terça-feira, 3 de setembro de 2013

O que é que sabotagem tem a ver com tamanco?

Graças ao Razu, que me mandou um link com a entrevista dada por Deonisio da Silva a Marília Gabriela, conheci essa figura simpática que brinca como um craque com um dos assuntos que mais me encanta, a etimologia.

Eis um artigo dele em seu blog. Deliciem-se.

Biblioteca: do Grego biblíon, livro, e theke, cuidado e também caixa, depósito, formou-se bibliotheke, passando ao Latim biblioteca e daí ao Francês bibliothèque e ao Português biblioteca, designando o lugar onde são guardados livros e documentos e o próprio acervo, atualmente também armazenado de forma digital, possibilitando a consulta em livros e documentos impressos, mas também em arquivos eletrônicos. A maior biblioteca do mundo é a do Congresso dos Estados Unidos, com 1348 quilômetros de estantes, fundada em 1800, que hoje conta com 155 milhões de itens. Transferida da Filadélfia para Washington, era de uso exclusivo dos congressistas, mas desde 1897 está aberta ao público. No Brasil, a maior é a Biblioteca Nacional, também a maior da América Latina e a sétima do mundo. Foi trazida de Portugal pelo então príncipe regente dom João VI (1767-1826) em três viagens realizadas entre 1810 e 1811, pois tinha sido esquecida no embarque apressado. Propriedade de Portugal, ela foi comprada pelo Brasil em 29 de agosto de 1825 por 2 milhões de libras esterlinas.

Doce: do Latim dulce, também nome de pessoa, designando guloseima, do Latim gulosus, isto é, que vive colocando comida pela gula, garganta. Especialmente o público infantojuvenil e adolescente adora comer doces e guloseimas, como o tutti-frutti, todas as frutas, basicamente banana, laranja, abacaxi e morango. Na Europa, leva figo, ameixa e damasco. Todavia, o sabor foi criado pelo norte-americano Roy Motherhead em homenagem à sua filha Charlotte, cujo apelido era Toodie, que soava túdi, daí o neologismo misturando Inglês e Italiano. E tutti quanti: do Italiano tutti quanti, todos quantos, expressão alternativa para etc., do Latim et cetera, e outros. A presença da língua e da cultura italianas no Brasil tem um viés bem diferente de outras manifestações suas em outras nações, pois desde o século XIX os imigrantes italianos para cá vieram, aqui se fixaram e desde então, com seus descendentes, matizaram a cor dos brasileiros, seus usos e costumes, sua culinária, sua religiosidade etc. O Italiano está presente também nos cardápios dos restaurantes.

Greve: do Francês grève, palavra que originalmente, vinda do Latim grava, designava cascalho, areia grossa. Tomou o sentido de interromper as atividades porque operários franceses, para protestar contra as condições de trabalho, faziam suas reuniões e assembleias num terreno coberto de cascalho, em frente ao Palácio da Municipalidade, em Paris, a Place de Grève, atualmente Place de L’Hôtel-de-Ville. Quando os patrões param, diz-se que houve locaute, do Inglês lock out, fechar, trancar as portas (das fábricas) com cadeados. Mas os movimentos de interrupção do trabalho podem ter outros nomes, como movimento paredista e sabotagem.

Paredista: de parede, do Latim vulgar parete, a partir do Latim clássico pariete, declinação de paries. Os operários, para conseguir que outros aderissem à greve, faziam uma parede de gente impedindo que outros entrassem nas fábricas. Ou então organizavam piquete, do Francês piquet, estaca onde eram amarrados os cavalos dos soldados, prontos para o ataque. Por isso, piquete veio a designar grupo em desfile ou guarda de honra, destacamento militar, mas também grupo de operários que cercam os outros, impedindo-os de trabalhar e levando-os a parar também.

Sabotagem: do Francês sabotage, de sabot, tamanco. Tomou o sentido de impedir alguma coisa porque os trabalhadores franceses, para impedir o trabalho de outros e fazer com que aderissem à greve,ou para prejudicar os patrões, jogavam seus tamancos nas engrenagens das máquinas, levando-as a parar. A fábrica virava uma bagunça, palavra cuja origem ainda nos é desconhecida, mas que ganhou o sentido de baderna por causa de Maria Baderna (1828-?), bailarina e cantora italiana que se refugiou no Brasil na primeira metade do século XIX, e misturava canções populares no seu repertório, levando uns a protestar, sapateando ou batendo bengalas no chão. E outros a proclamar aos gritos seus apoios, gerando confusão.

2 comentários:

  1. Ricardo, lhe enviei um e-mail ontem (Ricardo Froes ), avise-me caso não seja o e-mail correto.

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  2. A Maria Baderna provavelmente esta viva.

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