Sincretismo entre política e religião: taí uma coisa que eu
nunca consegui entender. Presumo que esta seja mais uma invenção tupiniquim,
como outras, feitas para não se entender mesmo. Refiro-me mais especificamente
aos comunistas daqui, que desde priscas eras conseguem abraçar Marx e Engels sem
largar os altares, as hóstias, os tantãs e os atabaques. Um dos pioneiros foi
Jorge Amado, que teve uma isquemia quando soube da queda do Muro de Berlim, mas
nunca se descuidou das bênçãos à Mãe Menininha do Gantois. Hoje temos como
exemplo o sinistro dos Esportes, Aldo Rebelo, do PCdoB, comuna desde a mais
tenra idade, apesar de ser conhecido também como o maior “puxador” de novenas
de Brasília.
Diga-se de passagem, eu não quero fazer nenhuma crítica à
ideologia política comunista e nem estou usando o termo “comunista”
pejorativamente.
Mas eis que ontem, o jornalista ítalo-brasileiro Elio
Gaspari, comunista, me sai com um texto cujo título garrafal é “O Templo de
Salomão é um monumento à fé”, e desanda a dizer asneiras em torno do tema.
Senão vejamos:
A Igreja Universal do Reino de Deus
inaugurou em São Paulo seu Templo de Salomão. É uma construção monumental,
capaz de receber 10 mil pessoas, o dobro da lotação da Basílica de Aparecida.
Sua fachada tem 56 metros de altura, 13 metros mais que a de São Pedro, em
Roma. Custou zero à Viúva e foi erguida com dinheiro da fé do povo.
O Templo de Salomão haverá de se
tornar um símbolo da cidade e da fé dos brasileiros. Esse aspecto supera as
tramoias administrativas praticadas na sua construção. (O templo foi erguido
como se fosse apenas a reforma de uma edificação demolida.) A fé dos
evangélicos costuma ser depreciada, como se fosse produto da ingenuidade do
andar de baixo.
É pura demofobia.
Só por aí, já dá para escrever um livro sobre teoria da
asneira. É, no mínimo, muita cara de pau dizer que o templo “custou zero à
Viúva” e, logo abaixo citar as “tramoias administrativas praticadas na sua
construção”. Como é que pode se dizer que uma obra, cujo registro já é uma
fraude, não custou nada aos cofres públicos? Quanto terá sido fraudado em grana
pelo registro como reforma em vez de construção?
Desde quando “transformar” um galpão de 2.500 metros
quadrados em um templo monstruoso de 70.000 metros quadrados é reformar? Macedo
usou desse expediente porque, caso o registro fosse de construção, 40% da área construída
teria que ser reservada para moradias populares, ou seja, 30.000 metros
quadrados. Aliás, sabe-se que o templo foi construído com um inadequado alvará
de reforma, concedido em 2008 pelo setor de aprovações da Secretaria Municipal
de Habitação, então a cargo de Hussein Aref Saab, afastado em 2012 sob suspeita
de enriquecimento ilícito.
Outra coisa: ao falar que a obra “foi erguida com dinheiro
da fé do povo”, faltou muito de reflexão ao Elio. Macedo é hoje um dos homens
mais ricos do país, cuja fortuna pessoal chega a R$ 2 bilhões, ou seja, cada um
dos 2 milhões de “fieis” da Universal foi tungado (termo que Elio adora) em mil
reais só para encher os bolsos dessa figura execrável. Isso, sem contar com a
construção do templo - erguido a um custo de R$ 680 milhões -, onde cada um “morreu”
em mais R$ 340. Falar em fé exige muito cuidado. Se é a fé em um deus que leva crentes
a desatinos como o de depositar seu dinheirinho suado nas mãos de um crápula
que se diz representante divino na Terra, eles foram enganados, se é a fé nas
promessas de enriquecimento e cura do crápula, mediante um pixulé, eles foram extorquidos
e, se é a fé adquirida através da hábil manipulação de mentes - a lavagem
cerebral -, eles foram roubados.
Quanto a dizer que os críticos de tudo isso padecem de “demofobia”,
é mais uma estupidez e falta de raciocínio. Quem procura esse tipo de “igreja”
não o faz por necessidade de fé, mas sim por necessidades materiais, porque o
Estado não cumpre o seu papel. Ao prometerem mundos e fundos, desde a cura de uma
unha encravada ao sucesso financeiro, essas crenças entram nesse buraco deixado
pelos governos, notadamente na área da Saúde, digamos, subjetiva: não há
tratamentos públicos para alcoolismo, vício em drogas em geral, depressão e
distúrbios psíquicos como um todo e, fazendo-se justiça, em muitos casos as “igrejas”
obtêm resultados paliativos bastante razoáveis, embora não suficientes em
termos individuais e a um custo elevado, para esses problemas que deveriam ter
tratamentos oficiais e gratuitos.
