Cumprindo o doloroso hábito masoquista de ler qualquer
porcaria, eu me detive em uma frase do artigo de hoje de Tony Bellotto que terminava em
“o golpe de Estado que derrubou o governo democrático de Salvador Allende e
instaurou no Chile a tenebrosa ditadura de Augusto Pinochet”.
Bom, quanto à “tenebrosa ditadura de Augusto Pinochet”, eu
posso até concordar, muito embora o general tivesse um amplo apoio da
população, principalmente à época do golpe, mas dizer que Allende fez um
governo democrático é de uma estupidez atroz, somente verificada em no que
resta dos cérebros de esquerdopatas e de idiotas que acreditam neles, turminha
a qual Belloto faz parte.
Então vamos lá, mais uma vez botar os pingos nos is do “titã”.
Para começo de conversa, Allende foi eleito com apenas 36%
dos votos e, por isso, o Congresso cercou-se de cuidados obrigando-o a assinar
o “Estatuto das Garantias Democráticas”, onde prometia respeitar o Estado de
Direito, o profissionalismo das Forças Armadas, a liberdade de opinião, a
pluralidade sindical, a autonomia das universidades e a obrigação de indenizar
as desapropriações previstas no seu plano de governo.
Acontece que para o “democrata” Allende, a sua própria
palavra e assinatura não valiam nada, Conforme declarou em uma entrevista a
Regis Debray, algum tempo depois de assumir, ele só assinou o documento por “necessidade
tática”, pois “o importante era tomar o poder”.
A “democracia” de Allende começou muito bem, com seus
correligionários em grupos armados realizando expropriações - chamadas de “tomas” - de fazendas e
fábricas impunemente. Não precisa dizer que tais
medidas resultaram em escassez e inflação, culminando com a criação de cartões
de racionamento, à la cubana.
Na vez das escolas, resolveu criar o programa “Escola
Nacional Unificada”, cujo objetivo claro e explícito era doutrinar a garotada em
direção ao socialismo marxista, doutrina que Allende sempre afirmou ser fiel
seguidor.
Nos meios de comunicação, rádios e TVs eram invadidas e
tomadas pelo GAP - Grupo de Amigos do Presidente -, que, armado até os dentes,
expulsavam seus donos e mudavam a programação. Isso, além de proibir a
importação de antenas de transmissão.
Na imprensa escrita os estragos não foram menores, pois
passou a controlar o papel, a tinta e o óleo para as impressoras.
Aliás o “democrata” de Bellotto - para que tantos Ls e
tantos Ts? - resumiu o apreço que tinha pela imprensa com uma frase lapidar:
“Não deve ter lugar para objetividade no jornalismo. O dever
supremo do jornalista de esquerda não é servir à verdade, mas à revolução.”
Eu acho que chega. Embora ainda haja muito para dizer sobre
os três piores anos do Chile, eu mesmo já estou enojado de tanta canalhice. Já
deu para mostrar a qualquer besta quadrada do tamanho do Bellotto o quão “democrata”
era Allende.
Tiranos, falsários e mistificadores sempre se a apresentam como "democratas", mas a "democracia" desses crápulas consiste em permitir que todos concordem com eles. Verifique os comentários apresentados no último artigo que lhe enviei, veja se você reconhece o comportamento de seguidores de um "democrata".
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