segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Governo, movimentos sociais e a multiplicação dos negros

Paulo Cruz: Dois pretos, duas medidas

Como o governo e os movimentos sociais manipulam as estatísticas.

Há um tempo atrás, pensando no método estatístico dos “justiceiros sociais” da esquerda, produzi um gráfico do tipo “preciso desenhar?”. Ei-lo:


A proposição é muito simples:

Se um sujeito mestiço claro (como alguns rappers famosos brasileiros), cresce na periferia, ouvindo rap e samba o dia inteiro, andando com negros a vida toda - pois é evidente que há mais negros na periferia –, qual a probabilidade de ele se definir como negro quando indagado a respeito de sua “raça”? Não precisa responder; apenas pense.

Agora pense num outro, com o mesmo tom de pele, crescendo na classe média alta, ouvindo Bach, frequentando museus e viajando para o exterior uma vez ao ano. Como este se definirá?

Não é possível saber com certeza, mas me parece que um mestiço que cresça na periferia tende muito mais a se autodeclarar negro do que aquele que não convive com negros; ainda mais se os seus ascendentes diretos (pai, mãe e avós) não forem negros.

O conceito de autodeclaração é extremamente subjetivo, para não dizer falso. Utilizar-se desse artifício espúrio para garantir cotas raciais (!) ou estimar a população carcerária, é uma falsificação da realidade brasileira. Os negros somam mais de 50% da população. O problema é que, destes, apenas 7,6 são pretos, e 43,1 são pardos. (Fonte: Censo 2010)

Censo-2010

Entre os universitários também se dá o mesmo: em 2010, no grupo de pessoas de 15 a 24 anos que frequentava a universidade, 31,1% eram brancos, 12,8% eram pretos e 13,4% pardos. Ou seja, somados, pretos e pardos são 26,2%, uma diferença muito menor do que fazem parecer os ideólogos. (Fonte: Censo 2010)

E entre a população carcerária também é a mesma coisa. Vejam o que diz o site Afropress:

Até junho de 2013 (os dados estão sendo divulgados com atraso de um ano, provavelmente por causa das eleições), o Brasil tinha 574.027 pessoas presas – a quarta maior população carcerária do mundo. Do total de pessoas presas 289.843 são pretas e pardas (86.311 pretas e 221.404 pardas). Os brancos são cerca de 176.137, os amarelos, 2.755, indígenas 763 e 11.527 são classificados como “outras”, ou seja, não se enquadram na terminologia adotada pelo IBGE, que define cinco categorias: preto, pardo, amarelo, indígena e branco (grifo meu).

Ou seja, a maioria da população carcerária é composta de pardos, e não de negros.

O que se conclui? Que o Governo e os Movimentos Sociais manipulam os dados como querem - para não dizer que manipulam as pesquisas (mas isso não digo).

É sempre oportuno lembrar o que disse o velho Aristóteles, há milhares de anos, em sua Metafísica:

“Nem a cor branca, nem a cor preta no homem produzem uma diferença de espécie e entre o homem branco e o homem preto não existe diferença de espécie; e não haveria diferença de espécie mesmo que déssemos um nome diferente a cada um. De fato, branco e preto só é o homem entendido como matéria, e a matéria não produz diferença” (1058b).

Ou seja, falar em raça em termos biológicos é uma estupidez. Em termos culturais, é discriminação.

Outra coisa curiosa é a velha história, defendida pelo Movimento Negro, de que o conceito de Democracia Racial visa a embranquecer a população. Tudo bem que esse pensamento é uma reação amedrontada às ideias eugenistas e evolucionistas em voga no séc. XIX, defendidas por intelectuais como Sílvio Romero -  e inspiradas, sobretudo, nas teses estúpidas de Arthur de Gobineau. Porém, a realidade tem mostrado o contrário. Vejamos:

Em 2000, os brancos somavam 53,74% da população; em 2010 eram 47,33%. Já os pardos passaram de 38,45% para 43,13%, e os negros de 6,21 % para 7,61%. Ou seja, o que está diminuindo é a população branca!

E aqui, mais uma vez, o genial Gilberto Freyre (não obstante sua completa demonização pela esquerda acadêmica), tem razão: o Brasil é mestiço. Essa é a verdadeira riqueza da nação brasileira. E nenhum esperneio ou negacionismo mudará isso.

“Operários”, de Tarsila do Amaral. Ou: quando os comunistas, num ato falho, enxergam a realidade.

A cultura e a contribuição dos negros e seus ascendentes africanos jamais será apagada da história brasileira, e não importa o quão mais clara ou escura a pele de sua população se torne. E, convenhamos: são as afinidades eletivas - e o amor, evidentemente - que determinam os relacionamentos amorosos, não a ideologia de raças.


8 comentários:

  1. (argento) ... preconceito racial é um NEGÓCIO Perverso; brancos de um lado, pretos do outro, dois preconceitos em Conflito; o NEGÓCIO os mantém, alimenta e "Regula" permanentemente ... Mestiços (maioria), Confundidos, não sabem qual rumo tomar ...

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    1. (argento) ... por onde anda Aizita Nascimento?. aliás, musa de, minhas, muitas "homenagens" ...

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  2. Eis aqui um debate sobre cotas raciais. Demétrio Magnoli foi brilhante, os outros... só assistindo. Mas o mais interessante está no finalzinho, quando uma aluna conta sua experiência.

    https://www.youtube.com/watch?v=6sS5S_bvAKY

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    1. (argento) ... desde que me entendo por gente, afirmei e insisto neste Ponto ao afirmar que o preconceito no Braziu nunca foi Racial; a segregação, manifestada como preconceito, é, na realidade, Segregação Social. Repito, segregação social Confundida, como se fosse (mas não é) preconceito racial - fazem confundir "um pouquinho de macarrão com um porrão de macaquinho" - o triste é que os Macaquinhos de Imitação (gado marcado) embarcam no Embuste e acabam Refens da ilusão.

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    2. (argento) ... é, Milton, em verdade são duas palestras, são verdadeiras Aulas!

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    3. (argento) ... chega ser assustador o resultado do experimento apresentado em slides, materializado no espanto da criança "afro descendente" ...

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    4. (argento) ... o que me leva a questionar o Paradigma imposto pelo Sistema de Crenças que "gerencia" a sociedade ...

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  3. (argento) ,,, como se pode observar, Amarelos, Indios e "Outos" não tendem ao crime, se delínquem é pela proximidade com Pardos, Brancos e Pretos ...

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