblé, seria realmente motivo de muitas gargalhadas, pois não existe conversão ao candomblé. Eu gostaria muito de conhecer os argumentos dos tais catequistas, pois até o momento nem sabia que existia catequistas no candomblé.

      A quantidade de pessoas sem religião está aumentando, portanto... o que? Quando a URSS acabou houve um aumento monstruoso na quantidade de pessoas procurando religião, qual o valor argumentativo disso? Isso é apelo ao senso comum na sua forma mais ridícula, é o mesmo que afirmar que o senso comum está errado por que o senso comum está mudando.

      Resumindo, estou aguardando os argumentos que sustentam que candomblé é mistificação e os tais argumentos dos catequistas.

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  5. Os sulistas entram em transe através de uma dança lindíssima, aliás, hoje ja não se sabe se entram em transe ou se tudo não passa mesmo de um show arte para turistas, afinal também eles necessitam viver.
    É muito linda a dança e a musica "bizantina", para mim lembra muito a musica bizantina é maravilhosa, há diversas musicas a do video abaixo é lindíssima.
    Uma maneira tao bonita de entrar em transe, pacifica e artística,, ´conforme o sufixo eles entram em contacto com o Deus que existe em cada um de nós e com o universo.
    Por favor não confundir SUFISMO com SALAFISMO que é coisa totalmente outra, os salafitas perseguem os sufistas pela espiritualidade que tentam alcançar e isso já diz muito. Os talibans são salafitas
    O Sufismo pelo que se sabe nasceu no Egito.

    https://www.youtube.com/watch?v=FBqrJ7QlI3I

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    1. O Egito deu um Boot - ver Akenaton - na evolução.

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    2. Não sabemos a causa, mas os egípcios desapareceram, a civilização toda desapareceu, os habitantes do Egito de hoje são árabes.
      O facto do sufismo ter nascidono Egito não significa que exactamente dos faros, não sei muito sobre eles, somente aprecio muito a dança dos dervixes, é algo fantástico e ainda mais quando a musica me transporta a um mundo de lendas, pois é o que transmite.

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    3. O correcto do meu computador esta muito cínico, não é "sulista" e sim sufista *****

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    4. Em um "determinado momentum histórico", tudo "aconteceu" no Egito que o fez Implodir; note-se que o mesmo "fenômeno" "acontece" na India

      ( " no princípio era o verbo ... " - verbo é Ação)

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  6. Uma pergunta se faz necessária: "Quem assistiu o vídeo do Valdemari?" - se acrescenta ou não, se é pertinente ou não, vai depender do Observador e das suas Crenças Pessoais.

    O "tilt" da Michele deu-se a partir da "troca de intimidades" entre o Milton (é um iniciado no candomblé) e o babalaô (outro iniciado), pela reação dela, supõe-se sua total ignorãncia sobre o candomblé

    Outra pergunta: "Quem disse que o comunismo não se deve valer ou não se valha da pregação da democracia?" - se fez, faz, fará ou não Democracia, após a tomada do Poder é outra história.

    "Como é ser religioso por ancestralidade?, um LINK:

    http://www.significados.com.br/karma/

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  7. Ser religioso por ancestralidade é uma expressão um pouco confusa, mas eu entendo que seja o seguinte: o Ivanir é do candomblé por motivos culturais, para preservar a cultura dos ancestrais e não para conquistar uma vaga no céu.

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    1. No caso então, ele é ateu, como se declarou, e o candomblé entra na vida dele apenas como cultura. Mas aí cabe uma pergunta: como é que pode um sujeito não ter fé e ter uma função importante dentro da religião? Isso não configura um embuste?

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    2. A lógica cartesiana é um barato!

      ... seguindo este raciocínio, fico induzido a crer que um Estado Laico só será possível se Dirigido por Ateus ateístas ... aí, próximo estágio, é fundir a cuca do interlocutor ...

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    3. Não, apenas por pessoas imparciais.

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    4. Fróes, não sei como vai processar esta metáfora:

      "Depois de Fundidos no Processo, deixam de existir os Imparciais"
      (cada um SEMPRE passa a Alinhar-se de acordo com os Medos e Culpas - Comportamento Adquirido - Imparcialidade pela metade, pseudo Imparcialidade, próximo estágio, HIPOCRISIA concenssual)

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