domingo, 29 de setembro de 2013

O “democrata" Allende de Bellotto

Cumprindo o doloroso hábito masoquista de ler qualquer porcaria, eu me detive em uma frase do artigo de hoje de Tony Bellotto que terminava em “o golpe de Estado que derrubou o governo democrático de Salvador Allende e instaurou no Chile a tenebrosa ditadura de Augusto Pinochet”.

Bom, quanto à “tenebrosa ditadura de Augusto Pinochet”, eu posso até concordar, muito embora o general tivesse um amplo apoio da população, principalmente à época do golpe, mas dizer que Allende fez um governo democrático é de uma estupidez atroz, somente verificada em no que resta dos cérebros de esquerdopatas e de idiotas que acreditam neles, turminha a qual Belloto faz parte.

Então vamos lá, mais uma vez botar os pingos nos is do “titã”.

Para começo de conversa, Allende foi eleito com apenas 36% dos votos e, por isso, o Congresso cercou-se de cuidados obrigando-o a assinar o “Estatuto das Garantias Democráticas”, onde prometia respeitar o Estado de Direito, o profissionalismo das Forças Armadas, a liberdade de opinião, a pluralidade sindical, a autonomia das universidades e a obrigação de indenizar as desapropriações previstas no seu plano de governo.

Acontece que para o “democrata” Allende, a sua própria palavra e assinatura não valiam nada, Conforme declarou em uma entrevista a Regis Debray, algum tempo depois de assumir, ele só assinou o documento por “necessidade tática”, pois “o importante era tomar o poder”.

A “democracia” de Allende começou muito bem, com seus correligionários em grupos armados realizando expropriações - chamadas de “tomas” - de fazendas e fábricas impunemente. Não precisa dizer que tais medidas resultaram em escassez e inflação, culminando com a criação de cartões de racionamento, à la cubana.

Na vez das escolas, resolveu criar o programa “Escola Nacional Unificada”, cujo objetivo claro e explícito era doutrinar a garotada em direção ao socialismo marxista, doutrina que Allende sempre afirmou ser fiel seguidor.

Nos meios de comunicação, rádios e TVs eram invadidas e tomadas pelo GAP - Grupo de Amigos do Presidente -, que, armado até os dentes, expulsavam seus donos e mudavam a programação. Isso, além de proibir a importação de antenas de transmissão.

Na imprensa escrita os estragos não foram menores, pois passou a controlar o papel, a tinta e o óleo para as impressoras.

Aliás o “democrata” de Bellotto - para que tantos Ls e tantos Ts? - resumiu o apreço que tinha pela imprensa com uma frase lapidar:

“Não deve ter lugar para objetividade no jornalismo. O dever supremo do jornalista de esquerda não é servir à verdade, mas à revolução.”

Eu acho que chega. Embora ainda haja muito para dizer sobre os três piores anos do Chile, eu mesmo já estou enojado de tanta canalhice. Já deu para mostrar a qualquer besta quadrada do tamanho do Bellotto o quão “democrata” era Allende.

Um comentário:

  1. Tiranos, falsários e mistificadores sempre se a apresentam como "democratas", mas a "democracia" desses crápulas consiste em permitir que todos concordem com eles. Verifique os comentários apresentados no último artigo que lhe enviei, veja se você reconhece o comportamento de seguidores de um "democrata".

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