De O Globo.
“Abajo
y a la izquierda está el corazón”. A frase do subcomandante Marcos, do
Exército Zapatista de Libertação Nacional, do México, embala o discurso do
Movimento do Passe Livre (MPL), que deu início às manifestações pelo país,
forçando a queda no preço das tarifas de transporte público. “Abaixo” estão os
grupos marginalizados e as minorias, que o MPL chama de “os de baixo”. E “à
esquerda”, o discurso anticapitalista. Formado por universitários da USP e
trabalhadores da periferia, o movimento se intitula anticapitalista,
apartidário, pacífico, autônomo e horizontal.
Zapatista recebe bandeira de militante o MPL de Brasília no México, em 2007 |
Alguns dos militantes do MPL, como Luiza Calagian, paulista
de 19 anos, já atravessaram o continente para conhecer as comunidades
zapatistas de Chiapas, que ganharam atenção mundial em 1994, quando os
zapatistas baixaram as armas e passaram a negociar direitos indígenas com o
governo mexicano pacificamente. Viraram exemplo para os novos movimentos
sociais que se organizavam contra os efeitos da globalização.
Como os zapatistas, o MPL se difere dos partidos na forma
horizontal de se organizar, em que tudo é decidido coletivamente. Não existem
cargos nem líderes. Todos falam em nome do movimento. Nas ruas, não têm carro
de som nem comício, para não ditarem o discurso dos “de baixo”.
“Marcos é um gay em São Francisco, um negro na África do Sul,
um asiático na Europa, um chicano em San Isidro, um anarquista na Espanha...”.
Nos anos 90, o subcomandante Marcos, o intelectual da Universidade Autônoma do
México que se embrenhou pela selva de Chiapas para lutar com os indígenas,
tornou-se quase uma lenda. Questionados sobre quem seria o subcomandante -
“sub” porque o comandante são os índios, os zapatistas, que cobrem o rosto com
máscaras -, respondem: “Todos somos Marcos”. No Brasil, o MPL tenta seguir por
uma linha semelhante:
“Podemos ser qualquer um de vocês”. Mayara Vivian, 23 anos, representante do movimento
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