domingo, 15 de dezembro de 2013

Cleber Metralha

- Fala seu Cleber Metralha!
- Pa-para, To-to-toninho! Na-não va-vem de sa-sa-sacanagem, q-que eu pa-preciso trabalhar.
- Parar o quê? Eu não falei nada!
- N-não fa-fi-falou mas pa-pi-pensou!
- Papipensei nada! O que é que tem pro almoço hoje nessa espelunca? Pela hora não deve ter sobrado nada, né?
- É, t-tem só ca-carré e pica-pica...
- Isso você dá pra sua mãe, seu safado!
- Caaalma! Ia fa-falar que tem s-só ca-carré e pica-picadinho!
- Ah bom! O carré vem com quê?
- A-arroz, f-feijão e co-co, co-co...
- Cocô?
- Co-cocô n-não! Co-couve e fi-farofa!
- Fifarofa é bom... E o raio do picadinho, é de quê?
- Co-co...
- Lá vem você com cocô de novo! Couve?
- N-não, pa-porra! Co-contra-fi-fi-filé.
- E o que acompanha?
- Ba-ba, ba-ba...
- Baba? O cozinheiro é epilético?
- N-não, ba-batata, ca-ca...
- Caca? Quanta porcaria!
- N-não, cha-chega! Eu ia di-dizer ba-batata, ca-cacete!
- Tá, tá... Me dá o carré mesmo, bem passadinho!
- Fa-falou! Va-vai querer ce-ce...
- Que cecê, Cleber? Pra que que eu vou querer cecê?
- Ce-cerveja, po-porra!
- Ah, vou sim! Me dá uma Antárctica.
- Anta-Anta...
- Anta é você, seu babaca!
- N-não! Antárctica n-ão te-tem! Te-tem Sko-kol e Schin-Schin...
- Saúde!
- Sa-saúde por q-quê?
- Ué, você não espirrou?
- Na-não! Ia fa-falar q-que tem S-skol e Schin-Schincariol!
- Skol então. Que pedidinho complicado esse! Imagina se tivesse uns dez tipos de prato!
- Vo-você é q-que ca-complica tu-tudo!
- Ah, eu?
- Se-severino, sa-sai um ca-carré be-bem passissado!
- Cleber, bota a cerveja logo.
- J-já tá n-na ma-mão, Ti-toninho.
- Ih, olha aqui o que eu achei debaixo do banco!
- Docu, docu...
- Ô cara, eu respeito as suas preferências sexuais, mas se você quiser dar, procura outro, me respeita!
- N-não! E-eu ia pe-perguntar s-se eram docu-documentos, pa-porra!
- Ah, que susto! São documentos sim, toma que pode ser de algum cliente.
- De-deixa eu v-ver. É cli-cliente s-sim, Rai-Raimundo No-nonato Be-be...
- Bebê? Mas tem até bigode na foto!
- Be-bezerra, po-pombas!
- Tá, então guarda e entrega pra ele que eu agora vou comer. Cadê o equipamento?
- Q-que equi-equipamento?
- O kit-salvação: sal-de-frutas, papel higiênico e velas.
- P-pra q-que isso?
- Se a comida não cair bem, tomo o sal-de-frutas; se ele não fizer efeito, vou ao banheiro e uso o papel, e se não tiver jeito, as velas encomendam minha alma.
- T-tu é pa-palhaço mesmo, hem?
- Bom, agora é sério, vou comer. Atende o Fon-Fon que tá chegando. O papo promete...
- Fa-fala F-fon-F-fon!
- Dûdo bõm, Glêbêr? Me dã um cãhé.
- Fa-falou! S-severino, s-sai um ca-carré!
- Gue cahé, Glêbêr? Êu bedi cãhé!
- E n-não f-foi isso q-que eu pe-pedi?
- Glêbêr, eu bedi cãhé, dum bedi cãhé!
- Ma-mas fo-foi isso q-que eu pe-pedi ca-cacete!
- Glêbêr: cãhé é cãhé e cãhé é cãhé!
- Ô vocês dois! Posso entrar com a tradução?
- Fãlã Dõninho!
- Na-ni-num v-vem de saca-sacanagem não!
- Sem sacanagem! O Fon-Fon quer é um café e não um carré, pombas!
- E-ele ta-também n-não expipaplica! Pa-parece que n-ão sa-sabe f-falar da-direito!
- Guêm dum sãbe fãlãr é võcê, zeu gãgo!
- Eu falei que o papo prometia...

P.S.: Eu juro que essa conversa do fanho com o gago, foi real, acreditem. Os nomes também são verdadeiros; Cleber atendia num bar que servia refeições e Fonfon, que ganhou esse apelido por ser fanho, era encanador e trabalhava em uma oficina na mesma galeria do bar. Os dois se encontravam diariamente e a história do café com carré eu mesmo presenciei, assim como a do pica-pica... picadinho que ele ofereceu justo para duas beatas da Igreja N.S.da Paz.

5 comentários:

  1. Fui no "Toma Mais Uma Piada" e nao me deixaram comentar. "Só quem tem membro poderá faze-lo" ahahahahahahhahaah
    "Só os membros do grupo deste blog podem fazer comentários."
    Como faco para ter membro para fazer comentarios?

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    1. Não faz. Eu optei por não permitir comentários nos meus outros blogs porque senão ia ficar maluco. Mal dou conta daqui...
      Preferi concentrar tudo. Pode comentar aqui mesmo que eu comunico ao meu alter-ego...

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  2. Já dizia o filósofo Chacrinha: quem não se comunica se trumbica. Aconteceu um episódio interessante na minha vida. Eu atendia um escritório de contabilidade (informática) e alguns clientes do escritório. Certo dia saí de um cliente (meu e do escritório) e fui até o escritório de contabilidade, chegando lá perguntaram que história era aquela de "mandar o prato" para a empresa de onde eu recém havia chegado. Não entendi bolufas, mas no dia seguinte fui novamente no primeiro cliente e descobri que uma funcionária que havia sido contratada há poucos dias ficou encarregada de ligar para o escritório de contabilidade e pedir o EXTRATO que a gerente financeira precisava. A gerente disse: liga lá e pede o extrato, a funcionária entendeu: liga lá e pede o prato. Ninguém era gago nem fanho nessa história, mas como você costuma dizer, contando ninguém acredita.

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  3. Ah bom! Já estava sentindo-me uma exclusa.

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