Na reação ao relatório da Comissão
da Verdade sobre as vítimas da ditadura, afirma-se que, para ser justo, ele
deveria ter incluído o outro lado, o das vítimas da ação armada contra a
ditadura. Invoca-se uma simetria que não existe. Nenhum dos mortos de um lado
está em sepultura ignorada como tantos mortos do outro lado. Os meios de
repressão de um lado eram tão mais fortes do que os meios de resistência do
outro que o resultado só poderia ser uma chacina como a que houve no Araguaia,
uma estranha batalha que - ao contrário da batalha de Itararé - houve, mas não
deixou vestígio ou registro, nem prisioneiros. A contabilidade tétrica que se
quer fazer agora - meus mortos contra os teus mortos - é um insulto a todas as
vítimas daquele triste período, de ambos os lados.
Mas a principal diferença entre um
lado e outro é que os crimes de um lado, justificados ou não, foram de uma
sublevação contra o regime, e os crimes do outro lado foram do regime. Foram
crimes do Estado brasileiro. Agentes públicos, pagos por mim e por você,
torturaram e mataram dentro de prédios públicos pagos por nós. E, enquanto a
aberração que levou a tortura e outros excessos da repressão não for
reconhecida, tudo o que aconteceu nos porões da ditadura continua a ter a nossa
cumplicidade tácita. Não aceitar a diferença entre a violência clandestina de
contestação a um regime ilegítimo e a violência que arrasta toda a nação para
os porões da tortura é desonesto.(...)
Eu não sei nem por onde começar. A coisa é tão absurda que
eu custo a crer que alguém tenha tido a coragem de expor publicamente uma
argumentação tão imbecil. Mesmo se supondo que a “Comissão da Verdade” tenha
acertado em seus veredictos - um exercício de ficção - ficou faltando a outra
parte dessa tal verdade, ainda que se queira considerar menos importante, um
acidente de percurso, talvez, os assassinatos, sequestros, roubos, atentados,
torturas e estupros cometidos pelos anjinhos eufemisticamente chamados por
Verissimo de “sublevados contra o regime”.
Diz o celerado que “a contabilidade tétrica que se quer
fazer agora - meus mortos contra os teus mortos - é um insulto a todas as
vítimas daquele triste período, de ambos os lados”. Ora, quem faz contabilidade
é justamente essa comissão, que além de fazer questão de mostrar seus números, não
perde a oportunidade de compará-los aos que foram assassinados pelos “sublevados”.
Mas o absurdo maior é a afirmação que “a principal diferença entre um lado e outro é que os crimes
de um lado foram de uma sublevação contra o regime, e os crimes do outro lado
foram do regime.(...) Agentes públicos, pagos por mim e por você, torturaram e
mataram dentro de prédios públicos pagos por nós”, ou seja, que os “deles”
foram crimes plenamente justificados por uma “ideologia” e que esses mesmos
imbecis estariam pagando impostos para sustentar seus próprios algozes.
Primeiro de tudo, eu acho que terrorista que se preza não
paga imposto, porque se pagar é traidor da causa, seja ela qual for. Depois, eu
tenho certeza que os roubos de armas dos militares, os assaltos a bancos e
outros crimes semelhantes, compensaram plenamente esse suposto sustento pago
pelos delinquentes aos “agentes públicos que os torturaram e mataram”.
O mais grave é que Verissimo considera que a população
inteira era a favor dessa cambada de mequetrefes, senão não afirmaria insanidades
como essas. É claro que ele omite o fato de a grande maioria ter sido contra as
ações criminosas dos seus queridinhos, apesar de muitos serem contra os
militares. Seguramente, essa maioria sempre preferiu uma solução pacífica e,
principalmente, não à esquerda, como ele quer dar a entender. De mais a mais,
eu e muitos pagamos nossos impostos para sermos, inclusive, defendidos de
ameaças como a dos “sublevados do Veríssimo”. E foi exatamente o que os “agentes
públicos” fizeram à época.
Houve exageros? Houve, mas o maior deles veio de quem hoje
reivindica - e tem - boa vida através das benesses governamentais que
contemplam qualquer um, de vagabundo a assassino, que compactuasse com o
terrorismo antes e/ou compactua com o PT agora.
O maior exagero foi combater uma ditadura propondo outra
muito pior. E chega! Cadê meu Plasil?
Os argumentos do Verissimo, vulgo Falacissimo, são dignos de uma ameba descerebrada.
ResponderExcluirVou comentar apenas esta frase: "a principal diferença entre um lado e outro é que os crimes de um lado foram de uma sublevação contra o regime, e os crimes do outro lado foram do regime".
ResponderExcluirIsso eu chamo de tentar diferenciar seis de meia dúzia. Primeiro, por que crime é crime, não importa qual foi o lado que cometeu. Segundo, por que em qualquer conflito as agressões só podem acontecer de um lado contra o outro, portanto se o levante era contra o regime a reação só poderia ser realizada pelo regime. Terceiro, se a diferença de poder entre os lados não inibiu o levante é por que o levante se considerava mais poderoso que o regime.
O Veríssimo é mesmo uma anta.
Mas isso é o que eles sempre alegam. Se vier da esquerda, vale tudo; da direita, é cana! Imbecis completos que acham que é todo mundo que aceita esse raciossímio...
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