segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

“Se um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo, a violência no mundo será maior”

Luiz Felipe Pondé: A deliciosa nudez castigada

A repressão ao sexo mudou de lugar, agora ela está ali onde se situa o discurso “por um mundo melhor”. As antigas “freiras” e senhoras protestantes de preto, que falavam de pecado e babavam de ódio das mais gostosas, agora propõem a extinção do sexo pago em nome da “justiça social”. Ou seja, a puta, a garota de programa, deve deixar de existir. Antes era o pecado, agora é a “exploração do corpo”.

O conceito de pecado implica em desejo reprimido (o que dá tesão), o de “exploração” não pressupõe o desejo, mas sim o papo-furado do “capital malvado”. Gente chata essa que fala de “controle político do corpo”.

Meu Deus, quando é que nos tornamos tão incapazes de entender um mínimo da natureza humana? Já sei: desde que criamos essa noção autoritária de “lutar por um mundo melhor”.

Se um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo (de modo direto e sem rodeios), a violência no mundo será ainda maior. Sexo e amor sempre custam dinheiro, além de outras coisas. Aliás, a garota de programa é a mulher menos cara do mundo, custa só dinheiro.

Outras relações custam vínculos, jantarzinhos, longas conversas, “DRs”, incertezas quanto à retribuição do investimento de desejo, tempo e dinheiro. Entre essas meninas que trocam dinheiro por sexo, as melhores são aquelas que o fazem porque gostam do que fazem. Aliás, como em toda profissão.

Na Antiguidade, em muitos lugares, essas mulheres generosas faziam parte do processo de transformar um menino num homem. Mesmo em rotinas religiosas e espirituais. Na Bíblia, o numero de personagens prostitutas importantes é razoável. Dirão algumas pessoas mais nervosas que isso é “machismo”, mas elas não entendem nada de sexo nem de mulher.

Nelson Rodrigues falava de “uma vocação ancestral”. Diria eu, um arquétipo. O mundo fica mais pobre cada vez que esta vocação se torna muda. Tranque-a num quarto e seu perfume atravessará as paredes. Seu desejo escorrerá por debaixo da porta. Esconda-a sob véus, ela ressurgirá nos olhos, nos lábios, nos fios de cabelo. Seja nas roupas, na maquiagem, no modo de andar, de se sentar, de cruzar as pernas, de pensar, de sonhar, as melhores mulheres exalam cheiro de sexo como um dos modos de se relacionar com o mundo. Na filosofia se chama isso de erotismo.

A psicologia evolucionista considera a mulher que troca sexo por dinheiro um salto adaptativo. Elas mantêm o poligenismo masculino sob controle porque não exigem investimento afetivo em troca. Antes uma delas do que uma colega de trabalho. Não se pode falar isso, mas todo mundo sabe disso. Com a colega vem o risco da semelhança de interesses, da convergência de gostos, e o pior, a possível sensibilidade compartilhada.

Mas, eis que o Monsieur Normal, leia-se, o chato do François Hollande, presidente da França, resolveu multar quem for pego com uma dessas mulheres generosas. Não vai adiantar, só vai aumentar a violência, o crime, a distancia geográfica entre o homem e a mulher que querem fazer sexo sem complicações.

Mas, seguramente, vai aumentar a arrecadação do Estado, única coisa que socialista entende de economia. No resto, são analfabetos que só atrapalham o mundo. O que alimenta o socialismo como visão de mundo é a inveja dos que não conseguem ganhar dinheiro contra os que conseguem. De novo, o pecado (a inveja), ilumina melhor nossa natureza do que o blá-blá-blá da política como redenção do mundo.

Os “corretos” falam em “profissional do sexo”, porque consideram a expressão puta ou garota de programa um desrespeito com essas mulheres. Pura hipocrisia, como sempre, quando se fala de pessoas que querem “um mundo melhor”. Como dizia o filósofo Emil Cioran, vizinhos que são indiferentes são melhores do que vizinhos que têm uma “visão de mundo”.

Mas, graças a Deus (que nos entende melhor do que esses santinhos de pau oco), essa lei não vai adiantar porque quanto mais se castiga a nudez paga da mulher, mais deliciosa ela fica. Ao final, a mulher que troca sexo por dinheiro, sempre é mais desejada quando encontrá-la fica ainda mais caro.

