A entrega do prêmio Multishow de música ontem à noite foi um
festival de baixaria de dar nojo. Os que me conhecem sabem que eu não sou
exatamente um exemplo de pudicícia, mas há limites para tudo.
Apresentado por Ivete Sangalo e Paulo Gustavo, um gay
afetadíssimo que anda fazendo sucesso pelaí - não se sabe a troco de quê -, até
que o troço começou calmo. Muito embora começar um show com os capiaus Zezé de
Camargo, Luciano e Paula Fernandes cantando “é o amooooooooor...” seja um
atentado ao bom gosto, deu para levar, até porque eu levantei para fazer um
pipi e abrir uma cerveja enquanto os três se esgoelavam no palco.
Após a “música” caipira e uns cinco minutos de papo sem pé
nem cabeça entre Ivete e Paulo tentando explicar o complicado mecanismo de
escolha dos ganhadores em uma briga danada para ver quem conseguia aparecer
mais, Caetano Veloso foi anunciado como mais uma atração. Sosseguei e gostei
quando ele começou com as frases de Tropicália: “Sobre a cabeça os aviões, sob
os meus pés os caminhões, aponta contra os chapadões meu nariz...”. Mas eis
que, não mais que de repente, a música muda e me aparece em cena um rapper -
que depois soube chamar-se Emicida - com um microfone enfiado na boca, quase
tocando as amígdalas (conhecidas hoje como tonsilas), a grunhir coisas
ininteligíveis. Imaginando que aquilo fosse apenas uma intervenção e que
Caetano prosseguisse depois com a genial Tropicália, dei com os burros n’água
quando o baiano, à moda rapper, começou a grunhir também até chegarem a um
ponto da “música” que cada estrofe terminava com a expressão “é foda!”, que era
também a única coisa que se conseguia entender em meio a tantos grunhidos.
Depois de mais ou menos quarenta “é foda!” - a coisa durou uns
dez intermináveis minutos -, veio o gran finale com... “é foda!”.
Caetano já está bem velhinho para apelar para artifícios tão
baixos para chamar atenção. E só pode ter sido este o motivo da baixaria,
porque não acredito que um autor de canções tão belas realmente goste desse
tipo de aberração que é o rap. Além de tudo não fica bem um sujeito que ficou
tão distinto e boa pinta depois que envelheceu, abandonando o visual andrógino
e detraquê que outros artistas sessentões do tipo Iggy Pop e Mike Jagger insistem
em manter, ficar por aí repetindo “é foda!”.
Bom, mas assim que Caetano acabou com seu “é foda!”, as
câmeras cortaram para o afetado Paulo Gustavo sentado no palco, calado, fazendo
caras e bocas lânguidas. Ivete pergunta a ele o que houve. E Paulo responde: “Ah,
eu queria dar um beijo na boca do Caetano...”.
Mais meia dúzia de palavras tolas e Ivete volta a perguntar:
“Você já ‘pegou’ homem?”
E Paulo, para Ivete: “Já devo... E você, já pegou mulher?”
“Não”, respondeu Ivete. E seguiu-se um diálogo meio embolado
onde, se meus ouvidos não me enganaram, Paulo mencionou Xuxa para, em seguida
Ivete dizer: “Vamos deixar isso pra lá e continuar”.
Depois disso, tomei um Engov e mudei de canal.
P.S.: Meus ouvidos não me enganaram. Depois de publicar o texto li na página do Globo On Line a versão oficial do fim do diálogo que relatei:
“Nunca pegou mulher, Ivete? Mentira! Você namorou a Xuxa por anos”, bombardeou Paulo Gustavo.
P.S.: Meus ouvidos não me enganaram. Depois de publicar o texto li na página do Globo On Line a versão oficial do fim do diálogo que relatei:
“Nunca pegou mulher, Ivete? Mentira! Você namorou a Xuxa por anos”, bombardeou Paulo Gustavo.
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