Estadão:
O Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas,
decidiu demitir o general Antonio Hamilton Martins Mourão, do comando Militar
do Sul, e transferi-lo para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em
Brasília. O general Mourão, assim, perde o comando de uma tropa e passa a
exercer um cargo mais burocrático.
A decisão de afastá-lo do comando foi tomada em virtude das
declarações dadas a oficiais da reserva na qual fez duras críticas à classe
política, ao governo e convocou os presentes para “o despertar de uma luta
patriótica”. Em palestra, há pouco mais de um mês, o comandante militar do Sul
fez também críticas indiretas à presidente Dilma Rousseff e, ao comentar a
possibilidade de impeachment de Dilma, disse que “a mera substituição da PR(
presidente da República) não trará mudança significativa no 'status quo'“ e que
“a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”.
O general Mourão afirmou ainda que “a maioria dos políticos
de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias,
enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões”. A gota d'água para o
afastamento do general Mourão veio no início da semana, quando o Comando
Militar do Sul fez uma homenagem póstuma ao coronel Brilhante Ustra, acusado de
torturar presos durante o regime militar.
O Comandante da 3ª Divisão de Exército, general José Carlos
Cardoso, subordinado a Mourão chegou a expedir convites para a cerimônia
realizada em Santa Maria, cidade natal de Ustra, que morreu dia 15 de outubro.
A presidente Dilma Rousseff foi presa e torturada nas dependências do DOI
(Destacamento de Operações de Informações do 2º Exército) em São Paulo, unidade
chefiada pelo então major Ustra.
O requerimento aprovado nesta quinta-feira, 29, pelo senador
Aloysio Nunes pedindo esclarecimentos ao ministro da Defesa sobre o caso, fez
com que o processo fosse ainda mais rapidamente deflagrado e o desfecho do
caso, com o afastamento do general Mourão tivesse sido imediato. A rapidez da
solução do problema agradou o Planalto, que não quer mais marola nesta onda de
más notícias políticas que toma conta de Brasília.
O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, já havia conversado com a
presidente Dilma Rousseff sobre as declarações do general há pelo menos dez
dias. Na ocasião, Aldo relatou as conversas que vinha mantendo com o comandante
do Exército sobre o caso de Mourão e de outras declarações de militares que
estavam pipocando pelo País. A ideia era para transferir o general Mourão de
cargo, mostrando que ele perdeu o posto, para dar uma demonstração de este tipo
de postura não é aceitável por parte de um general de Exército da ativa,
falando para seus comandados. A proposta obteve a plena concordância da
presidente.
Nesta quinta, após reunião do Alto Comando do Exército, a
transferência do general Mourão foi efetivada, e para o seu lugar foi designado
o general Édson Leal Pujol, que já foi comandante das tropas no Haiti e
atualmente estava na Secretaria de Economia e Finanças do Exército, para onde
vai Mourão. Na reunião do Alto Comando, o assunto foi tratado e houve
recomendação do general Villas Bôas para que este tipo de comportamento seja
evitado por todos.
À tarde o senador Aloysio Nunes, presidente da Comissão de Relações
Exteriores, enviou ofício ao ministro Aldo Rebelo, questionando se o general
Mourão estaria incitando os militares. O senador Aloysio Nunes se referia à
fala do general na qual ele diz que “ainda tínhamos muitos inimigos internos,
mas que eles se enganavam achando que os militares estavam desprevenidos”.E
emendou, provocando: “eles que venham!'“.
Aldo Rebelo respondeu ao senador informando que “determinou
ao comandante do Exército que tome providências com brevidade e rigor que o
caso requer”. Determinou ao general Villas Bôas ainda que “adote medidas
necessárias visando assegurar que o Exército Brasileiro continue a se pautar no
estrito cumprimento de sua missão constitucional e a transitar no seio da Nação
com elevada credibilidade que a sociedade confere ás Forças Armadas”. A
resposta foi imediatamente encaminhada ao presidente da Comissão.
