Deu no G1
Após oito anos no comando da Controladoria-Geral da União, o
ministro Jorge Hage informou nesta segunda-feira que está saindo do governo de
Dilma Rousseff. O ministro disse que já apresentou sua carta de demissão à
presidente por não querer continuar em seu segundo mandato.
Hage assumiu como ministro da CGU em junho de 2006 ainda no
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, quando montava seu
primeiro escalão, a presidente Dilma Rousseff chegou a articular a troca de
Hage. A petista convidou Maria Elizabeth Rocha, ministra do Superior Tribunal
Militar, que recusou, alegando desinteresse em deixar o tribunal.
Chefe do órgão responsável por ações de combate à corrupção
no país, Hage deixa o posto na mesma semana em que se comemora o dia
internacional contra a corrupção, em 9 de dezembro.
No mês passado, Hage defendeu que as empreiteiras pegas na
Operação Lava Jato terão de ressarcir a Petrobras pelos danos causados, refazer
contratos superfaturados, entregar os nomes de quem recebeu e pagou propina, e
ainda mostrar como funcionava o esquema dentro da estatal para poderem fechar
os acordos de delação com a CGU.
Durante sua gestão, a CGU foi uma dos responsáveis pela
articulação da lei de acesso a informação pública.
“Eu apresentei à presidente Dilma Rousseff a minha carta
pedindo que ela me dispense do próximo mandato. Apresentei isso nos primeiros
dias de novembro. Então, a minha pretensão é não ter a minha nomeação renovada.
Estou pedindo minha demissão”, ponderou o ministro no evento que homenageia o
Dia Internacional contra a Corrupção, que será celebrado nesta terça.
“Já cumpri com meu dever, já dei a minha contribuição. Já
são 12 anos de Controladoria, sendo nove como ministro. Está na hora de
descansar”, complementou.
Em seu discurso no evento desta segunda-feira, Jorge Hage
lembrou que, em 2014, houve um grande corte orçamentário na CGU. O ministro
destacou que, na opinião dele, é preciso “elevar” o nível de investimentos do
Estado em órgãos de controle.
“Realmente houve um corte grande de despesas. A
Controladoria já tinha historicamente um orçamento pequeno. Nós representamos
um peso ínfimo no orçamento federal, sobretudo se comparado com o que se evita
em desperdício e desvios. Então o que sustento é que é preciso, numa nova fase,
no futuro, elevar o nível de investimento nos órgãos de controle e ampliar o
sistema de controle”, disse Hage.
Em setembro, em plena campanha eleitoral, o chefe da
Controladoria-Geral da União já havia ressaltado ao G1 que a redução de R$ 7,3
milhões no orçamento do órgão, em relação ao de 2013, havia gerado uma situação
de “penúria orçamentária” na pasta. À época, informou o Blog do Camarotti, o
Planalto ficou incomodado com as críticas do ministro da CGU.
Nesta segunda, o ministro voltou a criticar o atual déficit
de auditores na CGU. Hage observou que, desde 2008, o órgão de fiscalização
perdeu 300 auditores. Por isso, contou o ministro, ele teve de realocar
servidores de diversos setores para suprir a demanda de trabalho.
“Em 2008, chegamos a um ponto razoável [no número de
servidores]. De lá para cá, a perda é grande, são 300 auditores a menos. Então
o que fizemos este ano foi remanejar pessoas de uma área para outra. Por
exemplo, na área que cuida de energia, petróleo e gás, tendo em vista
intensificar as auditorias e os trabalhos de corregedoria na Petrobras,
deslocamos servidores dos mais diversos setores para esse setor”, relatou Hage.
Questionado sobre as principais conquistas que a CGU teve
durante a sua passagem como ministro, Hage afirmou que, atualmente, o órgão consegue
“antecipar as condutas ilícitas nas licitações” com a criação do setor “Observatório
da despesa pública”. Esta divisão da CGU cruza bancos de dados de setores
governamentais.
O ministro lamentou o fato de empresas estatais não terem
aderido à análise desses dados. Hage explicou que as estatais possuem sistemas
próprios de licitação.
“É uma pena que as empresas estatais não participem desses
bancos de dados. É preciso agora, numa nova etapa, trazê-las para o foco do
controle, porque atualmente elas têm sistemas de licitação próprios, no caso da
Petrobras. Não utilizam os sistemas corporativos do governo, o que faz com que
elas fiquem fora do alcance dessas atividades”, lamentou o ministro
demissionário.
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