Antes de Lula chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, Fábio
Luís Lula da Silva, o Lulinha, levava uma vida franciscana como monitor de um
zoológico em São Paulo. Seu salário não passava de 600 reais por mês. Cercada
de restrições financeiras, a vida dele mudou completamente com a eleição do
pai. No segundo ano de mandato de Lula, Lulinha tornou-se sócio de uma empresa
de games. A Gamecorp logo tornaria Lulinha um homem milionário. No papel de
empresário influente no governo do pai, ele passou a ser assediado por
lobistas. Um deles, Alexandre Paes dos Santos, chegou a disponibilizar uma mesa
para que o primeiro-filho despachasse em seu escritório. O lobista trabalhava
para várias empresas, entre elas a operadora Telemar, atual Oi. Com interesse
direto em obter facilidades no governo Lula, a Telemar, controlada pelo
empresário Sérgio Andrade, amigo de Lula, aportou pelo menos 15 milhões de
reais na empresa do filho do presidente. Anos depois, o “investimento” de
Andrade foi devidamente recompensado com a decisão do governo Lula de mudar a
legislação para permitir que a Oi comprasse a Brasil Telecom e se tornasse um
gigante das comunicações no país.
Formado em educação física, Luís Cláudio Lula da Silva,
filho caçula do ex-presidente, transformou a ocupação iniciante de preparador
físico nos clubes de futebol de São Paulo em uma bem-sucedida carreira
empresarial. Depois de abrir uma companhia de marketing esportivo, em 2011,
Luís Cláudio recebeu 3 milhões de reais de uma empresa de lobby que defendia
interesses bilionários da indústria automotiva junto ao governo federal. Anos
antes, o próprio Lula havia editado uma medida provisória concedendo incentivos
fiscais às montadoras de veículos. O jornal O Estado de S. Paulo revelou, na
semana passada, que os pagamentos ao filho de Lula começaram a ser
contabilizados depois que a indústria automotiva obteve junto ao governo da
presidente Dilma Rousseff a prorrogação dos benefícios fiscais concedidos por
Lula ao setor. Documentos revelaram que os lobistas negociaram a concessão da
isenção diretamente com interlocutores de Lula no governo, como o seu ex-chefe
de gabinete Gilberto Carvalho.
Sobrinho do ex-presidente Lula, Taiguara Rodrigues levava
uma vida simples de pequeno empresário em Santos, no litoral de São Paulo.
Filho de Lambari, irmão da primeira mulher de Lula, Taiguara ganhava seu
sustento como sócio de uma pequena firma especializada em fechar varandas de
apartamentos na cidade. Morava num quarto e sala, dirigia um carro velho. A
vida começou a mudar quando Taiguara ingressou no mercado internacional de
construção pesada. Sem nenhuma experiência no ramo, a empresa do sobrinho de
Lula foi contratada pela Odebrecht como parceira em obras na África e em Cuba,
todas financiadas com dinheiro do governo federal. Taiguara também se tornou
habitué nas comitivas empresariais lideradas pelo governo brasileiro no
exterior, solidificou suas relações com a Odebrecht e colheu os frutos da vida
de empresário internacional. Comprou uma cobertura dúplex de 255 metros
quadrados em Santos e passou a dirigir um Land Rover Discovery de 200.000
reais.
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