Há coisas que, por mais que eu me esforce, não consigo
deixar passar sem recibo. Uma delas é qualquer cidadão que se comunique através
de órgãos de imprensa cometer erros grosseiros de linguagem, e ontem, quando
fiquei meio de “molho” por causa desse resto de bronquite que ainda me incomoda,
três absurdos me chamaram atenção.
O primeiro do dia foi de um narrador de uma prova de
triatlo, Band Sports, dizendo que os triatletas estavam pedalando em uma pista
de “paralepípedos”. Devia estar cheia de buracos, bem de acordo com a sílaba
faltante. O segundo foi de um narrador da Sportv, dizendo que um carro de
Formula Um havia passado sobre vários “quebras-molas”. Beleza, como estava
chovendo, eu acredito que todos os espectadores estavam sob seus “guardas-chuvas”.
Mas o terceiro estava assinado por Demetrio Magnoli,
publicado na Folha de São Paulo de ontem e falava sobre “sopas de letrinhas da
maravilhosa ‘abóboda’ política brasileira”... “Abóboda”???
Mas eis que eu já havia escrito o texto acima, quando me dei
conta que o corretor ortográfico do blogger não indicava “abóboda” como erro, e
fui ao Houaiss, para me espantar mais uma vez com a capacidade desse dicionário
em assimilar coisas erradas: lá estava o “abóboda”, apenas com a indicação de
que é preferível se usar abóbada. Como eu não me dou por satisfeito com
besteira, resolvi ir aos léxicos tradicionais - em formato de livro mesmo -,
Aurélio e Melhoramentos, e me dei por satisfeito: realmente, “abóboda” não
existe. Ou por outra, não existia até uns trinta anos atrás, antes da Academia
Brasileira de Letras - responsável pelo Vocabulário Ortográfico - ser invadida
por alienígenas gramaticais do tipo de Paulo Coelho e Zé Sarney.
Nem nisso o Brasil
escapa de ser o pior...
Algumas palavras possuem certa tendência à modificação pelo uso cotidiano, abóbada deve ser uma delas, tenho a impressão que se fizerem uma pesquisa vão encontrar mais pessoas usando a forma "abóboda" (oralmente), isso induz as pessoas as assumir como correto, mesmo os mais letrados (como o Magnoli).
ResponderExcluirEu tive um colega de trabalho que falava errado pra caramba, mas escrevia tudo certinho, na escola (ele cursava administração) sempre tirava notas altas em português. Certa vez ele mencionou o fato e disse que sentia dificuldade para se corrigir devido ao convívio com os familiares, descendentes de alemães que misturava muito o alemão como português. Querendo ou não, o costume é mais forte que o conhecimento.
Obs nos comentários: o corretor ortográfico do Blogger acusa erro para "abóboda".
(argento) Rapaz!, se dirigir toda a Sua atenção ao que falam noços (sic) "comunicadores" vai faltar espaço no Blog - aprendi a dar o devido desconto, sabedor que a Linguagem é descuidada em nosso ençino (sic); com o cérebro "em prise" fica mais fácil cuidar da informação passada (mensagem) - he he he, muitas são as abóboras ("abobrinhas") mesmo ... (argento)
ResponderExcluir(argento) ... completamente fora do contexto a pergunta: "Como está Você" - continuo no mesmo email ... (argento)
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