No Senado, Aloysio Nunes se disse “chocado” com as
declarações atribuídas ao general Mourão. Para o senador, o militar deve ter
sido motivado por indignação com eventos recentes relacionados à corrupção no
governo. Mas condenou a atitude. “É claro que isso gera uma revolta geral com
todos, não apenas os militares. Mas não é razão para um militar expor,
especialmente em uma cerimônia pública, um ponto de vista como esse.”
Os militares sabem que haverá solidariedade dos militares da
reserva por causa do afastamento de Mourão, mas não esperam que haja
repercussão entre o pessoal da ativa.
Pois é, chocado fiquei eu com a atitude de Aloysio pedindo
satisfações sobre a fala do general Mourão. Quem é Aloysio Nunes para contestar
a indignação com o governo de quem quer que seja, mesmo valendo-se do cargo de senador
ou de presidente da Comissão de Relações Exteriores, que não tem nada a ver com
a história?
Aliás, quem foi Aloysio Nunes, todos sabem. Quem foi, não:
quem é, pois quem foi rei nunca perde a majestade...
Começou a militância política em 1963, quando entrou na
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo.
Logo depois do golpe militar de 1964, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro
(PCB), que, por ter sua existência proibida, atuava na clandestinidade. Foi
presidente do tradicional Centro Acadêmico XI de Agosto e formou-se bacharel em
direito em 1968.
Como o PCB se opunha à resistência armada contra a Ditadura
Militar que se instalara desde 1964 no Brasil, Aloysio Nunes, assim como vários
jovens da época que tinham ideais de esquerda, ingressou na Ação Libertadora
Nacional (ALN), organização guerrilheira liderada por Carlos Marighella e
Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo.
Assumiu na clandestinidade o pseudônimo Mateus. Durante
muito tempo foi motorista e guarda-costas de Marighella. As ações da Aliança
Libertadora Nacional incluíram assaltos para angariar fundos que sustentariam a
resistência armada. Em agosto de 1968, participou do assalto ao trem pagador da
antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Segundo relatos da imprensa da época, a
ação ocorreu sem que houvesse o disparo de qualquer tiro. Aloysio Nunes foi o
motorista do carro no qual os assaltantes fugiram do local com os malotes que
continham NCr$ 108 milhões(US$ 21.600), dinheiro suficiente para o pagamento de
todos os funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro[1] [4] . Em
outubro do mesmo ano, participou do assalto ao carro-pagador da Massey-Ferguson
interceptando o veículo na praça Benedito Calixto, no bairro paulistano de
Pinheiros.
Sofrendo um processo penal em que já havia um pedido de
prisão preventiva e com a possibilidade de que descobrissem algo sobre suas
ações armadas, foi enviado a Paris por Marighella utilizando um passaporte
falso. Foi posteriormente identificado como guerrilheiro e condenado com base
na extinta Lei de Segurança Nacional. Pretendia realizar um treinamento de
guerrilha em Cuba, mas a gravidez de sua mulher o fez desistir. Tornou-se
representante da Ação Libertadora Nacional no exterior e coordenou as ligações
desta com movimentos de esquerda de todo o mundo. Filiou-se ao Partido
Comunista Francês em 1971 e negociou com o presidente Boumédiène, da Argélia
para que brasileiros recebessem treinamento militar de guerrilha naquele país.
Pôde finalmente, em 1979, regressar ao Brasil devido à
promulgação da Lei de Anistia, a qual beneficiou todos que cometeram crimes
políticos de qualquer tipo, assim como aqueles que torturaram e mataram em nome
da repressão, durante os anos anteriores da Ditadura Militar.
Desfiliou-se do PCB, ainda na clandestinidade, e filiou-se
ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), tendo sido eleito por
este partido deputado estadual de 1983 a 1991 em seu estado natal. Foi líder do
governo Franco Montoro na Assembleia Legislativa em seu 1° mandato, e líder do
governo Quercia em seu segundo mandato durante a redação e votação da
Constituição do Estado de São Paulo.
Como se não bastasse, Aloysio foi acusado de corrupção e
formação de cartel nas obras do metrô de São Paulo e, segundo depoimento de Ricardo
Pessoa, de ter recebido quinhentos mil reais do esquema do petrolão, sendo 300
mil de forma legal e 200 mil como caixa dois.
Chocado, não, tô é puto com esse cara!