O advogado das contas do PT, Sávio Lobato, afirma que o PT não será punido. Como sempre.
Deu no Estado de Minas
O ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), avalia a existência de “fortes indícios” de doação
acima do limite legal por parte de pelo menos cinco empresas ao comitê
financeiro do PT. Mendes é o relator das prestações de contas do partido e da
presidente Dilma Rousseff na campanha à reeleição da petista.
Em despacho na noite de sexta-feira, Mendes pediuà Receita
Federal com urgência dados sobre o faturamento bruto da Gerdau Aços Especiais e
mais quatro empresas: Saepar Serviços e Participações, Solar.BR Participações,
Ponto Veículos e Minerações Brasileiras Reunidas. Juntas, as cinco empresas
doaram R$ 8,83 milhões, somando a destinação de dinheiro ao Diretório Nacional
do PT com doações diretas feitas a Dilma Rousseff e ao Comitê financeiro para a
Presidência da República.
Entre as cinco empresas que tiveram doações contestadas, a
Gerdau foi a que enviou o maior montante à candidatura da presidente Dilma, R$
5,01 milhões, seguida pela Minerações Brasileiras Reunidas, que doou R$ 2,80
milhões. A Solar Participações doou R$ 570 mil, a Ponto Veículos, R$ 450 mil e
a Saepar, R$ 250 mil.
Resolução do TSE em vigor nas eleições de 2014 prevê que as
doações a candidatos sejam limitadas a 2% do faturamento bruto da empresa,
levando em conta o ano-calendário anterior à eleição. No caso dessas contas, a
porcentagem é calculada com base no faturamento de 2013. No início do mês,
Mendes havia solicitado à Receita dados contábeis de empresas que fizeram
doações à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Após a resposta, o ministro pediu informações agora
especificamente sobre as cinco empresas. “Considerando as informações contidas
no ofício (…), que revelam fortes indícios de descumprimento do limite para
doação, oficie-se, com máxima urgência, à Receita Federal para informar, com a
brevidade possível, o faturamento bruto das empresas abaixo relacionadas”,
decidiu Mendes.
O advogado das contas do PT, Sávio Lobato, disse à
reportagem que, mesmo que as empresas tenham excedido o limite de doações, as
punições recairão sob elas, e não ao partido. “Pela legislação, quem faz doação
acima do limite é que deve ser punido”, justifica. A resolução do TSE prevê
pagamento de multa pela empresa no valor de cinco a dez vezes a quantia
extrapolada. Contudo, pode também o candidato responder por abuso do poder
econômico. As empresas que ultrapassam o limite de doação ficam sujeitas também
à proibição de participar de licitações públicas e de firmar contratos com o
poder público por até cinco anos.
Em novembro, Mendes requisitou que as contas da
presidente fossem analisadas também por técnicos do Tribunal de Contas da União
(TCU), da Receita Federal e do Banco Central. A análise das contas do comitê
financeiro nacional do PT e da presidente Dilma está prevista para ser levada
ao plenário do TSE nesta segunda, dois dias antes do prazo máximo que o
Tribunal tem para julgar as prestações de contas.
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