segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A balela dos testes vocacionais

Por curiosidade, fiz um teste vocacional hoje e o resultado deu o mesmo de há 44 anos, quando meu pai, por excesso de escrúpulos, demitiu o chefe dos Recursos Humanos da Delfin, achando que o cara tinha carregado nas tintas para puxar o saco do patrão além de não ter obtido resultados específicos.

O que eu acho é que, na verdade, esses testes continuam sendo uma forma de ganhar dinheiro dos trouxas que pagam por eles. Primeiro porque - não é o meu caso agora - um jovem com 18 anos não tem nem noção das suas habilidades específicas, seja pela deficiência do ensino brasileiro que, por tradição, sempre foi teórico ou mesmo pela imaturidade.

Em segundo lugar, dá para perceber claramente que os testes até hoje são muito mais orientados pelas preferências pessoais do que propriamente para uma vocação. No meu caso, como sou extremamente curioso e interessado por tudo que é assunto, normalmente dá-se o resultado que se pode constatar abaixo, sem que, no entanto, eu tenha a mais vaga aptidão ou preferência por 90% das opções.

Talvez eu não tivesse agido, no caso, como meu pai, demitindo o funcionário, mas com um resultado desses eu simplesmente acabaria com esse tipo de teste na empresa.

Vejam só:

Temperamento D - Cerebral
Reconhecíveis por sua independência, engenhosidade e talento estratégico, as pessoas deste grupo apresentam intuição, raciocínio lógico e inteligência espacial bem desenvolvidos. Apresentam talentos para a invenção, a criação, a construção, a sistematização e o planejamento.

Carreiras/atividades apropriadas:

•           Analista de sistemas
•           Antropólogo
•           Arquiteto
•           Astrônomo
•           Cientista
•           Consultor administrativo
•           Criminalista (teórico e prático)
•           Designer de automóveis, aviões, máquinas
•           Economista
•           Engenheiro eletrônico
•           Engenheiro geneticista
•           Engenheiro industrial
•           Engenheiro metalurgista
•           Engenheiro naval
•           Engenheiro químico
•           Executivo de negócios
•           Físico
•           Geneticista
•           Matemático
•           Metalurgista
•           Oceanógrafo
•           Professor (ensino universitário)
•           Projetista de protótipos
•           Químico
•           Psicólogo
•           Psiquiatra
•           Sociólogo
•           Urbanista

2 comentários:

  1. Então existem pessoas com aptidão para serem astrônomos ou cientistas; cientistas ou físicos, cientistas ou químicos? Vivendo e aprendendo, eu sempre acreditei que astrônomos, físicos e químicos fossem cientistas.

    Mas o mais relevante foi a aptidão para professor (ensino universitário). Aparentemente o teste não mostrou aptidão para professor do ensino fundamental, algo que supostamente deve ser exercido por pessoas sem aptidão para ensino universitário.

    Eu nunca fiz teste de aptidão, mas certa vez aconteceu algo interessante (em Curitiba): eu fui na recepção do escritório de contabilidade onde prestava serviços de análise e programação. Chegou uma senhora que eu jamais tinha visto, sentou esperando para ser atendida pelo dono, que também era advogado. De repente, não mais que de repente, a senhora perguntou se eu era analista de sistemas. Eu respondi que sim, perguntei o motivo da pergunta e ela disse que eu tinha cara de analista de sistemas.

    O interessante é que quando alguém fala em analista de sistemas (primeira atividade da lista) está ligando a atividade diretamente ao computador, como se o computador fosse o objetivo, quando na verdade o computador é uma mera ferramenta. Eu gostaria de saber o que a pessoa que avaliou a aptidão entende por analista de sistemas.

    Até aonde eu conheço o Ricardo, duvido muito que ele tenha aptidão para analista de sistemas ou programador de computadores. Não que lhe falte inteligência, mas porque não é algo pelo qual ele sentiria interesse. Eu mesmo perdi completamente o gosto por programas computadores e não importa quanto conhecimento eu tenho de programação, não consigo mais ficar sequer 30 minutos programando, começo a sentir enjoo (literalmente).

    Mas também tive a oportunidade de ouvir várias vezes, de várias pessoas, que eu deveria ser advogado. As pessoas confunde a capacidade do indivíduo com a aptidão, eu jamais teria disposição para frequentar audiências.

    Para encerrar: o teste é tão eficiente que não mencionou jornalismo. Colocou em primeiro lugar algo que o Ricardo jamais seria e não mencionou aquilo que ele está sendo com mais competência que muitos profissionais e fazendo com satisfação.

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    1. Verdade, Milton. Competência é por sua conta, mas confesso que uma das coisas que mais me atrai é o jornalismo, principalmente quando este não é comprometido com nada mais além da verdade.

      Não sei se eu "faço" jornalismo aqui, mas minha maior preocupação sempre foi a isenção, mesmo contra a minha vontade. Já critiquei e elogiei a Igreja Católica, já defendi a livre manifestação do Candomblé, defendo e ataco os judeus, embora seja ateu, e apesar disso, também sou crítico contumaz do ateísmo, uma doença que cada vez mais se aproxima do abominável e socializante "politicamente correto",e que tenta obrigar todos a pensar da mesma maneira.

      Procuro sempre o equilíbrio ao abordar em todos os outros ramos de atividade humana, e isso me obriga a ter uma certa disciplina, que no dia-a-dia eu não tenho. Realmente, por mais que eu me decepcione com a maioria das coisas que sou "obrigado" a relatar e comentar, o que eu faço aqui é uma cachaça, não dá para abrir mão.

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