Veja
Se tudo correr como previu o roteiro, Marty McFly chega ao
futuro nesta quarta-feira. O personagem central do filme “De Volta para o
Futuro 2” deixou outubro de 1985 para um 2015 com carros e skates voadores para
tentar mudar seu destino. O desembarque foi exatamente em 21 de outubro de
2015.
O filme, lançado em 1989, fez algumas previsões certeiras
sobre avanços da tecnologia, como o uso de tablets, a disseminaçõs dos drones e
a morte dos CDs - mas também errou, como nos já citados carros voadores, que
hoje existem apenas em forma de protótipos.
O personagem vivido pelo ator Michael J. Fox deixou a
chamada década perdida, em um mundo sob a guerra fria. Para além das
curiosidades científicas, conheça as diferenças entre as economias americana e
brasileira que ele deixou no passado e a que ele encontrará ao chegar ao dia de
hoje.
PIB:
EUA 1985: US$ 4,3 trilhões (1º) O país que Marty McFly
deixou para trás tinha uma economia cerca de 20 vezes maior que a brasileira e
já ostentava havia décadas o título de maior potência econômica mundial. O
crescimento da economia foi de 4,2% naquele ano.
EUA 2015: US$ 18 trilhões (1º) Segundo previsão do FMI, os
EUA chegarão ao fim de 2015 com PIB de cerca de 18 trilhões de dólares - dez
vez maior que o do Brasil. Ainda há distância considerável para a China,
segunda no ranking, mas a diferença caiu em quase um terço em um intervalo de
cinco anos: passou de 9 trilhões em 2010 para 6,5 trilhões de dólares neste
ano. Previsão de crescimento: 2,6%.
Brasil 1985: US$ 223 bilhões (11º) No primeiro ano de
governo civil depois de mais de duas décadas de ditadura militar, o Brasil não
aparecia nem entre as dez maiores economias do mundo. Em uma década
problemática, o PIB brasileiro cresceu 7,9% naquele ano.
Brasil 2015: US$ 1,8 trilhão (9º) Após anos de crescimento
puxado pela explosão do consumo e pela disparada dos preços internacionais de
commodities como soja e minério de ferro, o Brasil, que chegou a ser a sexta
maior economia do mundo em 2011, vive uma retração. A economia do país deve
encolher até 3% no ano, o que pode derrubá-lo até para nono lugar no ranking
das maiores economias. Índia e, possivelmente, Itália devem ultrapassar o
Brasil.
PIB per capita:
EUA 1985: US$ 18.269 (5º) Marty McFly viajou para o futuro
partindo do ano em que os americanos tiveram a quinta maior renda per capita do
mundo.
EUA 2015: US$ 54.629 (8º) Os Estados Unidos perderam algumas
posições no ranking de renda per capita, mas seguem entre os países mais bem
colocados nesse quesito.
Brasil 1985: US$ 1.629 (69º) O Brasil estava apenas em 69º
no ranking global de renda per capita, atrás de países como Panamá e Suriname.
Os Estados Unidos tinham renda 11 vezes maior que a brasileira.
Brasil 2015: US$ 11.384 (56º) A posição do Brasil no ranking
mundial da renda per capita ainda é apenas mediana, mas a melhora do país fica
evidente quando comparada com a renda americana, que é agora 4,7 vezes maior
que a brasileira. De qualquer forma, com a retração da economia, a renda per
capita do país vai cair em 2015 - e a distância para os EUA voltará a crescer.
Inflação:
EUA 1985: 3,6% Os Estados Unidos conviveram com inflação de
dois dígitos durante parte da década de 70 até os primeiros anos da década de
80, mas, quando Marty McFly embarcou para o futuro, em 1985, a alta dos preços
já havia sido controlada. O país fechou o ano com inflação de 3,6%.
EUA 2015: 0,1% A baixíssima inflação tem sido um problema a
ser contornado pela Federal Reserve, o banco central do país. O Fed tem mantido
a taxa básica de juros próxima de zero desde 2008, o que deixa a autoridade
monetária com pouca margem de manobra para tentar levar a inflação para a meta
perseguida pelo país, de 2% ao ano. O FMI prevê inflação de apenas 0,1% nos EUA
em 2015.
