“Quando se grita ‘sem partido’, nós vemos aí um grande
pedido. E não há democracia sem partido. Não há democracia sem uma forma mínima
de instituição. Sem partido, no fundo, é ditadura.”
Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da
Presidência da República
Na verdade, ninguém ainda conseguiu digerir essa doideira
que ocorreu no Brasil. É palpite pra lá e pra cá, contra, a favor ou
café-com-leite, sem que ninguém consiga explicar por que e tão de repente os
jovens passaram da pasmaceira à atitude quase que guerreira nos protestos. O “resto”
do Brasil aproveitou as “manifestações pelo vintém” dos babaquaras do MPL a
serviço do PT e, num piscar de olhos, botou mais de milhão nas ruas. Alguém
explica?
Mas tudo bem, cada um tem um palpite e, enquanto todos fiquem
restritos à especulação sobre os motivos, nada a declarar. O problema é que uma
boa parte dos “analistas” arvoraram-se em críticos do apartidarismo - ou antipartidarismo,
tanto faz - da esmagadora maioria das manifestações. Ontem mesmo, o Globo, em
seu editorial, concordou com o salafrário Gilberto Carvalho, que disse que
apartidarismo é ditadura, mas este não conta, está apavorado com a ideia de o
PT ter perdido o monopólio de botar gente na rua para protestar, com um detalhe:
ao contrário da claque paga pelos petralhas, esse povo das manifestações dos
últimos dias saiu por livre e espontânea vontade.
Agora me digam se faz sentido que gente decente e com
propósitos - difusos, por certo, mas propósitos - se submeta às lideranças
partidárias de um PT ou PMDB, por exemplo, que juntos compõem a maior quadrilha
que se tem notícia? Ou de um PSDB, a terceira força, a que deveria ser
oposição, mas que há mais de dez anos só faz dizer amém ao que o governo faz?
Que me expliquem também como chegaram a essa conclusão
absurda, porque até onde eu saiba, toda e qualquer ditadura tem um comando, um
líder ligado a um partido. Até mesmo as militares, onde as Forças Armadas
passam a desempenhar essa função, ainda que travestidas.
P.S.: Revolta do Vintém foi um protesto ocorrido entre 28 de
dezembro de 1879 e 4 de janeiro de 1880, nas ruas do Rio de Janeiro, capital do
império brasileiro, contra a cobrança de vinte réis, ou seja, um vintém, nas
passagens dos bondes, instituída pelo ministro da fazenda, Afonso Celso de
Assis Figueiredo, futuro Visconde de Ouro Preto. Aos gritos de "Fora o
vintém" a população espancou os condutores, esfaqueou os burros, virou os
bondes e arrancou os trilhos ao longo da Rua Uruguaiana.
O povo brasileiro mantém em seu modo idiossincrático de viver e olhar seus governante uma dose cavalar de saudades da nobreza portuguesa, e posteriormente brasileira, dos tempos áureos dos imperadores I e II, não do tempo do imperador Adriano, deixo logo claro. Por mais que digam que não, nunca e jamais, os esquerdopatas, os politicamnente corretos etc., além da ralé, têm na alma (me perdoem os antirreligiosos de novo) nos seus subconscientes o amor vagabundo, uma admiração vil e a subserviência total à nobreza e aos nobres. Como não temos mais nobres em nosso tempo além de D.Bertrans que anda sumido, usamos os deputados, senadores etc. como substitutos. Achamos normal um boçal ter um salário astronômico, trezentos assessores, verbas mil e não fazer absolutamente (milimetricamrente medido) nada. É normal para o brasileiro.
ResponderExcluirgovernantes; D.Bertrand
ResponderExcluirEu tenho uma outra opinião, Razu.
ResponderExcluirAcho que o brasileiro sempre cagou e andou para a nobreza e, consequentemente, continua cagando e andando para os senadores, governadores, etc.. A nossa informalidade no trato com "autoridades" é um exemplo disso. Veja Getúlio Vargas, que era tratado por Gegê e, depois, de "O Velho", até por jornalistas, sem dar a mínima bola. Ainda outro dia, as pessoas tratavam o ministro Joaquim Barbosa como simplesmente "Barbosa" ao pedir que ele tirasse fotos junto com elas em uma livraria aqui em Ipanema, e ele também não se importou.
Nós não temos essa subserviência toda que você cita, muito pelo contrário: o nosso mal é a indiferença, que não distingue o bebum do seu lado no boteco, do sujeito que tem por obrigação ser probo, decente, de servir como exemplo e, portanto, não cobra nada.