Lucas Berlanza Corrêa: Entendendo o ininteligível - Com o
Professor Flavio Dino
Uma ocorrência curiosa chamou a atenção na corrida pelo
governo do Maranhão. Na sexta-feira, 22 de agosto, a afiliada da Rede Globo, TV
Mirante, promoveu uma curta entrevista com o candidato do PCdoB, Flavio Dino,
professor de Direito na Universidade Federal do Maranhão. O repórter Sidney
Pereira foi o condutor. O evento seria muito mais propriamente do interesse dos
maranhenses, não fosse por alguns detalhes bastante pitorescos do “interrogatório”.
Pereira perguntou a Flavio Dino, baseando-se no que diz o
estatuto de seu partido, o maoísta PCdoB – o mesmo representado pela já
conhecida hipocrisia de Jandira Feghali, e que defendeu a luta armada nos
moldes chineses durante o regime militar -, se ele deseja implantar o comunismo
no Maranhão. Sim, a pergunta foi exatamente essa: “se o senhor for eleito, vai
implantar o comunismo no Maranhão?”
A inesperada questão foi manchete e motivo de troça na
página virtual da revista Carta Capital – conhecida por seu endosso crônico a
qualquer esquisitice esquerdista. O texto associa a atuação do repórter aos
interesses de José Sarney, cujo candidato seria o principal adversário de Dino,
Lobão Filho. Pouco nos importam as motivações ou os adversários; muito menos
nosso alvo é o surpreendente repórter. O fato é que as respostas do candidato
oferecem demonstração cabal das maiores bizarrices típicas de nossas esquerdas
e, por extensão, de nosso próprio meio de fazer política.
À questão chave que acabamos de mencionar, insana ou não,
ele responde: “Sidney, isso implicaria em revogar a Constituição e todas as
leis brasileiras. Nenhum governo pode fazer isso. Realmente a pergunta parte de
uma premissa segundo a qual o Maranhão seria algo contrário à Constituição e ás
leis”.
Brada a Carta Capital, em concordância: pergunta idiota! É
óbvio que implantar a receita marxista e comunista da ditadura do proletariado
em um estado brasileiro é uma impossibilidade jurídica! O repórter obviamente
age por má fé; outros diriam que por uma injustificável ingenuidade. Confesso
que não sei o que moveu Sidney Pereira em sua opção pelo modo como encaminharia
a entrevista. Porém, a resposta é uma preciosidade para quem deseja desmascarar
as incoerências dessa gente. Ele complementa:
“O meu compromisso, a minha vida toda, é cumprir a
Constituição e as leis e assim vai ser feito. Eu sou um democrata. O meu
partido defendeu a democracia e eu não entendo, Sidney, porque tanta
perseguição que tem um, inclusive, um sabor de ditadura militar. Eu acho que
esse tempo passou.” Perguntaríamos a Flavio Dino se o tempo do PCdoB não terá
passado também… Passaremos ao largo da evidente mentira de que o PCdoB lutou
pela democracia contra a ditadura dos generais, o que já está mais que
suficientemente desmentido.
O que podemos tentar fazer, diante dessas declarações, é
entender o ininteligível. O político fica indignado, e rebate afirmando ser
óbvio que sua plataforma não poderia defender uma causa ilegal. Notemos; o
candidato do Partido COMUNISTA do Brasil afirma que NÃO implantará o comunismo
no estado do Maranhão, porque isso seria contra as leis. Mais; ele se apressa
em dizer que é um democrata, em oposição ao que poderia sugerir a pergunta. O
que isso quer dizer? Quer dizer que seguir à risca a agenda do comunismo seria
solapar a democracia e desrespeitar a Constituição; portanto, impensável!
É preciso perceber o tiro no pé representado por essa
conclusão verdadeira, mas que acaba sendo grotesca para os propósitos do
sujeito. Frisemos: Flavio Dino está descrevendo, sem perceber, o quanto o
comunismo é absurdo, antidemocrático e ilegal e, portanto, seria
proporcionalmente indigna a sugestão do repórter de que ele o implantaria no
Maranhão. O candidato não explica então o que o tal do comunismo faz no nome e
no estatuto de sua agremiação! Se eu desaprovo esse tal de comunismo e sei que
ele é um erro, por que diabos me filiaria justamente a um Partido Comunista e
ainda concorreria a cargos eletivos por ele? Qual a lógica, qual a coerência
disso?
Afirma a Carta Capital que “quem acompanha a política
brasileira sabe que os estatutos dos partidos são, em geral, manifestos
ideológicos com pouca ou nenhuma conexão com a realidade, até porque costumam
ser desatualizados”. Está na hora de ver em noções como essa o que elas
verdadeiramente são: sintomas das
enfermidades agudas de nossa democracia representativa. A revista Carta Capital
nada mais faz que declarar seu apreço pela incoerência! Afinal, essa história
de que os partidos dão voz a um segmento do pensar da nação, têm uma filiação
de princípios, apresentam um documento que estabelece seus valores e pontos de
vista, um núcleo duro de diretrizes – tudo isso é balela. Os estatutos não
servem para nada. Os políticos podem ignorar tudo isso completamente e sair
pregando o que lhes vier à cabeça. Ora, se o estatuto de um partido se comprova
desatualizado e inaceitável e, na mesma toada, o próprio NOME do partido, não
seria dever moral de coerência extinguir ambos? Se não, então não seria o
mínimo esperável que o candidato filiado àquela legenda se esforçasse por
traduzir aqueles princípios? Se a resposta for não a ambas as perguntas, onde a
credibilidade institucional do referido partido?
Depois de se auto-sabotar e se lançar em uma evidente sinuca
de bico (para qualquer um com dois neurônios e livre da idiotia útil que
acomete tantos “militontos” por aí), Flavio Dino ainda se diz religioso.
Encerra dizendo que tem a alegria de ser “comunista, cristão, maranhense e
brasileiro”. Esse negócio de que a Igreja Católica condena o comunismo é uma
besteira, claro… Coisa mais medieval! Eu posso ser o que eu quiser: nazista
judeu, tricolor flamenguista, conservador revolucionário… Posso ser um
democrata, num partido de estatuto antidemocrático! A união de contrários,
mesmo em um país tão caracterizado culturalmente pelos sincretismos e pela
miscigenação como o Brasil, há de ter seus limites de sanidade!
Este show de horrores é uma amostra peculiar do que
caracteriza muitos dos socialistas do Brasil e do mundo: o total desprezo pela
lógica e pelos fatos, em favor de um vício incessante em sofismas. A mera
existência de candidaturas como esta (e outras, como a da presidenciável
Luciana Genro, do PSOL, cuja gritaria contra o capitalismo se fez ouvir em rede
nacional no debate da Band), demonstra a nossa face mais miserável – uma
miséria que não é material, mas cultural. Inevitável rir dessa comédia;
igualmente inevitável prantear a realidade de que esse espetáculo não está num
circo, e sim nas corridas eleitorais de um dos maiores países do mundo.
(argento) ... comunismo, há vários sabores, o Maośta, o Leninista, o ... nenhum deles é compatível com religião - ser comunista implica, necessariamente, em ser contrário à qualqquer religião - poizé ... mas há os "Negócios" e a confusão (ignorância) é permitida e cultivada ... (argento)
ResponderExcluir(argento) ... pois o Estado, para o comunista ordinário (doutrinado ideologicamente) é o Deus, Todo Poderoso, Dono dos Destinos ... aí nem precisa correr a sacolinha ... (argento)
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