terça-feira, 18 de junho de 2013

E agora, pra que lado eu vou?

Sampa e o patrocínio dos partidos

Passei a noite coçando a cabeça, tentando entender alguma coisa do que aconteceu ontem, quando pelo menos 240 mil pessoas saíram às ruas para protestar, e a única coisa que eu acho que entendi foi que, apesar da coincidência de data e hora, a manifestação em São Paulo foi a única no Brasil que se manteve fiel ao seu propósito, que seja de protestar contra os famigerados 20 centavos de aumento nas passagens, insuflada que foi pela militância do PT, partido que há décadas tenta, sem sucesso, tirar o PSDB do governo do estado. O alvo claro é a desestabilização de Alkmin, tanto que o PT fretou ônibus para trazer a militância (provavelmente paga) do interior do estado.

Rio
Já no Rio, a coisa foi diferente. Os mauricinhos e patricinhas entediados deram lugar a uma adolescência bem mais ordeira e (parece que) consciente que esqueceu os 20 centavos e protestou contra a corrupção de um modo geral, e contra esse estado de calamidade que se encontra o país, tanto que uma das “palavras de ordem” repetidas em coro pela moçada faziam menção a um protesto sem partidos políticos. Talvez não fossem todos, mas a maioria esmagadora não tinha partido mesmo, tanto que as bandeiras dos famigerados e onipresentes em badernas PSTU e PSOL não foram vistas, a não ser quando um grupo de marginais destruiu o Palácio Tiradentes, onde fica a Assembleia Legislativa do Rio, em um lamentável episódio de vandalismo, isolado, que destoou do resto da manifestação, tanto que, dos cem mil presentes, foram calculados em apenas 600 os protagonistas da barbárie.

Palácio Tiradentes
Não, eu não fiquei nem um pouco surpreso com a destruição do Palácio Tiradentes e do seu entorno - a igreja São José foi toda pichada. Quando eu vi direto pela TV algumas bandeiras e faixas do PSTU - até então sumidas - nas imediações do palácio, tive a certeza que ia sair besteira. Não precisava ser pitonisa. Tanto essa turma destoava, que durante a transmissão ao vivo, a repórter informou que estavam ocorrendo vários roubos de celulares e câmeras. Eram os marginais em ação e, como marginais tinham que ser tratados pela polícia, que subestimou a corja e demorou a dar reforço aos policiais que guardavam a Alerj, tanto que 20 deles foram feridos.

Cúpula da Câmara
O que impressionou também foi a manifestação em Brasília, talvez pela imagem simbólica, onde dez mil garotos e garotas cercaram o Congresso, subiram as rampas e lotaram o telhado onde ficam as duas cúpulas representando o Senado e a Câmara. Também me ocorreu o inusitado que é uma cidade habitada quase que na sua totalidade por funcionários públicos, políticos e suas respectivas famílias ter sido palco de protesto tão significativo contra o governo.

Tal como no Rio, em Brasília a manifestação parece que também foi apartidária, tanto que um tal Pedro Henrich, da direção da “Juventude do PT”, vestido a caráter com uma camiseta do partido, foi se meter a fogueteiro querendo assumir a negociação com a Polícia Legislativa da Câmara em nome do grupo e foi expulso à base de vaias e coisas do tipo “você não nos representa, tira essa camisa”. E saiu de fininho.

Em todo caso, acima de tudo eu estou surpreso principalmente pelos cem mil no Rio. E não eram exclusivamente gays, nem crentes, nem maconheiros: tinha de tudo. Uma população que vive em um torpor político constante, de uma hora para outra mobilizar tanta gente é de se espantar.


Continuo coçando a cabeça tentando entender isso tudo, mas não posso deixar de rir do desespero do Reinaldo Azevedo em tentar achar pelos em ovos em vez de assumir que suas avaliações sobre o movimento estão erradas.

Um comentário:

  1. Ouvido na manifestação do Rio, dirigido aos cumpanhêruszl que seguravam bandeiras do PSTU:
    - êi PSTU, enfia essa bandeira no c..!

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