sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Multidões

Quem me conhece bem sabe que desde a mais tenra idade sou avesso a grandes eventos, comemorações festivas, enfim, tudo que reúna mais de meia dúzia de pessoas. Fiz duas concessões das quais me arrependo amargamente, ambas no Maracanã.

A primeira, em 1969 fui ver um Brasil e Paraguai com um amigo e chegamos atrasados em função dos engarrafamentos, mas mesmo assim entramos. Entrar pelo meio da arquibancada, nem pensar, tudo entupido. Subimos e conseguimos um “lugar” em pé - na ponta dos pés, melhor dizendo - lá na última fila. Desconfortavelmente acomodados vendo o Maraca entupido, mas mesmo assim não parava de chegar gente e eu, na ponta dos pés, cada vez mais espremido.

E o Brasil entra em campo. Poderia ter sido a última coisa que vi na vida: levei um empurrão e rolei lá de cima, passando sobre as cabeças das pessoas que iam me empurrando cada vez mais para baixo, até que, a poucos degraus da amurada de ferro onde terminava a arquibancada, uma alma caridosa, um negão 3x4, me segurou e arrumou um jeito para que eu sentasse (não foi no colo dele, juro!), e de lá não saí até o jogo acabar. O público oficial desse jogo foi de 183 mil pessoas.

Apesar do susto e das diversas escoriações, não satisfeito, resolvi ver um Vasco e Santos, também no Maraca, ainda em 1969. Não havia muita gente: 65 mil pessoas, oficialmente. Acontece que Pelé, antes de entrar em campo, estava com 999 gols na carreira e, um gênio qualquer da turma que foi comigo sugeriu que sentássemos atrás do gol do Santos, onde havia lugar de sobra porque todos foram para trás do gol do Vasco ver o tal gol 1.000.

Acaba o primeiro tempo e apenas um gol, do Vasco. Como Pelé não estivesse jogando xongas, visivelmente nervoso, o tal gênio sugeriu que ficássemos no mesmo lugar, no segundo tempo, embora metade da gente da arquibancada tivesse migrado para lá. A coisa apertou, mas ainda estava suportável.

Começa o segundo tempo e sai um gol do Santos, mas não de Pelé. 1 a 1 e o jogo chato pra dedéu, até que no finzinho do jogo o negão cai na área do Vasco: pênalti! Quiuspariu! Os “arquibaldos” todos resolveram se espremer ali, onde eu estava. Até que o pênalti fosse batido demorou uma eternidade e deu tempo de todo mundo que estava na arquibancada chegar até atrás do gol. Que sufoco! Eu estava tão espremido que fiquei praticamente suspenso, mal tocando os pés no chão e com uma falta de ar danada. E Pelé fez o gol. Budabariu treis veiz! Se já estava um sufoco com todo mundo parado, imaginem com todo mundo pulando... Só sei que nessa brincadeira um amigo meu aterrissou em falso e quebrou o pé, enquanto outro levou com a ponta de um mastro de bandeira nas fuças que lhe rasgou a bochecha. Milagrosamente eu saí ileso dessa, para nunca mais.

Mas, pombas!, eu ia falar do réveillon em Copacabana! Fica pra depois.

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