sexta-feira, 7 de junho de 2013

Médicos e analfabetos


Ontem, quando eu tomava minha cervejinha de lei no bar do Benjamin, um amigo, bombeiro-encanador que usa a saúde (?) pública, me veio com o resultado de um exame de sangue que tinha feito e, junto, o receituário do médico que o tinha atendido no Instituto Oswaldo Cruz.

Peguei a papelada e fui olhando: Série Vermelha normal; Série Branca normal; Colesterol total 163; Outros colesteróis normalíssimos; Triglicerídeos 126; Glicose 78; Sódio, de normal para baixo ; Ácido úrico normal, enfim, um exame invejável para quem tem 60 anos. Nada estava fora dos padrões - para mim já exagerados - exigidos.

Aí eu perguntei:

- E o médico, Marquinhos?

E Marquinhos me entregou o receituário com nada menos que cinco medicamentos para serem tomados. Um para baixar triglicerídeos, outro para baixar o colesterol, outro para baixar a glicose, outro para baixar a pressão e o quinto, não consegui identificar e nem me lembro o nome. Deve ser para “baixar o santo” e apelar para a macumba depois que ele contrair uma pancreatite medicamentosa de tanta bomba que o charlatão lhe receitou.

Ainda na esperança de pelo menos um acerto do médico, perguntei qual era a sua pressão:

- Doze por oito, disse Marquinhos.

- Mas não varia?

- Pelo menos que eu saiba, não.

- Então rasga essa porcaria, não toma nada e, se tiver tempo, volte ao Instituto e manda esse médico à merda!

E tentei explicar por que ele não deveria tomar esse monte de porcarias, do risco dele ter uma hipoglicemia, do risco dele contrair uma pancreatite pelo uso de estatinas para baixar o colesterol, enfim, da desnecessidade e do perigo de ele fazer uso de qualquer um desses medicamentos.

Marquinhos já estava convencido por mim, mas, por sorte, chega outra amiga, Luise, médica e fisioterapeuta que, ao ver o absurdo também se indigna e recomenda a mesma coisa que eu, afinal, se o cara apresenta um laudo perfeito desses, só louco recomendaria o uso de algum remédio. Consertar o quê?

Eu até nem quero ser injusto demais com a saúde pública porque esse furor medicamentoso hoje é generalizado. Eu mesmo já entrei e saí de vários médicos e nunca mais voltei. A última simplesmente me receitou, além de uma receita manipulada com trocentos componentes, um remedinho para baixar minha glicose (120) cujo comprimido custa R$ 8,00 cada, e que eu tinha que tomar dois por dia. Claro que eu não tomei e nem voltei lá. Apesar disso, a minha glicose baixou. Deve ter sido o susto...

Na verdade, hoje, para ser médico, não se precisa muita coisa: basta saber ler e se ele, ao consultar o resultado dos seus exames, descobrir um pontinho fora dos padrões estabelecidos pela indústria médico-farmacêutica, tasca-lhe uma bomba.


O problema é que parece que muitos deles não sabem nem ler...

Um comentário:

  1. Ganham comissao das empresas farmaceuticas, 100 pacientes = 1 viagem a Europa. Ou algo similar.
    Aqui, nem aspirina recomendam, eh tudo muito controlado, quando cheguei na Suecia teria que ter receita para comprar Vicks VapoRub e o medico fez uma entrevista para saber o por rque do uso de tal produto.
    Pensando alem, se o paciente toma remedios sem precisar podera realmente ficar doente e morrer, sera que ha empresas funerarias a pagar comissao?

    "Um medico morreu e foi para a fila onde Sao Pedro decidia o futuro dos recem chegados. SaoPedro pergunta o nome e profissao e o morto responde: Joao, medico.
    Sao Pedro grita, abram a porta de tras, chegou um fornecedor."

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