Como Elio Gaspari é muito chato, resolvi filtrar uns dados
de um texto, publicado hoje no Globo, onde ele fala sobre os 13 ex-ministros da
Fazenda que, junto a 11 ex-presidentes do Banco Central, assinaram um manifesto
prevendo a ruína nacional caso STF aceite os pleitos dos poupadores
reivindicando ressarcimento de supostas perdas. Aliás, eu tenho as minhas
dúvidas sobre a competência dos ministros do supremo nesse caso específico.
Mas Elio lembra que dos 13 ministros signatários, apenas cinco
têm a autoridade do desempenho para falar em defesa da moeda, pois
restabeleceram seu valor e nunca mexeram no bolso do quem guardou sua poupança
nas cadernetas. São Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, Rubens Ricupero,
Ciro Gomes e Antonio Palocci.
Os oito restantes, à exceção de Delfim Netto na primeira vez
que foi ministro da Fazenda (1967-1974), “entraram no cargo prometendo conter a
inflação e foram-se embora deixando para o sucessor uma taxa mais elevada ou
ainda na faixa dos quatro dígitos”. Senão vejamos:
Ernane Galvêas chegou ao ministério em 1980 e saiu em 1985.
Foi condômino da segunda encarnação de Delfim. Fechou seu primeiro ano com a
inflação em 110%, medida pelo IGP-DI da Fundação Getulio Vargas. Em 1984 ela
foi para 223%.
Luiz Carlos Bresser-Pereira foi para a Fazenda em abril de
1987 e saiu em dezembro. No ano, a inflação chegou a 415%. Nesse período ele
concebeu o Plano Bresser, que foi o primeiro avanço sobre a remuneração da
poupança.
Mailson da Nóbrega ficou no cargo de maio de 1987 a março de
1990. Em 1988 a inflação chegou a 1.037%. Ele concebeu o Plano Verão e, ao
final de 1989 o IGP-DI fechou em 1.782%.
Zélia Cardoso de Mello conduziu os Planos Collor 1 e 2.
Ficou no cargo de março de 1990 a maio de 1991. Em 1990 a inflação ficou em
1.476%.
Marcilio Marques Moreira assumiu em maio de 1991 e foi embora
em outubro de 1992. Nesse ano o IGP-DI ficou em 1.157%.
Gustavo Krause e Paulo Haddad estiveram poucos meses no
ministério, entre o final de 1992 e o início de 1993, ano em que a inflação
chegou a 2.708%.”
“O manifesto poderia ter sido assinado pelos cinco
ex-ministros capazes de dizer que, tendo reequilibrado as finanças nacionais,
usam a própria autoridade para recomendar ao Supremo que dê razão à banca.
Seria possível discordar deles, mas não se lhes poderia contestar os
currículos. Quando aos cinco juntaram-se oito cavaleiros da ruína, formou-se um
bloco. Certamente, não é o desempenho que os une. É a defesa dos bancos. Ganha
uma viagem a Paris quem souber de outro tema capaz de gerar semelhante coesão.”
Eu não posso deixar
de concordar com Elio quando ele descredencia esses oito a emitir qualquer
opinião sobre o tema. O pior é que a gente ainda é submetido à desagradável surpresa
de vê-los até hoje emitindo opiniões nos mais abalizados órgãos de imprensa,
como se não carregassem em suas bagagens as ideias e informações que
inviabilizaram economicamente o país por longos anos.
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