sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Organizando o kardecismo no Toma Mais Uma

Em vista da confusão que se armou nos comentários do post em que escrevi sobre o livro do Milton Valdameri, “A Farsa dos Espíritas”, vamos organizar a suruba

O livro não menciona, em momento algum, de como o kardecismo chegou ao Brasil. Ponto, parágrafo.

O comentário do Milton sobre esse fato foi em razão de uma instigação minha no post. Ponto, parágrafo.

O comentário do Milton foi antecedido por uma explicação do próprio, confessando antes que não tinha pesquisado o assunto: “não poderei abordar com a devida propriedade”, disse ele. Ponto final no assunto.

Agora, se quiserem discutir sobre a chegada do kardecismo ao Brasil, sem fazer referência ao livro, sintam-se à vontade.

Diga-se de passagem, se a chegada ao Brasil foi tão confusa quanto a chegada ao TMU, eu temo pelo estado do kardecismo no País...

11 comentários:

  1. ahahahahahahhahahahahahahahhahahahahahah.

    Deixem o TMU em paz, se quiserem duelar que vao ao blog da dilma.

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  2. Pô!, Froes, organizar a suruba com a "ciência" do século XIX vai ficar difícil "pá dedeu" - foi um século marcado pelas fraudes em todos os campos

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  3. Marcos Arduin

    Ah! Querem (acho que na verdade não querem) saber da chegada do Espiritismo no Brasil? Bem, vai aqui um breve resumo.

    Kardec ainda era vivo quando um grupo da Bahia correspondeu-se com ele e conseguiu algumas publicações de caráter espírita. Esse pessoal lançou a primeira publicação espírita, o Echo de Além Túmulo. Outros no Rio de Janeiro tomaram conhecimento disso e se interessaram pela coisa, mas essa coisa começou mal e porcamente.
    Veio junto uma obra espúria: Os Quatro Evangelhos, de Jean B. Roustaing. Essa obra espúria é uma total distorção do Espiritismo, adulterando vários de seus ensinamentos, mas AGRADOU IMENSAMENTE os primeiros espíritas por um motivo muito simples: eram egressos do Catolicismo.

    Certo, esses espíritas-novos já não se sentiam espiritualmente satisfeitos na Igreja Mãe. Seus dogmas já não os satisfaziam. Sacomé: as igrejas cristãs, todas elas, deveriam nos trazer as provas da nossa continuidade espiritual além da morte, mas neste particular, são da mais lamentável indigência. Então deram a sorte de encontrar uma filosofia de consequências morais que preenchia essa lacuna.

    Mas junto com ela, vinham coisas EXTREMAMENTE DOLOROSAS para aqueles ex-católicos, mas ainda carolas. No Espiritismo, Maria casou-se com o José, transou numa boa com ele e teve vários filhos, sendo Jesus o seu primogênito. O espírito que animou Jesus é só um irmão espiritual mais velho, que teve uma evolução espiritual exatamente igual aos outros, sem nenhum favor, nem ajuda, nada. Isso quer dizer que ele pode ter animado personalidades equivalentes a um Hitler, Átila, Gêngis Khan, Torquemada, Tarmelão, Mao Tsé Tung, Josef Stalin, Pol Pot, Sérgio Paranhos Fleury? Sim, perfeitamente, assim como os espíritos que animaram esse bando de crápulas um dia serão espíritos tão bons e evoluídos como Jesus é. Essas duas coisas eram "sapos dendrobratas" que esses primeiros espíritas não estavam dispostos a engolir.

    Mas eis que leram a obra salvadora: os tais Quatro Evangelhos. Eles não passam de um contrabando de dogmas católicos para o Espiritismo. Neste, o espírito é criado na forma de princípio inteligente e progride ao longo das encarnações em corpos animais, passando de mundos primitivos até mundos mais evoluídos, mas sendo sempre animais. Até aqui Roustaing concorda.

