“A privacidade é um direito fundamental (...). Essa nova lei
contraria os direitos do cidadão. O Ministério Público é uma inutilidade. Ele é
muito eficiente quando lhe interessa. Mas há situações em que o MP se omite.
Hoje, estamos com prisões superlotadas porque o MP é eficiente na repressão do
povo pobre, do povo negro.’’
Siro Darlan em entrevista à BBC Brasil, ao
responder a uma pergunta sobre a Lei 12.850, aprovada por Dilma em agosto de
2013, que permite que delegados e o MP tenham acesso a dados sigilosos de
entidades financeiras e empresas aéreas e a ligações telefônicas sem
necessidade de autorização judicial.
Como eu publiquei aqui, o Ministério Público estadual
divulgou uma nota de repúdio à declaração de Darlan, na qual afirmou que o
desembargador prestou um “desserviço ao povo e ao Estado brasileiros”.
E pior (ou melhor): por causa dessa declaração, o Tribunal
de Justiça do Rio resolveu instaurar um processo administrativo contra Darlan
para apurar se houve quebra de decoro. Darlan fez a crítica Nesta quinta-feira,
ao ser procurado para comentar a abertura do processo, o desembargador disse
que ainda não foi notificado e que não sabe do que trata o caso.
O processo foi instaurado pela corregedoria do tribunal por
ordem de sua presidente, a desembargadora Leila Mariano. O TJ informou que seu
corregedor, o desembargador Valmir de Oliveira Silva, vai notificar Siro
Darlan, que terá um prazo, não informado, para apresentar uma justificativa.
Após esse procedimento, a corregedoria vai decidir se enviará o processo para o
Órgão Especial do TJ ou se irá arquivá-lo.
De acordo com a Lei Orgânica da Magistratura, a Corregedoria
do TJ pode aplicar penas de advertência, censura, remoção compulsória,
disponibilidade, aposentadoria compulsória e demissão.
Porém, apesar desse e de outros absurdos diários cometidos por
muitos dos 18 mil juízes brasileiros, o filho da comadre da dona Marisa
Letícia, Ricardo Lewandowski, hoje, para o mal da Justiça, presidente do
Supremo Tribunal Federal, atribuiu aos seus colegas magistrados o fato de o
Brasil ainda ser uma “ilha de tranquilidade”, aproveitando o ensejo, promovido ontem
pela Associação dos Magistrados Brasileiros, para sugerir um aumento de salário
(um juiz federal recebe, em média, salário de R$ 25 mil).
“Essa paz reina graças a 18 mil juízes que atuam
silenciosamente, sem que ninguém perceba, resolvendo conflitos agrários,
familiares, em condições ruins, inclusive salarial. Estamos em defasagem muito
grande, dada a espiral inflacionária. Precisamos atuar para dar condições de
trabalho aos juízes.”
Foi ovacionado, é claro.
Não, meritíssimo, não
é de mais dinheiro que você e seus colegas precisam, mas sim de mais vergonha
na cara, de mais trabalho, de mais competência e de mais honestidade.
Parece que ele não conhece nem mesmo a situação dos juízes, que estão extremamente sobrecarregados e um processo que deveria levar UM ano leva CINCO, ou mais. Disse PARECE porque que é impossível ele não conhecer.
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