Em Paris, Joaquim Barbosa, com toda a razão, ontem criticou os
ministros que o substituíram no cargo por não terem assinado o mandado de
prisão do mensaleiro João Paulo Cunha.
“Se eu estivesse como substituto jamais hesitaria em tomar
essa decisão. O presidente do STF responde pelo tribunal no período em que
estiver lá, à frente. Responde sobretudo a questões urgentes. Se é urgente ou
não, é avaliação que cada um faz”, declarou Barbosa.
Barbosa disse ainda que não teve tempo hábil para assinar o
pedido de prisão de João Paulo Cunha porque terminou a decisão pouco antes das
18h e que saiu para viajar de madrugada: “Só depois de divulgada a decisão é
que se emite o mandado, se fazem as comunicações à Câmara dos Deputados, ao
juiz da Vara de Execuções. Nada disso é feito antes da decisão. Portanto, eu
não poderia ter feito isso, porque já estava voando para o exterior”.
A verdade é que nem Carmen Lucia nem Ricardo Lewandowski se
interessaram em assinar o mandado de prisão de João Paulo Cunha por motivos
óbvios: querem tirar o deles da reta e, como bem lembrou Barbosa, “querem
transformar decisões coletivas em decisões de Joaquim Barbosa”.
A falta de continuidade, por motivos covardes e
interesseiros, num processo importante como o mensalão mostra a bagunça que
impera na Justiça brasileira.
E a baderna se avilta ainda mais com as idiotices impunes proferidas
pelo advogado Alberto Toron, que defendeu João Paulo Cunha no julgamento do mensalão,
criticando as declarações feitas por Barbosa:
“Eu ouço isso com a maior estranheza. Ele deixou de cumprir
o dever dele e agora põe a culpa pela não efetivação da prisão do deputado João
Paulo Cunha nos colegas dele. É o fim da picada. Eu acho que não tem que dizer
muito mais do que isso. E ele confortavelmente dando seu rolezinho em Paris.”
A verdade é que a Justiça brasileira é um lixo que, na
medida em que crescem as importâncias das Cortes aproximando-se perigosamente
do poder, mais fede. Arrisco a dizer que se o Poder Judiciário funcionasse a
contento 90% dos problemas do País estariam resolvidos. E houvesse cadeia!
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