Portanto, quando se critica essas arapucas religiosas,
faz-se pensando no povo. Demofobia seria não dar a mínima para essa gente que
precisa muito mais de um Estado que os liberte de tantos males do que de uma
religião que incuta em seus cérebros mais temores, conte mentiras, prometa o
impossível, resolva as coisas pela metade e lhes roube dinheiro.
As denominações evangélicas
expandiram-se associando fé religiosa e autoestima a um sentido de comunidade.
Há bispos evangélicos vigaristas, sem dúvida, mas até hoje o papa Francisco
batalha para limpar a Cúria vaticana.
O padre Marcial Maciel, um pedófilo
promíscuo, quindim da plutocracia mexicana e figura influente no pontificado de
João Paulo 2º, não pode ser usado para para discutir a espiritualidade dos seus
fiéis. O bronze das magníficas colunas do baldaquim de São Pedro foi tirado do
Pantheon romano. A catedral da Cidade do México foi construída com as pedras
coletadas na destruição do templo azteca de Tenochtitlán.
Uma coisa é uma coisa e outra coisa
é outra coisa. O Templo de Salomão, como a Basílica de São Pedro e a Catedral
do México, são símbolos da fé dos povos. Quem não consegue entender a fé alheia
pode se habilitar a um pacote turístico de três dias em Gaza.
Para terminar, Elio usa argumentos profundamente ridículos
citando podres de outras religiões como se isso justificasse alguma coisa. Quer
dizer que porque dez caras enfiam a cabeça debaixo de um trem, eu devo enfiar
também? Que raio de moral relativista é essa?
Quem não entende a fé
alheia é o próprio Elio, que a confunde, principalmente, com a ostentação de
templos e igrejas que não são símbolos de nada além da ambição desmedida dos “representantes”
de deuses na Terra.
Elio Gaspari se superou, só faltou dizer que Dilma errou em trazer médicos cubanos porque deveria ter trazido pastores evangélicos cubanos.
ResponderExcluirMas tem duas falhas suas, Ricardo:
Primeiro: não é Marx e Hegel, o correto é Marx e Engels. Hegel foi um filósofo que Marx leu e jamais entendeu. Engels foi o filho de um dos caras mais ricos da Europa, o pai deu uma fábrica (acho que de roupas) para ele cuidar, mas ele nunca quis nada com essa coisa de trabalhar, foi ele quem sustentou Marx.
Segundo: Jorge Amado mandou o comunismo a merda quando foram Nikita Krushev denunciou os crimes do Stalin, que por sinal foram comandados pelo próprio Nikita. Jorge era muito amigo de Mãe Menininha, mas não era membro do Gantois. Jorge Amado sempre se declarou ateu.
Tem razão. Na pressa eu bolei as trocas. Corrigido e obrigado.
ExcluirQuanto a Jorge, eu não abro mão. Tanto que Zelia, sua mulher, foi quem relatou o motivo da isquemia, de tão nervoso que Jorge ficou ao receber a notícia da queda do muro.
Além disso, Jorge se declarar ateu e um cachorro evacuar, faz o mesmo efeito, até porque ele pode perfeitamente ter sido ateu, mas ter sido o religioso que sempre foi - basta ver as tantas e tantas vezes que ele se valeu de Mãe Menininha -, e o comunismo não combate o teísmo, e sim as religiões.
Gostei muito, muito do teu texto.
ResponderExcluirO Elio é evangélico? Se não é porque não tem um pingo de vergonha. Esse homem é totalmente disfuncional, mental e sofre de "ébolapetista."
Eu nunca gostei da figura do Joge Amado, não o conheci pessoalmente, somente através da literacia que produziu, não li todos os livros que escreveu, bastaram 3 para que deixasse de lado as chances.
Não o considero o maior escritor brasileiro, nem de longe, nunca teve nada a ver com a minha cultura excepto o idioma.
Embora tenha sido outro comunista embrulhado o Saramago a ganhar o primeiro Nobel de literatura em língua portuguesa , fiquei menos decepcionada.
Um ateu pode ser conservador, um comunista também poderá ser evangélico, etc, etc, etc.
