segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Os Ronaldinhos de Lula

Antes de Lula chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, levava uma vida franciscana como monitor de um zoológico em São Paulo. Seu salário não passava de 600 reais por mês. Cercada de restrições financeiras, a vida dele mudou completamente com a eleição do pai. No segundo ano de mandato de Lula, Lulinha tornou-se sócio de uma empresa de games. A Gamecorp logo tornaria Lulinha um homem milionário. No papel de empresário influente no governo do pai, ele passou a ser assediado por lobistas. Um deles, Alexandre Paes dos Santos, chegou a disponibilizar uma mesa para que o primeiro-filho despachasse em seu escritório. O lobista trabalhava para várias empresas, entre elas a operadora Telemar, atual Oi. Com interesse direto em obter facilidades no governo Lula, a Telemar, controlada pelo empresário Sérgio Andrade, amigo de Lula, aportou pelo menos 15 milhões de reais na empresa do filho do presidente. Anos depois, o “investimento” de Andrade foi devidamente recompensado com a decisão do governo Lula de mudar a legislação para permitir que a Oi comprasse a Brasil Telecom e se tornasse um gigante das comunicações no país.

Formado em educação física, Luís Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente, transformou a ocupação iniciante de preparador físico nos clubes de futebol de São Paulo em uma bem-sucedida carreira empresarial. Depois de abrir uma companhia de marketing esportivo, em 2011, Luís Cláudio recebeu 3 milhões de reais de uma empresa de lobby que defendia interesses bilionários da indústria automotiva junto ao governo federal. Anos antes, o próprio Lula havia editado uma medida provisória concedendo incentivos fiscais às montadoras de veículos. O jornal O Estado de S. Paulo revelou, na semana passada, que os pagamentos ao filho de Lula começaram a ser contabilizados depois que a indústria automotiva obteve junto ao governo da presidente Dilma Rousseff a prorrogação dos benefícios fiscais concedidos por Lula ao setor. Documentos revelaram que os lobistas negociaram a concessão da isenção diretamente com interlocutores de Lula no governo, como o seu ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho.

Sobrinho do ex-presidente Lula, Taiguara Rodrigues levava uma vida simples de pequeno empresário em Santos, no litoral de São Paulo. Filho de Lambari, irmão da primeira mulher de Lula, Taiguara ganhava seu sustento como sócio de uma pequena firma especializada em fechar varandas de apartamentos na cidade. Morava num quarto e sala, dirigia um carro velho. A vida começou a mudar quando Taiguara ingressou no mercado internacional de construção pesada. Sem nenhuma experiência no ramo, a empresa do sobrinho de Lula foi contratada pela Odebrecht como parceira em obras na África e em Cuba, todas financiadas com dinheiro do governo federal. Taiguara também se tornou habitué nas comitivas empresariais lideradas pelo governo brasileiro no exterior, solidificou suas relações com a Odebrecht e colheu os frutos da vida de empresário internacional. Comprou uma cobertura dúplex de 255 metros quadrados em Santos e passou a dirigir um Land Rover Discovery de 200.000 reais.

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