sábado, 4 de janeiro de 2014

“Assimilar culturas”, uma grande bobagem

Zapeando pelos canais de TV a procura de algo para assistir que me desse sono, parei em um onde havia um filme brasileiro (não lembro o nome) e a primeira frase que ouvi, de um branquela com sotaque carioca fantasiado de índio para uma índia de verdade, aculturada - o filme se passa no Amazonas -, foi que ele estaria na amazônia com o propósito de conhecer o “seu país” para assimilar as suas várias culturas.

 A frase pode não ter sido exatamente assim, mas, de imediato, me bateu uma dúvida: que país é esse, que o rapaz acha que é o seu? Qual seria sua intenção com essa tal assimilação de culturas?

Claro que, na verdade, a pergunta teria que ser feita ao autor da história, que usou esses lugares-comuns, mas que hoje fazem parte do ideário de todo porralouca.

E fiquei matutando sobre o que um carioca teria a lucrar tentando “assimilar” os hábitos e costumes de uma civilização tão diferente. Primeiro porque isso não seria possível a não ser que ele se mudasse para lá - e mesmo assim eu duvido que essa “assimilação” pudesse ser integral - e depois porque a tentativa só se justificaria por puro diletantismo, já que os efeitos práticos desse tipo de invasão sempre resultaram em tentativas absurdas de interferências que acabam sempre se mostrando extremamente nocivas às culturas locais.

A noção que o brasileiro tem de país é muito estranha, já que quase todos se acham no direito de criticar e interferir nos usos e costumes diferentes dos seus na tentativa de padronizar o impossível. Longe de ser patriotismo esse tipo de comportamento é autoritário, desagregador e, se levado a consequências extremas de interferência, acaba levando a conflitos de dimensões imprevisíveis.

Vejam, por exemplo, o caso dos índios. Bem ou mal, as disputas sobre terras eram fenômenos localizados, pontuais e como tais teriam que ser resolvidos. Mas os governos, pressionados pelos tais “assimiladores” que acham saber tudo, mas que nada mais são do que uma das versões do “politicamente correto”, resolveram generalizar a coisa, achando que dar 13% do País a 0,4% da população resolveria, e acabou por nacionalizar os conflitos porque além de tirar as terras produtivas dos seus donos, beneficiaram apenas uma parcela dos índios e ambos, os ex-proprietários e os indígenas não aquinhoados pelas benesses criaram outros tipos de problemas.

Em um país grande e pluricultural como o Brasil, o que fará dele uma verdadeira União não é a padronização indiscriminada de tudo, mas sim o respeito mútuo entre as diversas formas de se viver e a defesa incondicional de cada uma delas por parte de todos.

2 comentários:

  1. Alguns intelectuais, verdadeiros intelectuais, falaram em igualdade em direitos e deveres... exércitos de imbecis entenderam que a igualdade deve ser em tudo. Meu argumento para essa insanidade é uma pergunta retórica: se eu ficar igual a você e você ficar igual a mim, não continuaremos sendo diferentes? Para piorar inventaram essa bobagem de assimilar cultura, que resulta em um hipotético filme do Woody Allen: um inglês e um gaúcho encontram-se e assimilam a cultura um do outro, como cada um vai se comportar, em qual idioma vai falar e pelamordedeus, como vão fazer para os chegarem à mesma conclusão ao mesmo tempo?

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  2. A União Faz a Força

    Com base na frase tão conhecida, título deste texto, um novo ano é oportuno para reunir forças. Vou reunir neste comentário a força da costumeira frase do Ricardo Froes, “contando ninguém acredita”, com minha costumeira frase, “pense num absurdo, no Brasil tem precedente”.

    O governo Dilma classificou como sigilosas por motivo de segurança nacional, as informações sobre mais de 2 bilhões de empréstimos para Cuba e Angola. Tudo devidamente divulgado na imprensa (a declaração de sigilo) e até mesmo sendo objeto de discursos no Congresso.

    A questão é: sendo as informações sobre os empréstimos uma questão de segurança nacional, sendo as mesmas de conhecimento dos governos que receberam os empréstimos (Cuba e Angola), então o Governo Dilma forneceu informações sobre a segurança nacional para outros governos. Em países democráticos isso seria alta traição, mas no Brasil é... é apenas mais uma do Brasil.

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