Pombas! Eu estava começando a escrever sobre a coluna de
hoje do Verissimo e, ao dar uma olhada no blog do Rodrigo, ele já havia escrito
tudo que eu tinha a dizer. Só me resta reproduzir o “apressadinho”.
A omelete de Verissimo
Em sua coluna de hoje, Verissimo pretende fazer uma
distinção entre os revolucionários do bem e os que buscam a quebradeira pela
quebradeira. O simpático cronista não tem nada contra a quebradeira, pelo
visto, desde que ela tenha como objetivo uma revolução “boa”, no seu caso
socialista. Vejam:
Toda morte é prematura, mas algumas doem mais do que outras,
nos que ficam. Até hoje os amigos lamentam a falta que faz a inteligência aguda
do José Onofre, que partiu cedo demais. Foi o Onofre que, certa vez, reagindo à
velha máxima de que não se pode fazer omelete sem quebrar ovos usada para
justificar toda sorte de violência, disse: “É, mas tem gente que não quer fazer
omelete, gosta é de ouvir o barulhinho de cascas de ovos se quebrando” Segundo
o Zé, era preciso distinguir o sincero desejo de revolução ou mudança da busca
do crec-crec pelo crec-crec.
Na véspera das manifestações anunciadas para o dia sete, e
ainda no rescaldo das manifestações passadas, a distinção é vital. E não parece
difícil: a turma do crec-crec é a turma do quebra-quebra, identificada pelos
rostos tapados, ou pelo cuidado em não ser identificada. Mas não é tão simples
assim, há mascarados com boas causas e caras limpas que só estão ali pela
baderna, os aficionado do crec-crec como espetáculo de rua.
E, como um complicador a mais, há a natureza indefinida das
ometeles pretendidas. “Abaixo tudo!”, como li num dos cartazes sendo carregados
em junho, tem a virtude da síntese mas não parece ser uma reivindicação viável.
Li que a extrema direita pretende encampar a megamanifestação de sábado e que
seu objetivo - uma omeletaça - é derrubar a Dilma.
De qualquer maneira, pode-se prever mais algumas cabeças
sendo quebradas, como cascas de ovos, nas manifestações contra tudo e a favor
de, do, da… - enfim, depois a gente vê - que vêm por aí.
Talvez seja masoquismo, talvez seja necessidade de conhecer
melhor as estratégias do inimigo; mas o fato é que sempre leio as colunas de
Verissimo. E passei a detectar facilmente sua real intenção jogada em meio a
coisinhas aparentemente engraçadas e leves.
No caso de hoje, o trecho que destaquei em negrito é sua
mensagem. Verissimo tenta associar os vândalos do quebra-quebra à “extrema
direita”, cujo objetivo seria derrubar Dilma, ou seja, um golpe. Resta
perguntar: que extrema direita é essa, cara pálida?
Ao contrário de Verissimo, não acho que a omelete justifique
quebrar os ovos. Não apoio a violência revolucionária como meio para minha
omelete liberal. Verissimo inocenta os que quebram coisas com boas intenções.
Eu não. Eis mais um abismo intransponível entre socialistas e liberais.
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