Gaudêncio Torquato, em seu artigo “O Tempo”, resume com
propriedade algumas das qualidades obrigatórias a um bom candidato, um bom
político, mas, mais que para os políticos, o resumo é útil para o eleitor tentar
enquadrar seu candidato a essas exigências básicas.
O ano que se inicia será um dos mais competitivos das
últimas décadas, principalmente na esfera política. As razões apontam para o
esgotamento do nosso modelo de fazer política, a partir de velhas práticas de
campanhas eleitorais. A impressão final é a de que o retrato desfigurado está a
merecer urgente retoque. Fichas-sujas, por exemplo, não podem continuar no mapa
eleitoral.
Os ingredientes que entrarão na composição da nova tintura
hão de absorver a química de setores e categorias mais participativas, exigentes
e dispostas a enfrentar a resistência de defensores de obsoleta arquitetura
política. A coletividade parece descer do céu da abstração para ser uma força
na paisagem.
O curto dicionário abaixo poderá servir de baliza para
milhares de candidatos na tentativa de aprimorar suas relações com a comunidade
nacional.
Estado e nação – O Estado, infelizmente, está bastante
distante da nação com que os cidadãos sonham. A nação é a pátria que acolhe os
filhos; é o habitat onde as pessoas constroem os pilares da existência. O
Estado é a entidade técnico-jurídica, com seu arcabouço de Poderes, pressionada
por interesses díspares e dividida por conflitos. Aproximar o Estado da nação,
formando o espírito nacional, constitui a missão basilar da política.
Representação – A representação política é missão, não
profissão. A política não é um balcão de negócios. Um representante do povo se
preocupa com metas, programas permanentes, medidas estruturantes.
Identidade – A identidade é a coluna vertebral de um
político. É a soma de sua história, de seu pensamento, de suas percepções e de
seus feitos.
Discurso – O discurso deve abrigar propostas concretas,
viáveis, simples. E, sobretudo, factíveis. A população dispõe de entidades que
a representam. Resta ao político procurar tal universo.
Grito das ruas – O grito das ruas faz-se ouvir nos espaços
dos Poderes em todas as instâncias. Expressam a vontade de uma nova ordem
social e política. Urge abrir os ouvidos e a mente para interpretar o
significado de cada movimento.
Sabedoria – Sabedoria não significa vivacidade. Mescla
aprendizagem, compromisso, equilíbrio, busca de conhecimentos, capacidade de
convivência, racionalidade. Não é populismo.
Transparência – A era do esconderijo está agônica. Esconder
(mal)feitos é um perigo. A corrupção, mesmo dando sinais de sobrevida, é
atacada em muitas frentes. Grandes figuras foram (e continuarão a ser) punidas.
O público e o privado começam a ter limites controlados.
Simplicidade – Despojamento, eis um apreciado conceito. Ser simples não
é pegar crianças no colo, comer cachorro-quente na esquina ou gesticular para
famílias nas calçadas. A simplicidade está no ato de pensar, dizer e agir com
naturalidade. Sem artimanhas nem maquiagens.
A intenção foi boa, mas no primeiro verbete (você e eu entendemos) tenho profundas dúvidas sobre melhorar a compreensão do eleitor, seria melhor o termo função ao invés de missão. Já estou realizando Carolina... o fdp discursando assim: não sou candidato por profissão, sou candidato por que é minha missão. E o eleitor... bem... sei lá... entende?...
ResponderExcluirXiiiiiiii! - vai faltar candidato!
ResponderExcluirA questão das propostas chegam a causar arrepios, se os eleitores resolverem votar em propostas vão nascer propostas em tudo quanto é lugar... Proposta da Silva, Proposta Rodrigues, Proposta Smith, Maria da Proposta, Proposta da Proposta, Eugênio da Proposta, Jacinto Proposta....
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