O bobalhão equatoriano é "beato" vai com a mae na missa todos os domingos e foi ao Vaticano trajando roupa étnica e com a mae a tiracolo quando da missa para celebrar o novo papado.
Elio deve ser evangélio...
Excluir1/ CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta negro da historia do Brasil autor do poema o PROTESTO Hino Nacional da luta da Consciência Negra Afro-brasileira, em celebração completou 87 anos de vida. CARLOS DE ASSUMPÇÃO nasceu 23 de maio de 1927 em Tiete-SP completando 87 anos de vida com sua família, amigos e nós da ORGANIZAÇÃO NEGRA NACIONAL QUILOMBO O. N. N. Q. FUNDADO 20/11/1970 (E diversas entidades e admiradores parabenizam o aniversario de 87 anos do mestre poeta negro Carlos Assumpção) tivemos a honra orgulho e satisfação de ligar para a histórica pessoa desejando felicidades, saúde e agradecer a Carlos de Assunpção pela sua obra gigante, em especial o poema o Protesto que para muitos é o maior e o mais significante poema dos afros brasileiros o Hino Nacional dos negros. “O Protesto” é o poema mais emblemático dos Afros Brasileiros e uns das América Negra, a escravidão em sua dor e as cicatrizes contemporâneas da inconsciência pragmática da alta sociedade permanente perversa no Poema “O Protesto” foi lançado 1958, na alegria do Brasil campeão de futebol, mas havia impropriedades e povo brasileiro era mal condicionado e hoje na Copa Mundial de Futebol no Brasil 2014 o poema “O Protesto” de Carlos de Assunpção está mais vivo com o povo na revolução para (Queda da Bas. Brasil.tilha) as manifestações reivindicatórias por justiça social econômica do povo brasileiro que desperta na reflexão do vivo protesto.
ResponderExcluirO mestre Milton Santos dizia os versos do Protesto e o discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington. «I have a Dream» (Eu tenho um sonho) foram os dois maiores clamores pela liberdade, direitos, paz e justiça dos afros americanos. São centenas de jornalistas, críticos e intelectuais do Brasil e de todo mundo que elogia a (O Protesto) (Manifestação que é negra essência poderosa na transformação dos ideais do povo) obra enaltece com eloquência o divisor de águas inquestionável do racismo e cordialidade vigente do Brasil Mas a ditadura e o monopólio da mídia e manipulação das elites que dominam o Brasil censuram o poema Protesto de Carlos de Assunpção que é nosso protesto histórico e renasce e manifesta e congregam os negros e todos os oprimidos, injustiçados desta nação que faz a Copa do Mundo gastando bilhões para uma ilusão de um mês que poderá ser triste ou alegre para o povo brasileiro este mesmo que às vezes não tem ou economiza centavos para as necessidades básicas e até para sua sobrevivência e dos seus. No Brasil
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
quilombonnq@bol.com.br
Que você me desculpe, mas Hino Nacional, só tem um - "Hino Nacional dos negros" é uma grossa besteira. Ou será que você gostaria que eu compusesse um "Hino Nacional dos bramcos"?
ExcluirRicardo Froes "Hino Nacional dos bramcos"? e porque não a bramcos ( brancos ) e brancas maravilhos que no conjunto de suas obras marecem o valor e o respeito a seren exaltados. a muita gente que acha a Biblia Sagrada uma grossa besteira, bobagens.babaca até uma B? tudo é quetão de ponto de vista, eu respeito.
ExcluirMarecem? Seren? Quetão?
Excluir2/ CARLOS DE ASSUMPÇÃO – O maior poeta negro da historia do Brasil autor do poema o
ResponderExcluir.
Poema. Protesto de CARLOS DE ASSUMPÇÃO
Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar
Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria
Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que esta gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é
E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vitima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantara
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do País
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrima
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
É entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura
Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria
Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh'alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.
Organização Negra Nacional Quilombo ONNQ 20/11/1970 –
quilombonnq@bol.com.br
(argento) ... um lamento oriundo da consciência do sofrimento. Lamento que este BraZiu seja um fruto do Egoísmo e da Ganância. Se tivessem Inteligência, estes gananciosos, estimulariam a expansão socio-econômica, assim, gerariam mais riqueza, aumentando, automaticamente (por consequência natural) Suas próprios riquezas - a Burrice é uma Merda!!! (argento)
ResponderExcluir(argento) ... sim, "País Rico é País Sem Pobreza", pena que foi só uma estratégia Marqueteira de Mequetrefes (filhos da puta mesmo!) ... (argento)
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