    Aí então, esses princípios inteligentes, ao final de seu processo, finalmente adquirem consciência própria e tornam-se espíritos. Eles retornam aos mundos primitivos para novas encarnações, mas agora em HUMANOS. Prosseguindo sua evolução em corpos humanos, eles avançam por mundos cada vez mais evoluídos até que finalmente alcançam a condição de ESPÍRITO PURO, quando então não mais está sujeito a encarnar. Isso é o que diz o Espiritismo.
    Mas Roustaing mudou tudo isso. Para ele, os espíritos evoluem na condição de espíritos SEM ENCARNAR (perguntando sobre isso, Kardec recebeu como resposta de que se o espírito permanece só na condição de espírito, sem encarnar, ele ficaria ESTACIONÁRIO em sua evolução). Roustaing desconsiderou isso e postulou que os tais espíritos evoluiriam assim mesmo até atingir altos graus de evolução... Mas aí escorregam numa titica espiritual, tornando-se orgulhosos, invejosos e até ateus. Com esse inexplicável retrocesso, eles são punidos com a reencarnação. Os primeiros vão encarnar logo em humanos, mas os ateus serão punidos com a "encarnação humana primitiva", encarnando-se em lesmas nos mundos primitivos. Roustaing chamou a essas lesmas de "criptógamos carnudos". O rustenista Luciano dos Anjos Filho tenta salvar a tolice dizendo que os tais criptógamos são embriões humanos que se desenvolvem extra uterinamente... Se ninguém percebeu, isso é só a reintrodução do Pecado Original no Espiritismo.

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  4. Marcos Arduin (continuando)

    Mas alguns espíritos, muito poucos por sinal, pisam na titica espiritual sem escorregar e tornam-se espíritos puros. São aqueles que "evoluíram em linha reta para Deus". E o Jesus é um desses. Sendo um espírito tão puro, não poderia encarnar-se e assim apareceu por aqui como um ser fantasmagórico materializado (é o resgate da heresia Docetista). Assim Maria teve uma gravidez e parto ilusórios, amamentava o "menino" Jesus, mas o leite era recolhido pelos Espíritos Superiores (sempre eles!) e devolvido à corrente sanguínea dela. Faltou Roustaing explicar que esses Espíritos Superiores deveriam trazer bosta e mijo para as fraldas do "menino" Jesus, pois senão Maria ia achar que algo estava errado...
    Assim então, o nascimento, a vida e a morte de Jesus foi tudo um simulacro. Ainda sobre esse Jesus rustenista, na lista de seus atributos espirituais há tanta coisa que uma pessoa atenta faria a pergunta: _ Mas faltou o que para esse Jesus ser Deus? Resposta: NADA. Então, para a alegria desses espíritas novos, foi-lhes devolvido também o Cristo-Deus.

    Por conta desses absurdos, eles encamparam o Rustenismo, pois agora podiam adorar novamente o Cristo-Deus e colocar a Deusa Mãe, a Virgem Santíssima (é: Maria nunca transou, segundo o Roustaing) de volta na peanha.

    Esses grupos iniciais foram liderados por um espírito que se apresentava como anjo Ismael, vários fracassaram até que Bezerra de Menezes organizou a tal Federação Espírita Brasileira. O espírita aí era só o nome, pois eram de fato rustenistas. Espertamente, a fim de eliminar os concorrentes, Bezerra os convidou a fazer parte da FEB, garantindo que suas ideias e propostas seriam respeitadas. Foi um passa moleque, pois só quem fosse rustenista roxo podia ser dirigente e diretor da FEB, os outros eram só "frequentadores"...

    Posteriormente surgiu o tal Chico Xavier, ex-católico, que teve por mentor um tal de Emmanuel que teria sido o Padre Manuel da Nóbrega e com suas obras, foi cooptado pela FEB devido ao sucesso crescente. Chico foi um rustenista também. O tal Emmanuel ditou-lhe uma autobiografia, dizendo ter sido Públio Lêntulo Cornélio, senador romano e governador da província Judeia, antes de Pilatos. Deus me livre, que mentira cabeluda! Públio Lêntulo Cornélio NUNCA EXISTIU. Ele foi um personagem inventado para dar autoria a uma carta apócrifa que desde a Idade Média circulava para satisfazer a curiosidade dos fiéis sobre como teria sido Jesus fisicamente.

    Por enquanto é só.

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    1. Marcos, não seja irônico. Nem li seu comentário ainda porque a primeira frase me obrigou a criticar a sua postura. Se eu pedi ao Milton que ele falasse a respeito do assunto, é porque, quero sim, saber como o kardecismo veio parar no Brasil.

      Posto isto, vou ler mais tarde o que você postou, com a devida atenção e com a curiosidade que fez com que eu pedisse ao Milton um livro sobre o assunto.

      Obrigado.

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    2. Bom, Marcos, para quem se propôs a contar a história do kardecismo no Brasil, ficou faltando muita coisa. Você se perdeu no meio de rustenismos explicou o Jesus espírita (ou espírito) mas de história mesmo, muito pouco. Dá até a entender que o kardecismo chegou aqui por carta e que, na verdade, o kardecismo praticado aqui é falsificado pela influência maciça desse Roustaing.

