“O governo diz que a PF está fazendo um trabalho de
qualidade, com muitas operações. Mas não é verdade”
Jones Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais
Federais.
Segundo a Federação Nacional dos Policiais Federais
(Fenapef), o governo e a direção da PF tentam mascarar o baixo desempenho com a
deflagração precipitada de grandes operações. A manobra daria a falsa impressão
de que a instituição está funcionando com toda sua capacidade operacional, e
que as queixas contra a baixa produção seriam improcedentes. A precipitação das
operações diminuiria o impacto político de algumas investigações.
Um relatório da Fenapef aponta queda significativa em
investigações dos crimes de peculato, concussão, emprego irregular de verba
pública, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, entre outros crimes que,
em linhas gerais, indicam malversação de recursos públicos. A queda acentuada
das operações de combate à corrupção se deu a partir de 2007, quando o delegado
Luiz Fernando Corrêa assumiu a direção da PF em substituição a Paulo Lacerda. A
baixa produção se prolongou na administração do atual diretor, Leandro Daiello,
que está no cargo desde o início do governo Dilma.
Pelos dados da Fenapef, o total de indiciamentos nesses
crimes caiu de 10.164, em 2007, para 1.472, em 2013 - uma redução de 86%;
em 2010 a PF indiciou 3.874 pessoas por formação de
quadrilha e de janeiro até o fim de novembro de 2013, 759 pessoas;
em 2010 a PF indiciou 771 pessoas por peculato, contra 185
em 2013;
em 2010 a PF indiciou 9 pessoas por emprego irregular de
verba pública, contra uma em 2013;
em 2010 a PF indiciou 99 pessoas por concussão (cobrança de
propina), contra 14 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 367 pessoas por corrupção passiva, contra
78 em 2013;
em 2010 a PF indiciou 456 pessoas por lavagem, contra 123 em
2013;
em 2010 a PF indiciou 1.201 pessoas por crime contra o
sistema financeiro e não há dados sobre 2013.
Bom, como afirmou o presidente da Federação Nacional dos
Policiais Federais, o governo mente, e isso não é novidade. A gravidade não
está na mentira do governo, mas sim na sua manobra evidente para livrar a cara
do pessoal da sua base de sustentação, os corruptos e os corruptores.
Vocês acreditam em coincidência? Eu não! Não foi por acaso
que essa redução das ações da PF começou em 2007. Refrescando a memória, no dia
28 de agosto de 2007, depois de cinco dias e mais de 30 horas de julgamento, o
Supremo tornou réus em ação penal todos os 40 acusados pela Procuradoria Geral
da República de envolvimento no mensalão. Não foi por acaso que, em setembro de
2007, o então presidente apedeuta tirou Paulo Lacerda e botou Luiz Fernando
Corrêa no comando da PF.
Em um país que o ministro da Justiça engaveta informações
sobre seus comparsas, tudo é possível. Ou por outra, tudo isso é mais que
provável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário