Como eu disse aqui, ainda esta semana, a farra com o
dinheiro público nesse caso das aposentadorias de políticos é descomunal, tanto
que o Globo de hoje publica uma extensa matéria sobre o assunto.
A regalia não tem coloração partidária. O petista Jaques
Wagner, que deixará o governo da Bahia no dia 1º de janeiro, passará a receber
automaticamente R$ 19,3 mil por mês. Este estado foi o último a aprovar uma lei
garantindo o benefício aos seus ex-governadores, em novembro passado. A lei foi
feita sob encomenda para beneficiar o próprio Wagner, que deve virar um
superministro do governo da presidente Dilma Rousseff. Mas um dos mais emblemáticos
líderes da oposição, o presidente do DEM, Agripino
Maia (RN), também recebe R$ 11 mil de pensão pelo seu estado como ex-governador
— que soma-se aos vencimentos de R$ 26,7 mil do Senado.
APOSENTADORIA RESSUSCITADA NO ACRE
No Acre, estado governado há 15 anos pelo PT, a lei foi
revogada antes dos irmãos Viana chegarem ao poder. Mas assim que assumiu, em
1999, Jorge Viana ressuscitou a aposentadoria especial. Os tucanos também se
beneficiam das regras locais. O senador Cássio
Cunha Lima, que governou a Paraíba, tem direito a R$ 23,5 mil de pensão, além
do seu salário do Senado, de R$ 26,5 mil. A ex-governadora gaúcha Yeda
Crusius é outra tucana que, ao deixar o cargo, requereu o benefício, que no Rio
Grande do Sul é de R$ 26,5 mil.
Os estados agem no vácuo de uma regra federal. Até 1988, os
ex-presidentes da República tinham direito ao recebimento de uma aposentadoria.
Os estados, então, replicavam o benefício para os chefes do poder local. Mas a
Constituição Cidadã acabou com o benefício, mas não proibiu explicitamente a
concessão aos governadores. Alguns estados suspenderam então a regalia aos seus
ex-governadores a partir de 1989, quando refeitas as constituições estaduais.
Outros simplesmente ignoraram as mudanças na Carta Magna e mantiveram ou,
ainda, criaram ao longo das últimas duas décadas a concessão da aposentadoria,
casos do Acre e Bahia, entre outros. O entendimento dos estados é que eles têm
“autonomia” pela Constituição para decidirem o que quiserem.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contesta os estados e
move atualmente 11 ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal
Federal (STF) contra os benefícios locais. Os processos estão parados nas mãos
de ministros, o que permite aos governos estaduais manterem os pagamentos.
Neste momento, apenas um estado não está conseguindo pagar os benefícios, por
uma decisão local: Roraima. Uma decisão do Tribunal de Justiça do estado
suspendeu em maio deste ano o repasse da pensão aos ex-governadores e viúvas.
Como não existe jurisprudência, nem uma súmula vinculante sobre esse tipo de
conduta, no momento em que a decisão estadual cair, todos voltam a receber até
que o Supremo se posicione claramente sobre a questão.
Dos 26 estados e o Distrito Federal, 21, uma esmagadora
maioria, pagam as aposentadorias vitalícias. Em 11 deles — Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, Pará, Roraima, Acre, Bahia, Rondônia, Maranhão,
Amazonas e Paraíba — a regra está ativa e vale para os governadores que
deixarão os cargos dia 1º de janeiro. Pelas constituições estaduais, alguns têm
que requerer o benefício; outros passam a receber automaticamente. Em outros
dez estados — Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e Piauí — as leis
foram revogadas. No entanto, governadores que ocuparam o cargo antes da
revogação das leis e ex-primeiras-damas permanecem recebendo.
DOIS BENEFÍCIOS PARA EX-COMPANHEIRA
Neste seleto grupo, há dois casos curiosos. Marilia Guilhermina Pinheiro Martins,
reconhecida como companheira do ex-governador Leonel Brizola, recebe duas
pensões, uma pelo Rio de Janeiro e outra pelo Rio Grande do Sul, já que ele
administrou os dois estados. A soma dos vencimentos de Guilhermina é de R$ 48,3
mil mensais. Outro caso é o de Pedro Pedrossian, que foi governador do Mato
Grosso antes da divisão e, anos mais tarde, administrou o Mato Grosso do Sul.
