Ontem, quando eu tomava minha cervejinha de lei no bar do
Benjamin, um amigo, bombeiro-encanador que usa a saúde (?) pública, me veio com
o resultado de um exame de sangue que tinha feito e, junto, o receituário do médico
que o tinha atendido no Instituto Oswaldo Cruz.
Peguei a papelada e fui olhando: Série Vermelha normal;
Série Branca normal; Colesterol total 163; Outros colesteróis normalíssimos;
Triglicerídeos 126; Glicose 78; Sódio, de normal para baixo ; Ácido úrico
normal, enfim, um exame invejável para quem tem 60 anos. Nada estava fora dos
padrões - para mim já exagerados - exigidos.
Aí eu perguntei:
- E o médico, Marquinhos?
E Marquinhos me entregou o receituário com nada menos que
cinco medicamentos para serem tomados. Um para baixar triglicerídeos, outro
para baixar o colesterol, outro para baixar a glicose, outro para baixar a
pressão e o quinto, não consegui identificar e nem me lembro o nome. Deve ser
para “baixar o santo” e apelar para a macumba depois que ele contrair uma
pancreatite medicamentosa de tanta bomba que o charlatão lhe receitou.
Ainda na esperança de pelo menos um acerto do médico,
perguntei qual era a sua pressão:
- Doze por oito, disse Marquinhos.
- Mas não varia?
- Pelo menos que eu saiba, não.
- Então rasga essa porcaria, não toma nada e, se tiver
tempo, volte ao Instituto e manda esse médico à merda!
E tentei explicar por que ele não deveria tomar esse monte
de porcarias, do risco dele ter uma hipoglicemia, do risco dele contrair uma pancreatite
pelo uso de estatinas para baixar o colesterol, enfim, da desnecessidade e do
perigo de ele fazer uso de qualquer um desses medicamentos.
Marquinhos já estava convencido por mim, mas, por sorte, chega
outra amiga, Luise, médica e fisioterapeuta que, ao ver o absurdo também se
indigna e recomenda a mesma coisa que eu, afinal, se o cara apresenta um laudo perfeito
desses, só louco recomendaria o uso de algum remédio. Consertar o quê?
Eu até nem quero ser injusto demais com a saúde pública
porque esse furor medicamentoso hoje é generalizado. Eu mesmo já entrei e saí
de vários médicos e nunca mais voltei. A última simplesmente me receitou, além
de uma receita manipulada com trocentos componentes, um remedinho para baixar
minha glicose (120) cujo comprimido custa R$ 8,00 cada, e que eu tinha que
tomar dois por dia. Claro que eu não tomei e nem voltei lá. Apesar disso, a minha glicose baixou. Deve ter sido o susto...
Na verdade, hoje, para ser médico, não se precisa muita
coisa: basta saber ler e se ele, ao consultar o resultado dos seus exames, descobrir
um pontinho fora dos padrões estabelecidos pela indústria médico-farmacêutica,
tasca-lhe uma bomba.
O problema é que
parece que muitos deles não sabem nem ler...
Ganham comissao das empresas farmaceuticas, 100 pacientes = 1 viagem a Europa. Ou algo similar.
ResponderExcluirAqui, nem aspirina recomendam, eh tudo muito controlado, quando cheguei na Suecia teria que ter receita para comprar Vicks VapoRub e o medico fez uma entrevista para saber o por rque do uso de tal produto.
Pensando alem, se o paciente toma remedios sem precisar podera realmente ficar doente e morrer, sera que ha empresas funerarias a pagar comissao?
"Um medico morreu e foi para a fila onde Sao Pedro decidia o futuro dos recem chegados. SaoPedro pergunta o nome e profissao e o morto responde: Joao, medico.
Sao Pedro grita, abram a porta de tras, chegou um fornecedor."