A esses homens-panacéias, a esses
empreiteiros de todas as empreitadas, a esses aviadores de todas as encomendas,
se escancelam os portões da fama, do poderio, da grandeza, e, não contentes de
lhes aplaudir entre os da terra a nulidade, ainda, quando Deus quer, a mandam
expor à admiração do estrangeiro.
Pelo contrário, os que se tem por
notório e incontestável excederem o nível da instrução ordinária, esses para
nada servem. Por quê? Porque “sabem demais”. Sustenta-se aí que a competência
reside, justamente, na incompetência. Vai-se, até, ao incrível de se inculcar
“medo aos preparados”, de havê-los como cidadãos perigosos, e ter-se por dogma
que um homem, cujos estudos passarem da craveira vulgar, não poderia ocupar
qualquer posto mais grado no governo, em país de analfabetos. Se o povo é
analfabeto, só ignorantes estarão em termos de o governar. Nação de
analfabetos, governo de analfabetos. E o que eles, muita vez às escâncaras, e
em letra redonda, por aí dizem.
Trecho da Oração aos Moços, de
Ruy Barbosa (1922).
Será que além de tudo o homem era
vidente?
Uma postagem excelente Ricardo.
ResponderExcluirParece que sim, vai tinha uma bolinha de cristal no bolso.
Pelo andar da carruagem o analfabetismo crescendo, o pais sera governado pela gentalha durante muito, muito tempo. Nem os teus bisnetos irao conhecer uma sociedade politizada e alfabetizada. Ingelizmente.