“Si quiere
detectar un turista [en Cuba] es facil: mira hacia arriba, balcones, capiteles.
Nosotros miramos abajo, baches, fosas albañales.” Yoani Sanchez
Por supuesto.
Anteontem eu assisti um filme na TV Brasil chamado “Vacaciones
con Fidel”. Não é lindjo? Principalmente se levarmos em conta que ele foi
exibido em um canal cuja proposta é exibir filmes brasileiros. Esse, apesar
do título é argentino.
Trata-se de um documentário feito por um hermano celerado
que pegou a mulher e os três filhos e foi passar suas “vacaciones” em Cuba, com
o propósito de conhecer aquela espelunca e, pasmem, tentar passar aos filhos,
de dois, cinco e nove anos, o “espírito do socialismo”. Em resumo, o cara é um
debiloide.
Para começo de conversa, o filme tem o maior cuidado em não
mostrar a Cuba que nós estamos habituados a ver. As pouquíssimas cenas de rua
são escolhidas a dedo e exibem alguns caixotes pintadinhos em Santiago de Cuba,
que eles chamam de casas, muito parecidas com as casas feitas pelo PAC daqui, mas
não exibem as ruínas que servem de moradia para 90% dos cubanos.
Idem os carros. Não vi nenhum calhambeque dos anos 50, mas
também não vi nenhum que tenha menos de 30 anos de fabricação, a não ser o da
doutora Guevara, a filha médica de Che. Diga-se de passagem, o motorista do taxi - ou fosse lá o que fosse aquele
veículo - que os levou do aeroporto de Santiago até o lugar onde eles iriam
ficar, revelou que ganhava 318 pesos (15 dólares) por mês e que Cuba lhe
fornecia o resto necessário para viver, muito embora seu pai tivesse fugido
para Miami dez anos antes, sem querer saber de voltar, a não ser para ver a
família. O rapaz deve ser do PFC: Parentes Fora de Cuba, que mandam grana.
Na filmagem do hospital onde trabalha a filha do Che, mais ou menos limpinho, embora sem o menor sinal de algum equipamento, por mais básico que seja, ela aparece recomendando a um senhor uma dieta de 48 horas comendo apenas arroz e
melão, sem prescrever remédio algum, para, ao se despedir, dizer que o
encaminharia a um dermatologista. Fiquei morrendo de curiosidade para saber
qual é a ziquizira de pele que se cura dessa maneira.
Bom, voltando ao argentino e sua família, não sei se por
opção ou por não existirem hotéis, eles se hospedaram em casas de família, ao
que tudo indica, licenciadas para fazer esse tipo de coisa, muito embora a
resposta de um dos anfitriões ao ser indagado pelo argentino se tinha licença
do governo para alugar seus aposentos tenha sido evasiva.
Mas o mais interessante do documentário são os depoimentos
desse povo de uma meia dúzia de privilegiados que têm casas espaçosas para alugar - recebem em dólar - e seus amigos. Não houve um que se declarasse socialista ou comunista:
todos, acima de tudo, se declararam fidelistas. A gente conhece bem esse tipo
de culto, já que passamos pelo getulismo - que até hoje deixou sequelas - e
agora vivemos o lulismo - que continua deixando. Nada que se possa comparar com
o peronismo, mas, somando, quem sabe?
Uma outra coisa que me chamou atenção e talvez seja o
aspecto mais importante sobre a personalidade dos cubanos, foi a total falta de
ambição de todos eles. Pode parecer estranho generalizar ao falar em
personalidade, mas, em se tratando de Cuba, tudo é possível. A passividade e o
conformismo dos cubanos, mesmo dos que se disseram cultos e, de certa forma,
exibiram alguma cultura, é impressionante. É uma incrível douração da pílula da
miséria por parte de todos, que dão valores exagerados a qualquer coisa que
seja exceção ao padrão de escassez extrema, como comer carne de porco uma vez
por ano. E ainda brindam em uníssono: viva Cuba libre! Quem sabe seja apenas o drink?...
E o documentário vai chegando ao fim com palavras do
argentino em sérias elocubrações e dúvidas sobre se os filhos conseguiram
assimilar alguma coisa daquela “maravilha” socialista, para terminar, já na
Argentina, documentando a exposição do trabalho escolar do filho mais velho
sobre Che Guevara...
Hermanito porteño:
entrega el centro de su culo para salvar a los bordes!