Que Dilma não trabalha mais (já trabalhou?) como presidente para
se dedicar integralmente à reeleição, todo mundo sabe. Já que ela não trabalha
e, como dizia meu pai, os maus exemplos frutificam, todos os que estão direta
ou indiretamente ligados às eleições de 2014, também não trabalham em suas
funções precípuas. Não que os nossos digníssimos homens públicos precisem de
exemplos para faltar com suas obrigações com o povo, mas é sempre uma força a
mais.
Ao abrir o jornal hoje, vejo Dilma entregando casas sem água
e sem luz na Bahia; vejo o deputado federal Garotinho (bleargh!) em pleno
horário de trabalho discutindo alianças com o deputado estadual e presidente do
PT, Rui Falcão (argh!), campeão de ausências na Assembleia de São Paulo (faltou
a 397 das 584 sessões em plenário e conseguiu abonar ausências mesmo tendo
participado de eventos partidários fora do estado); vejo o Senador Aecio Neves,
também em horário de trabalho, reunido o dia inteiro com o deputado federal
Paulinho da Força, com os senadores Francisco Dornelles e José Agripino, e com
mais 40 (eu disse quarenta!) deputados federais pelo PSDB; vejo o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos em reunião com Marina e “prestigiada” pelo senador Pedro
Simon; vejo o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, reunido com o ministro
das Cidades Aguinaldo Ribeiro e com o ministro da Educação, Aluisio Mercadante,
negociando tempo de TV em troca de mais um ministério para o partido.
Isso, só em uma ligeira vista d’olhos pelas manchetes do Globo,
fora as notas dos colunistas.
Ô raça de vagabundos! Nesse aspecto eu não livro a
cara de ninguém. Falta decência, compromisso, seriedade a todos. Até o Miro
Teixeira, um dos mais assíduos do Congresso, andou faltando ao trabalho para
desempenhar a função de papagaio de pirata da Marina. Vergonha!
Desesperar jamais, como diz a letra de Vitor Martins? Como
não se desesperar se não há a menor possibilidade de, entre tantos, escolher um
só que seja medianamente honesto de propósitos? Como não se desesperar se somos
reféns da ignorância de mais de 70% da população, que é fartamente alimentada
pelo descaso destes que eu citei acima e de mais todos os outros políticos?
Infelizmente o jogo não está mais no primeiro tempo. Já
estamos na prorrogação...
Desesperar Jamais
Ivan Lins e Vitor Martins
Desesperar jamais
Aprendemos muito nesses anos
Afinal de contas não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Nada de correr da raia
Nada de morrer na praia
Nada! Nada! Nada de esquecer
No balanço de perdas e danos
Já tivemos muitos desenganos
Já tivemos muito que chorar
Mas agora, acho que chegou a hora
De fazer Valer o dito popular
Desesperar jamais
Cutucou por baixo, o de cima cai
Desesperar jamais
Cutucou com jeito, não levanta mais
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