Brasil 1985: 226% A hiperinflação foi uma das
características mais marcantes da economia brasileira durante toda a década de
80. Em 1985, o índice de preços atingiu 226%. Isso fez do Brasil o país com a
terceira maior inflação no mundo naquele ano, segundo o Banco Mundial. Apenas
Bolívia e Israel tiveram inflação mais alta.
Brasil 2015: 9,3% Em uma eventual visita ao Brasil, Marty
McFly já não veria mais um cenário de hiperinflação, que deixou de ser sinônimo
de economia brasileira com o surgimento do Plano Real. Ainda assim, o IPCA,
indicador de referência, está bem acima da meta perseguida pelo Banco Central,
de 4,5%. O FMI prevê inflação de 9,3% para o país em 2015. É uma das 25 maiores
altas previstas pelo Fundo para este ano em todo o mundo.
Destaque da bolsa:
EUA 1985: McDonald's A rede de fast food foi uma das três
estreantes na lista de 30 empresas que compõem o índice Dow Jones, indicador de
referência da Bolsa de Nova York - e a única das três a ter permanecido no
índice de forma ininterrupta ao longo dessas três décadas.
EUA 2015: Apple A maior empresa do mundo em valor de mercado
fez sua estreia no índice Dow Jones em março de 2015, na primeira mudança de
composição do indicador desde 2013 - a AT&T foi a companhia substituída. Em
1985, ano da viagem de Marty McFly para o futuro, a Apple viveu outro marco
importante: aquele foi o ano em que Steve Jobs deixou a empresa, criada por
ele. Jobs só retornaria em 1997.
Brasil 1985: Paranapanema A mineradora Paranapanema era um
colosso da Bovespa. Em meados da década de 80, ela chegou a representar 25% do
principal índice da bolsa paulista.
Brasil 2015: Ambev O protagonista da trilogia “De Volta para
o Futuro 2” tem 17 anos. Nessa idade, não é permitido comprar bebidas
alcoólicas nos EUA - e, no Brasil, alguns estados consideram crime a venda de
álcool para menores de 18 anos. Mas, ao chegar ao futuro, Marty McFly, mesmo
que pudesse, não conseguiria comprar uma bebida - ou mesmo ações - da maior
empresa da Bovespa. A Ambev só surgiu em 1999, a partir da união entre as
cervejarias Antarctica e Brahma.
Fortunas:
EUA 1985: Sam Walton (US$ 2,8 bilhões) O patriarca da
família Walton e fundador da rede varejista Walmart era o homem mais rico dos
Estados Unidos. Ele apareceu na lista dos bilionários americanos de 1985 da
revista Forbes com uma fortuna estimada em 2,8 bilhões de dólares.
EUA 2015: Bill Gates (US$ 79,2 bilhões) Na edição de 2015 da
lista de bilionários da Forbes, o fundador da Microsoft apareceu não apenas
como o maior rico dos Estados Unidos, mas também do mundo.
Mundo 1987: Yoshiaki Tsutsumi Apenas para ilustrar a
diferença entre o mundo de Marty McFly em 1985 e o que ele viajou para visitar
em 2015: os japoneses foram os grandes bilionários do planeta a partir de
meados da década de 80, segundo a revista Forbes. Na primeira lista global de
bilionários, publicada em 1987, Yoshiaki Tsutsumi, investidor do setor
imobiliário, apareceu com uma fortuna de 20 bilhões de dólares - montante sete
vezes maior que a fortuna de Sam Walton em 1985
Brasil 1987: Antônio Ermírio de Moraes (US$ 1 bilhão) A
revista Forbes só começou a publicar a relação de bilionários do mundo todo em
1987. Antes disso, ela fazia apenas a lista com nomes americanos. Na primeira
versão global do ranking, o industrial Antônio Ermirio de Moraes foi um dos
três brasileiros relacionados. Ao lado dele apareceram Sebastião Camargo,
representante da construção civil, e Roberto Marinho, do setor de comunicação.
Brasil 2015: Jorge Paulo Lemann (25 bilhões de dólares) O
empresário brasileiro, um dos controladores da AB InBev, a maior cervejaria do
mundo, tornou-se referência não apenas no Brasil, mas também no exterior - o
megainvestidor Warren Buffett é um confesso admirador de Lemann.
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