2 comentários:

  1. Por via de regra, eu gosto do Luiz Felipe Pondé, mas recentemente me decepcionei muito uma frase dele, que citarei depois. O Pondé poderia ter abordado o tem da prostituição com mais propriedade, capacidade não lhe falta. Existe uma variante na prostituição que deve ser combatida com veemência, o aliciamento. Se uma mulher deseja fazer sexo com várias pessoas por dia, de graça, ela não se enquadrará na condição de prostituta, então se alguém aceitar pagar pelo sexo a situação muda apenas do grátis para o não grátis, pois até aonde eu entendo o sexo continuará sendo o mesmo.
    Posso estar muito equivocado, mas o que deve ser considerado prostituição e combatido com veemência é o aliciamento de pessoas para fazerem sexo por dinheiro que será entregue aos aliciadores. Qual diferença entre seduzir uma mulher levando-a a um restaurante caríssimo e oferecer o dinheiro do jantar ao invés do jantar propriamente dito? Qual a diferença entre dar um presente caro e dar o dinheiro para que ela compre o que quiser? Mas há uma grande diferença entre a mulher ficar com o dinheiro e o dinheiro ficar com o "patrão".

    A frase do Pondé que me decepcionou foi citada no seguinte blog e postagem:
    http://www.paulopes.com.br/2011/03/livro-afirma-que-mahatma-gandhi-foi.html#.Uq9xHSeFeoA
    e tem um link para um artigo do Pondé na Folha, postado no mesmo blog, de onde a frase foi tirada.
    A frase é a seguinte: "Quem diz amar a humanidade geralmente detesta seu semelhante", mas no artigo está assim: "Normalmente quem ama a humanidade detesta seu semelhante".

    Minha crítica é a seguinte: destruir reputações não é argumento, é desonestidade intelectual conhecida como falácia Ad Hominem. Infelizmente existe um movimento muito grande para destruir reputações como forma de argumentação, lamento que o Pondé esteja fazendo parte dessa mistificação, ele tem capacidade para produzir melhores artigos.

    Vamos à frase. Se normalmente quem diz amar a humanidade detesta seu semelhante, então quem não detesta seu semelhante normalmente não ama a humanidade, ou não pode dizer que ama a humanidade. Por acaso é possível amar seu semelhante e não amar a humanidade? Existe alguém na humanidade que não é seu semelhante? Quem ama seu semelhante ama Hitler?

    No meu entendimento, estão destruindo a reputação de pacifistas e humanistas para intimar os indivíduos de se manifestarem contra guerras ou a favor de propostas que trariam benefícios coletivos, simplesmente por que passarão por pessoas que detestam seus semelhantes. Então se você não concorda com guerra no Iraque, você detesta seu semelhante, se você apoia a construção de escolas nas comunidades pobres, você detesta seu semelhante. Você só não será um pacifista ou humanista, que detesta seu semelhante, se ficar limitado ao seus interesses pessoas, danem-se os que estão morrendo de fome longe de você, danem-se os que estão morrendo nas guerras longe de você.

    John Kennedy era pacifista, mas apoiava a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, enquanto que os conservadores diziam simplesmente que não tinham nada a ver com aquilo. Einstein era pacifista, mas apoiou a construção da bomba atômica para que o nazismo não o fizesse antes. Ser pacifista e humanista não faz alguém ser melhor que os outros, a reputação de um indivíduo não pode ser avaliada por ser ou não ser pacifista/humanista.

    Os mistificadores estão criando mais uma falsa dicotomia, da mesma forma como a esquerda diz que ser direita é errado, a direita diz que ser esquerda é errado, não importa o que o indivíduo faz ou deixa de fazer, a direita dirá que ele é de esquerda e a esquerda dirá que ele é de direita. Agora ser pacifista será referência de certo errado, alguns entenderão que ser pacifista é cometer os erros que os pacifistas cometem e não ser pacifista é não cometer aqueles erros.

    Deixo aqui a seguinte pergunta para o Pondé: os erros que estão sendo apontados nos pacifistas e humanistas não foram cometidos por anti pacifistas, nas mesmas épocas e nas mesmas circunstâncias históricas?

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  2. Gostei do comentario do Milton.

    Quando ao Ponde, acho que ele bebe pouco e pensa que sabe demais.
    Tem uma visao sobre prostituicao cavernosa, machista e sexista.
    Chega a ser um texto burro, seco e sem qualquer utilidade a nao ser o incentivo a prostituicao.
    Blé, blé, blé. No comeco achei que os textos dele eram bons, enganei-me.
    Talvez fosse melhor ele ir consertar bicicletas, como psicologo, filosofo ou seja lá a profissao dele ou quebra galho que exerce nao convence, o melhor mesmo é ele ir consertar bicicletas.

    Eu nao amo a humanidade, amo certos humanos, nao amo o meu semelhante, amo alguns semelhantes, como poderia amarpor exempl os dois mulcumanos que esquartejaram um soldado ingles em plena rua? Devo amar o meu semelhante mesmo ele tendo valores que nao batem com os meus? Nao, nao sou nada cinica e nem hipocrita, amo seletivamente e assim sempre será.
    Rosquinhas para o politicamente correcto.

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