Pedrossian se beneficia de duas pensões: uma paga pelos cofres do Mato Grosso e
outra paga pelos cofres do Mato Grosso do Sul. O total da pensão chega a R$ 50
mil.
Como base das ações no STF, a OAB sustenta que a manutenção
do pagamento das aposentadorias é uma agressão e uma ofensa ao princípio da
moralidade, da impessoalidade e da isonomia. Nas ações, a ordem cita o artigo
37 da Constituição Federal que estabelece os princípios da “legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência na administração pública”.
Segundo a OAB, os estados que mantém ativos os benefícios
nas suas constituições estão descumprindo um preceito constitucional superior.
Os governadores
argumentam que recebem o benefício porque é um direito legal.
(argento)
ResponderExcluir"Deputados estaduais brigam por aposentadorias especiais"
"Estado do Rio paga R$ 2 milhões por ano para ex-governadores e ex-primeiras-damas"
"15 senadores somam a aposentadoria aos seus salários"
"Farra das aposentadorias de ex-governadores custa R$ 46,8 milhões aos estados"
... enquanto isso, do lado dos escravos, o, "falido" INSS banca "aposentadorias"
... nunca entendi aquela musiquinha: O Povo, Unido, Jamais Será Vencido!
Segundo o Houaiss, Argento, nesse caso, vencer deve significar perceber, auferir (salário, vencimento). E dá até um exemplo bem a propósito: "Os parlamentares venciam salários astronômicos".
ResponderExcluirEnquanto isso, o povo vence perdendo
... faz sentido: "O Povo, Unido, Jamais Será Remunerado" - percebe, apenas, salário.
ExcluirO problema não está em acumular salário de parlamentar e aposentadoria, pois são rendimentos distintos. Não faria sentido a atividade de um aposentado ser paga com a aposentadoria do próprio aposentado. O problema está na origem e na finalidade da aposentadoria.
ResponderExcluirEntendo que deveria existir um sistema de aposentadoria estatal único, valendo para o presidente da república as mesmas regras do operário. Sistemas de aposentadorias privados seriam contratados de acordo com a vontade e as condições de cada indivíduo.
Não é nem isso. O problema é que, qualquer político que assuma um cargo, por um dia que seja, mesmo não tendo sido nem eleito para tal, tem direito a aposentadoria. É o caso de um desses citados nas reportagens que, como era presidente da assembleia e tanto o governador como seu vice renunciaram, assumiu o cargo por três meses e hoje recebe pensão. Detalhe: eles não são descontados em um tostão.
ExcluirEnquanto isso a gente rala 35 anos, paga um absurdo de INSS, para depois receber uma merreca cheia de cálculos redutores.
Então Ricardo, a o problema está na origem e na finalidade. Um suplente de Senador que assume o mandato por 4 meses já tem direito à aposentadoria, portanto a origem é estapafúrdia e a finalidade é uma aberração.
ExcluirEu entendo que a aposentadoria tem por finalidade oferecer segurança aos indivíduos e não oferecer rendimentos. Partindo deste princípio o direito à aposentadoria paga pelo Estado é igual para todos, mas o recebimento do benefício deveria estar vinculado à necessidade do aposentado.
ResponderExcluirEu insisto também que "político" não é profissão! O erro é generalizado.
ExcluirNão é profissão, mas é uma atividade social passível de remuneração. Mas eu tenho severos questionamentos sobre como essa atividade deveria ser exercida, principalmente com a tecnologia atual. Não vou entrar em questões específicas, pois seriam muitas para debater. Mas vou fazer uma pergunta retórica: quantas vezes eu precisei ir até o Rio de Janeiro para concordar ou discordas de suas "propostas"?
ExcluirSe a farra fosse só dos políticos! Funcionários públicos aposentados recebem aposentadorias estratosféricas comparados aqueles que trabalham na iniciativa privada. Por favor comentem isso, não existe situação mais vexatória, esdrúxula e por que não contraditória. Funcionário público trabalha pouco e mal para caralho...salvo exceções (poucas).
ResponderExcluir(argento) ... "se a farra fosse só dos politicos!"? - por princípio não haveria lugar para farras com os cofres da viúva e, não são as aposentadorias dos servidores públicos o "vexatório", mas as do INSS.
ExcluirCom certeza, Kadu, e esse é um problema ainda mais difícil de resolver. São milhões e têm a faca e o queijo nas mãos.
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