domingo, 26 de janeiro de 2014

Os “barões e tabeliões” de Santayana. Ou serão os “barães e tabeliães”?...

Mauro Santayana (Rio Grande do Sul, 1932) é um jornalista brasileiro. Embora tenha estudado apenas até o segundo ano do antigo primário, o equivalente ao atual terceiro ano do ensino fundamental, ocupou, como jornalista autodidata, cargos destacados nos principais órgãos da imprensa brasileira, especialmente na mídia impressa, como Folha de S. Paulo, Gazeta Mercantil, Correio Brasiliense e Jornal do Brasil, no qual mantém uma coluna sobre política. Também escreve regularmente para a Carta Maior, é comentarista de televisão e mantêm um blog, onde escreve artigos e crônicas sobre política, economia e relações internacionais.

Foi Diretor Presidente do “Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais”, na área Cultural.

Foi adido cultural do Brasil em Roma, entre 1987 e 1990. Em 1968, integrou a “Comissão de Estudos Constitucionais do Ministério da Justiça”, que elaborava propostas para os Constituintes de 1977.

A princípio está explicada a falta de intimidade de Mauro Santayana com a língua portuguesa: o cara estudou menos que o Lula! Eu só gostaria de entender como é que ele pode ter ocupado “cargos destacados” em tantos órgãos de imprensa como jornalista, apesar do desconhecimento do idioma, da falta de diploma e da pobreza de raciocínio.

E mais, adido cultural em Roma?!!! Bom, era no governo Sarney...

Mas leiam o primor do seu artigo:

Cartel e Nação

Mauro Santayana

Desde a instituição, em 1536, pelo Rei Dom João III, de Portugal, das Capitanias Hereditárias, o Brasil sofre com a maldição dos monopólios e da cartelização.

Dentro das capitanias, o senhor explorava seus prepostos, nas sesmarias, exercendo a exclusividade da compra e da venda e da fixação de preços das mercadorias, da mesma forma que a Coroa Portuguesa fazia com ele.

O que, antes, era imposto pelo sistema colonial português, transformou-se, com o passar dos anos, em traço marcante da cultura nacional e do estilo “empreendedor” brasileiro. Criamos um país de barões, tabeliões (sic) e coronéis, interventores nomeados e pequenos comerciantes, sempre empenhados em ver o público em geral mais como objeto de exploração pura e simples do que como clientes ou consumidores.

Em que pese a “herança maldita” de Dom João III, lá se vão quase 500 anos, tempo mais que suficiente para qualquer país se livrar de qualquer resquício de um período entre o fim da Idade Média e o começo do Renascimento. É bom lembrar que a Austrália, país que foi descoberto por holandeses em 1606, reivindicada pelos britânicos em 1770 e inicialmente colonizada por presos transportados para lá a partir de 1788, é melhor que nós em tudo que diz respeito a civilização, que o Chile, uma tripa geograficamente prejudicada em forma e localização, também é melhor que nós em tudo e que a respeito dos Estados Unidos e o Canadá não se precisa nem falar.

E “tabeliões” é o cacete, Santayana!

Entre-se em uma feira qualquer, e em poucos minutos, se descobrirá que existe uma espécie de “acordão” entre comerciantes locais. Se a picanha, no “seu” José, está um real mais cara que no “ seu” Manuel, pode ter certeza de que a chã de dentro vai estar um real mais cara no segundo açougue, para compensar. O mesmo se dará com o peixe, a banana, o tomate, a alface, etc, etc, etc.

Quem se der ao trabalho de calcular, vai ver que não faz a menor diferença parar em uma ou outra banca. Só muda a cara ou a forma da pessoa atender. Sempre se ajeita tudo para que ninguém saia perdendo, desde que ele não seja consumidor.

Está se vendo que Santayana, apesar da pose toda de comunista, deve ter uma “boa” empregada doméstica que faz as compras por ele. Boa para os vendedores mas mente para o patrão. De feira ele não entende nada! Prova disso é que, segundo ele, compra-se picanha lá. Além de tudo há muita variação de preços nas feiras sim! Sexta feira, por exemplo, na mesma feira, eu encontrei tomates italianos exatamente iguais a três e a seis reais.

E se ele quiser comprar picanha no Supermercado Zona Sul aqui em Ipanema ou em algum outro mercado do bairro (há pouquíssimos), eu desaconselho: a mais barata está a R$ 39,70 por quilo, mas se ele andar um pouquinho até Copacabana vai encontrar a R$ 18,00, menos da metade do preço.

Se isso ocorre no comércio de bairro, imagine-se nos grandes negócios. Monopólios, cartéis formados para burlar licitações, ou para divisão de mercado, são a coisa mais normal no Brasil.

Na telefonia, por exemplo, depois da criminosa desnacionalização do setor nos anos noventa, a concentração em mãos estrangeiras da parte do leão das telecomunicações faz com que estejamos pagando das mais altas tarifas do mundo, em uma área que é campeã de reclamações.

O último episódio nessa longa série de escárnios ao cidadão brasileiro foi a suspensão, na semana passada, pela enésima vez, da tentativa de se proceder a licitação de linhas interestaduais de passageiros, que continuam, na prática, nas mãos das mesmas empresas, desde o regime militar.

No setor, a concorrência é tão grande, que as quatro viações que fazem a ligação entre o Rio de Janeiro e São Paulo, a rota de maior movimento do país, cobram rigorosamente o mesmo preço pela passagem de ônibus convencional.

O decreto que previa a licitação é de 1993, a escolha das vencedoras já deveria ter sido feita em 2008, mas a licitação tem sido sucessivamente adiada e não saiu até hoje.

E mesmo assim, quando isso ocorrer, só poderão participar dela – pasmem! – empresas que já operam nesse mercado.  Os “concorrentes” continuarão sendo os mesmos “conhecidos” de sempre. Só haverá algumas mudanças, como a que obrigará empresas mais rentáveis a atender trechos de menor retorno financeiro.

Quanto ao resto, ou sejam, “monopólios, cartéis formados para burlar licitações, ou para divisão de mercado” não são culpa do capitalismo ou das privatizações, mas sim do governo. 

Agora, imaginem o Brasil de Santayana: se os detentores do poder, os petralhas, não têm competência nem para fiscalizar coisas banais e óbvias, dá para pensar neles administrando alguma coisa sem vir logo à cabeça o que estão fazendo com a Petrobras, a Eletrobras e outras empresas mais?

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