Ayrton Senna foi muito bom, provavelmente o melhor piloto da
moderna Formula 1, que começou com o projeto de um chassi para motor traseiro, do
mago Colin Chapman, então na Vanwall, em 1956. Na verdade, foi no início dos
anos 1960, quando a “moda pegou”. Talvez Jim Clark, também morto em um
acidente, aos 32 anos, seja o único comparável a Senna, só que essa comparação
é meio difícil, já que faltam vídeos do escocês e sobram do brasileiro. Muito
embora Schmacher tenha pulverizado todos os recordes de Senna, não dá para
comparar, dada à fragilidade dos adversários do alemão e, é claro, da técnica
de Senna, que tirava vitórias impossíveis da cartola.
Se alguém “viaja” em vídeo com Senna, a bordo de um cockpit
de F1, tem a nítida impressão que quem pilota é um polvo - enquanto pilotos “normais”
faziam uma mudança de marcha, Senna fazia umas cinco, o que possibilitava o
aproveitamento de 100% do motor.
Vejam o como ele faz em um carro de rua numa pista - e com o
câmbio na esquerda!
O acidente que o matou aos 34 anos na curva Tamburello, em
Imola, para mim ainda é um mistério - aliás, para o resto do mundo também. É
público que Senna estava sob stress violento, após o grave acidente com
Barichello nos treinos de sexta-feira e da morte de outro piloto, Rolland
Ratzemberger, nos de sábado, mas o estranho é na pista, que, até onde podemos
ver, o carro não freia e nem esterça as rodas dianteiras, simplesmente sai reto
para o muro. Cheguei a pensar até em suicídio, juro, já que sabe-se lá o que se
passava pela cabeça tão visivelmente perturbada de Senna. Um desmaio talvez,
muito embora sua cabeça tenha se inclinado para a esquerda - a direção da curva
- instintivamente, dois segundos antes, antecipando o contrabalanço da força G
para a direita.
Enfim, sei lá. Mistério.
Em todo caso, muito embora eu torcesse contra Senna - para
mim um mau caráter -, não posso deixar de reconhecê-lo como o melhor piloto que
já vi correr. Furos acima dos outros.
Ele foi o mais ousado, sem dúvida. Não posso falar sobre Fangio ou Jim Clark, mas eu considero o Niki Lauda o melhor que já vi, depois o Jack Stwart e então o Senna. Mas depois do Senna não outro piloto que me agradasse, na época dele eu gostava só dele e do Mansel, os outros eram todos burocráticos e depois deles não apareceu mais nenhum, apenas pilotos burocráticos.
ResponderExcluirJamais vou esquecer a última corrida do Niki Lauda, ficando campeão com o Prost em segundo. Os dois na McLaren, o Lauda precisa do segundo lugar para ser campeão, o Prost precisava vencer e torcer para o Lauda não ficar em segundo. O Prost fez a pole, o Lauda largou em quinto. No sábado à noite vi a entrevista do Lauda: vou passar para quarto na volta tal, para terceiro na volta tal e para segundo na volta tal. Aconteceu com diferença de duas voltas a mais ou a menos do que ele tinha previsto.