segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Criticando uma crítica

Por várias vezes critiquei Fernando Henrique aqui, principalmente quanto aos seus famosos “punhos de renda”, sua falta de punch e sua falta de participação política quando era mais necessária, portanto fico à vontade para rebater uma crítica de Rodrigo Constantino ao artigo de FHC de ontem no Globo, “Vitória amarga”, onde o ex-presidente diz, a respeito das eleições, que “É indiscutível a legalidade da vitória, mas discutível sua legitimidade”.

E foi exatamente aí que Rodrigo se pegou, afirmando que a vitória foi ilegal porque o resultado da auditoria nas urnas eletrônicas ainda não saiu, que há denúncias que apontam uso de propina no financiamento de campanha, os Correios, em Minas Gerais, atuaram como braço partidário do PT e por aí afora. Ora, isso são suspeitas e denúncias, cuja competência para aceitá-las, discuti-las e julgá-las não é de FHC, nem de Rodrigo e nem de ninguém mais além dos membros dos órgãos judiciais competentes, portanto, até segunda ordem a vitória do poste foi legalíssima.

E Rodrigo prossegue chiando da “discutível legitimidade” afirmando que “não há margem para dúvidas: a vitória não goza de legitimidade coisa alguma!”. Por mais que eu concorde que houve sujeiras mil nas eleições, que a “campanha foi a mais sórdida da história”, nem eu nem ninguém pode se arvorar de dono da verdade e, ao se recusar a discutir o fato, Rodrigo comporta-se exatamente como quem quer fugir à responsabilidade por falta de argumentos - o governo petralha. Além disso, ressalve-se o fato de que o conceito de legitimidade varia de acordo com os grupos sociais. Tem muita gente que até hoje acha legítimo matar, sequestrar e roubar em nome de supostos ideais. A Comissão da Verdade está aí mesmo para confirmar o que eu digo.

Só concordaria com Rodrigo quando ele subiu ainda mais nas tamancas reclamando das três vezes que FHC usou o termo “presidenta”, mas mesmo assim, tenho lá as minhas dúvidas quanto à ironia da colocação.

De qualquer forma, as críticas de Rodrigo são muito pouco consistentes - eu diria tolas, até - para um artigo onde o que menos importa foi exatamente o que ele criticou.

5 comentários:

  1. Tudo que se precisa neste momento é de fogo amigo (sic!) politicamente correto. Ainda não aprendeu, não?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Politicamente correto, eu? Você está confundindo as coisas. Quem está sendo politicamente correto - com as cores trocadas - é o Constantino, ao tentar estabelecer parâmetros para se criticar a situação. Maniqueísmo não é meu forte.

      Excluir
    2. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    3. Isso é o que eu chamo de "direita dodói", basta discordar em algo simples para eles ficarem todos magoadinhos e reclamar de fogo amigo. Talvez seja necessário publicarmos um livro com coletâneas dos comentários onde discordamos uns dos outros aqui no TMU.

      Quantas vezes eu já discordei de forma muito mais veemente (e vice versa), com o Ricardo, com o Argento e com a Theresa... e quantas vezes os comentários foram chamadas de fogo amigo?

      Se eu tivesse que concordar com tudo o que é postado ou comentado aqui no TMU eu simplesmente deixaria de ler, como fiz com o blog o Reinaldo Azevedo. O mais interessante é que um ANÔNIMO vem aqui censurar a postagem do proprietário do blog.

      Apenas por curiosidade: por que o Ricardo discordando do Constantino é fogo amigo, mas o Constantino discordando do FHC não é?

      Excluir
    4. Pois é Milton, também não entendi.

      Excluir