quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Reforma ministerial: não mudaram as moscas e nem tiraram a merda

Talvez a prática mais nojenta vinda dos que acham que fazem política seja esse loteamento de cargos em nome de uma suposta governabilidade. Dizem por aí que, em função da nossa Constituição, isso é inevitável e citam o exemplo de Collor, que renunciou antes do impeachment por ter por hábito bater de frente com o Congresso. Até Brizola disse isso.

Não creio que isso seja uma verdade incontestável. Collor saiu porque bateu de frente com o povo, em função de uma série de escândalos envolvendo seu nome que foram fartamente explorados pela imprensa e que expôs as vísceras de um sujeito podre cercado por gente podre. Ficou barata a condenação apenas pelo Fiat Elba.

Aliás, quem fez mais pela sua eleição, a Rede Globo, paradoxalmente foi quem mais fez por sua queda. Lembro bem que em abril de 1989, Collor patinava nos 4% de preferência enquanto Covas liderava relativamente tranquilo, com Lula bem mais abaixo. Bastou a Globo dar ênfase ao “Caçador dos Marajás” e ele disparou. Em compensação, dois anos mais tarde, a Globo pintou a cara e liderou a imprensa em uma batalha sem trégua pelo impeachment. E deu no que deu.

Diga-se de passagem, hoje isso é praticamente impossível de ocorrer em função da pulverização das informações via internet, que enfraqueceram todas as lideranças midiáticas.

Voltando ao loteamento de cargos, que fique claro que não foi o PT seu inventor: ele “apenas” o institucionalizou. O próprio FHC fez concessões escabrosas demais para o meu gosto, nomeando ministros, entre outros, que eu me lembre, Ney Suassuna (Integração Nacional), Renan Calheiros (Justiça) e Bresser Pereira (Reforma do Estado e Ciência e Tecnologia). Não precisava. O povo estava em lua-de-mel com o governo pela estabilidade do Real apesar da oposição destrutiva do PT. Tanto que nem os trocentos pedidos de impeachment feitos pelo partido foram levados a sério pelos políticos. Se FHC não tivesse feito concessões e nomeado um ministério de notáveis, daria no mesmo e ainda sairia no lucro pelo êxito que teria em outras áreas, que não a Economia.

Por essas e outras é que eu não entendo essa nojeira do loteamento sob o pretexto da governabilidade. Se um governo estiver de bem com o povo em função da sua competência, não há Cristo que o tire do poder.

Agora, Dilma, que já fez o diabo a quatro com seu sinistério, faz o diabo a oito para segurar na brocha depois que o PMDB lhe tirou a escada e o lulismo lhe tirou a tinta. Só que eu não entendi muito bem a mutreta. Senão vejamos:

Mercadante sai da Casa Civil e vai para a Educação;
Wagner sai da Defesa e vai para a Casa Civil;
Aldo sai da Ciência e Tecnologia e vai para a Defesa;
Berzoini sai das Comunicações e vai para a Secretaria de Governo;
Benedita sai do buraco e vai para a Cidadania (novo).

Bem, até aí, nada de PMDB, que de novo mesmo só ganhou a Saúde - com a saída de Chioro e a provável entrada de Marcelo Castro, que responde a dois processos no TRE do Piauí, um pela não aprovação de contas do partido quando presidia o diretório estadual e outro por compra de votos em 2014 - e Ciência e Tecnologia - com a transferência de Aldo e a provável nomeação de Celso Pansera, que é alvo de ação civil de improbidade administrativa (violação aos princípios administrativos) movida pelo MPE -, já que Helder Barbalho sai da Pesca e vai para os Portos.

Ou seja, muito barulho por nada. Não mudaram as moscas e nem tiraram a merda. Só juntaram um bocadinho.

2 comentários:

  1. Pergunta de um distraído (composta): se o cara é competente, porque está saindo? Se não é INcompetente, porque está assumindo outro ministério?:

    Ps. a resposta é certamente comBosta.

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  2. (argento) ... a Primeira proposta para a aprovação do Imposto sobre a Movimentação Financeira ("Contribuição Provisória" sobre Movimentação Financeira - "CPMF" ) era que os "recursos" fossem destinados para a SAÚDE ...

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