quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

No que dá um urbanista de esquerda

Parte da entrevista de Manoel Ribeiro dada à revista do Instituto dos Arquitetos do Brasil.

Manoel Ribeiro, urbanista, consultor da Unesco e Secretaria de Habitação do Rio e coordenador de oito projetos do Programa Favela-Bairro, tem criticado abertamente a interferência da pasta de Segurança Pública do Estado do Rio no planejamento urbano das favelas cariocas. “A solução de um aspecto muito particular da vida dos favelados (acesso das viaturas policiais) não pode ser isolada das consequências que essa visão parcial pode gerar sobre o todo da vida social, cultural e econômica ali existente”.

O planejamento urbano de uma favela deve respeitar que critérios?
MR: É preciso entender que a favela é um pedaço peculiar da malha urbana, onde se oculta uma ordem particular atrás da aparente desordem. As altas densidades, as vielas e escadarias são os padrões de urbanização que viabilizaram essas ocupações e ainda viabilizam a permanência das populações mais pobres em localizações privilegiadas na cidade. Alterem-se esses padrões e serão alteradas as características de suas populações. Melhorias na acessibilidade e nas condições de saneamento, ao tempo em que se dotam as favelas de equipamentos sociais, prescindem de alterações nesses padrões. Esse é o desafio de quem projeta em favelas.

O senhor acha que as medidas que vêm sendo implantadas nas favelas do Rio podem provocar a gentrificação e a necessidade de ocupação de outras áreas da cidade?
Se estamos falando de abrir vias nas favelas, nos padrões da cidade formal, certamente. De um lado a cidade perde suas “alfamas”, suas “ilhas do egeu”, pedaços criativos de um urbanismo único. De outro lado, a implantação de padrões de urbanização “consumíveis” pela classe média, aliados a programas de regularização fundiária, como esclarece o Prof. Pedro Abramo, podem promover uma “expulsão branca” das populações originais, pressionadas pelas forças de mercado. Para onde elas irão? Para onde encontrarem terra mais barata ou propícia a uma ocupação pacífica, provavelmente nas periferias, estendendo indesejavelmente a nossa cidade/metrópole.

De que forma segurança pública pode contribuir com o urbanismo?
Urbanismo, “latu censu”, envolve vida social, trocas culturais e movimento de pessoas pelos espaços públicos. A tarefa de garantir esses atributos, complementando os bons projetos, é do aparato de segurança pública.


Fica simplesmente patético para um urbanista dizer que é contra intervenções nas favelas porque elas vão alterar uma tal “ordem particular atrás da aparente desordem” e que “melhorias na acessibilidade e nas condições de saneamento, ao tempo em que se dotam as favelas de equipamentos sociais, prescindem de alterações nesses padrões”. Que ele informe então - e não se limite apenas a dizer que é um desafio aos projetistas - como é que se pode melhorar o saneamento, a mobilidade, o acesso a serviços básicos como policiamento, retirada de lixo, ambulâncias e bombeiros sem alterar a “arquitetura” de uma favela. Isso, sem contar que os aglomerados de barracos encarapitados nos morros correm sérios riscos de desabamento, com ou sem chuva.

Alfamas? Ilhas do Egeu? Pedaços criativos? Urbanismo? Aonde será que ele viu isso? Chamar favela de “urbanismo único” é a mesma coisa que dizer que um espírita dando passes está praticando medicina.

Por trás de tudo isso, de todo esse discursinho chulé, é óbvio que está a esquerdopatia latente do Manoel, o medo insano de um burguesamento do favelado - ou “gentrificação”, o mais novo eufemismo da esquerda -, como se melhorar padrões e condições de vida seja um pecado mortal, mas, fazer o quê, se a padronização socialista é sempre nivelada por baixo. Para os esquerdopatas, o ideal mesmo seria que toda a classe média passasse a viver como favelada, sabe-se lá porquê.

Para encerrar, que alguém avise ao Manoel que “latu censu” é o cacete - o certo é lato sensu. Avisem também que quando ele citou “alfamas”, se muito provavelmente estiver se referindo ao bairro de Lisboa, cujo povoamento se perde na história lá pelos anos 800 DC, quando Portugal estava sob o domínio muçulmano - daí seu nome, derivado do árabe al-hamma, significando “fonte de água quente”, pois lá as há -, que o bairro, até pelas características medievais, nada tem a ver com favela e que Alfama foi das únicas partes de Lisboa que ficou de pé após o terremoto de 1755, o que, por si só, já demonstra que a solidez das suas construções nada têm a ver com os barracos da Rocinha.

8 comentários:

  1. Ai minha santa Guenevere!!!!

    O inguinorante quis mesmo qualificar o bairro da Alfama como favela??? Que horror. Quanta besteira a gentalha coloca na cabeca dos brasileiros que votam como tatus.
    Para o sinistro urbanista ilusionista, o bairro judeu em Roma tambem seria uma favela? É maravilhoso, com todas aqueles construcoes medievais entrelacadas com ainda construcoes da Grandiosa Roma antiga.
    Será que este ameba nao comprou o diproma como tantos outros o fazem?
    Que vergonha!!!!! Ale´m de tudo nao sabe sequer qualificar arte, nao sabe o que é arte e o que é lixo. Que belo urbanista, aliás tenho orgulho de um paranaense o grande Jayme Lerner, esse sim é um sr urbanista, reconhecido mundialmente por tudo de bom que fez em Curitiba e nao só.

    Favela é a cabeca do pseudo-urbanista onde tudo vem abaixo sem qualquer razao. O sujeito esta precisando acimentar a metadinha de um neuronio que sobrou desde o ultimo aluviao quando descobriu que poderia fazer fogo com um fosforo e nao batendo duas pedras até surgir uma faisca ou duas.

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    1. A não ser que ele queira dizer que alfama tem o significado apontado pelos léxicos, "lugar que serve de asilo ou refúgio", ou "bairro de judeus", o que eu acho improvável, mas que, na verdade, a primeira opção é perfeita: uma favela é, realmente, "lugar que serve de asilo ou refúgio"... de marginais, entre outras coisas.

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  2. O que me "acende a luz de alarme" é a pergunta, "para onde eles irão?", cuja "resposta", automática, "Para onde encontrarem terra mais barata ou propícia a uma ocupação pacífica, provavelmente nas periferias, estendendo INDESEJAVELMENTE a nossa cidade/metrópole.

    Qual é o Plano? - não existe!

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    1. ... planejamento metafórico! - mas impressiona.

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    2. ... "maqueia" aqui, "maqueia" ali, grana aos ralos, nada se resolve.

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  3. Os antropornólogos não querem é perder a boquinha: não mexe em favela, não mexe com índios, não mexe com quilombos(?).

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    1. Eu, arquiteto, mexo muito com os quilombos das mulheres, e que lombos!...

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    2. O Ricardo já nao é mais vegetariano? Deixou de estar sentado no vaso? ahahahahah
      Acho que o unico lombo que voce mexe é o da sua esposa, voce tambem tem um qui"lombo" de estimacao. ahahahahhha

      O Marc Aubert, como foi a operacao??? Voce esta bem? Já esta em casa?
      Já perguntei duas vezes e voce nao respondeu. Que feio!!!!!!

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