      É isso mesmo?

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    3. Aliás, me esclareça uma coisa: há algum sinal de sincretismo com a igreja católica por parte de Kardec? Eu digo do próprio, não do kardecismo praticado.

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    4. Marcos Arduin
      Bem, Ricardo, não foi minha intenção escrever a história do Espiritismo no Brasil em minúcias. Tenho mais o que fazer e se quer saber dessa história, é só procurar na internet. O trabalho mais interessante, embora não trate exatamente da fase inicial, é o livro de Mauro Quintela (http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/Q_autores/QUINTELLA_Mauro_tit_Historia_do_Espiritismo_no_Brasil.htm)
      Mas é só procurar que você acha.

      O Espiritismo no Brasil tendeu ao aspecto religioso (embora o Espiritismo não seja religião) exatamente por influência da FEB e do Rustenismo. Vários espíritas não percebem sutilezas rustenistas que passam nos livros do Chico Xavier, mas as obras grosseiramente rustenistas NUNCA tiveram aceitação no meio espírita. A FEB publicava obras de Kardec e estas vendiam MUITO, enquanto que as obras rustenistas ficavam com vendas minguadas.

      Tanto quanto eu saiba, NÃO HOUVE nenhum sincretismo por parte de Kardec em relação à fé católica, embora essa fosse predominante na França. O que houve, no máximo, foi o aproveitamento dos ensinamentos MORAIS de Jesus (reunidos no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo). Este era o melhor modelo possível e assim Kardec o usou, sem pensar em reinventar a roda.

      Isso é o que eu sei

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  5. Sobre a chegada do espiritismo ao Brasil, volto a afirmar que muito difícil pesquisar sobre a questão, tenho versões diferentes dessa apresentada pelo Marcos Arduin. Mas preparei um artigo sobre a relação dos kardecistas com a abolição da escravatura. Segue o artigo no próximo comentário.

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  6. Espiritismo e abolição da escravatura

    Como o texto excede o limite de caracteres, vou disponibiliza-lo em link público:

    https://dl.dropboxusercontent.com/u/94552853/Espiritismo_e_Abolicao.doc

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  7. Marcos Arduin
    Lendo o seu texto, Milton, noto alguns problemas.
    Uma coisa é meia dúzia de gatos pingados manifestarem suas opiniões pessoais e, coincidentemente, serem membros de alguma organização religiosa. Daí então não se pode dizer que o que aqueles personagens disseram seja um pronunciamento EM NOME DO ESPIRITISMO.

    Outra coisa estranha para quem se apresenta como competente historiador é a pergunta: quanto o kardecismo contribuiu para dificultar e/ou impedir a acensão econômica e social dos negros no Brasil?
    Se você fosse mesmo um historiador, saberia que a resposta é: zero, nada, nenhuma. Os espíritas eram umas poucas centenas, em grupos dispersos, sem qualquer influência política ou econômica e ainda eram mal vistos pelos católicos e protestantes. Que influência esses micro grupelhos teriam?

    Já li mais de 50 obras cristãs anti-espíritas e uma coisa gozada que noto atualmente é que os críticos atuais soltam uma pérola: _ O racista Allan Kardec... Mas tal frase NÃO ENCONTREI em nenhuma das obras cristãs que li. Por que? Porque HOJE o racismo é politicamente incorreto, mas até pouco tempo atrás NÃO ERA (embora o fosse legalmente, com a Lei Afonso Arinos). Contudo, aproveitando a sua queixa contra os espíritas que não falaram na integração dos ex-escravos na sociedade, deixe-me contar uma história real ocorrida na cidade onde resido: São Carlos - SP.
    Por aqui passou a educadora espírita Anália Franco em 1908. E ela organizou umas escolinhas para crianças pobres e a catolicíssima sociedade sãocarlense quase a botou daqui pra fora pois ela cometeu uma indecência INADMISSÍVEL numa cidade tão cristã: ela colocou crianças brancas E NEGRAS para estudarem JUNTAS.
    Veja se me explica essa: Anália Franco, espírita, seguidora do racista brutal e grosseiro Allan Kardec não viu problema em juntar crianças brancas e negras num mesmo espaço. Porém a gente seguidora de Nosso Senhor Jesus Cristo achou isso uma barbaridade inaceitável.
    Manda ver

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