sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Curiosidade de Sexta

Do blog do Giulio Sanmartini

O lenço dobrado (João 20:7)

Por que Jesus dobrou o lenço que cobria sua cabeça no sepulcro depois de sua ressurreição? Poucas pessoas haviam detido a atenção a esse detalhe. Em João 20:7 – nos é dito que o lenço que fora colocado sobre a face de Jesus, não foi apenas deixado de lado, como os lençóis no túmulo. A Bíblia reserva um versículo inteiro para nos dizer que o lenço foi dobrado cuidadosamente e colocado na cabeceira do túmulo de pedra. Bem cedo, na manhã de domingo, Maria Madalena foi à tumba e descobriu que a pedra da entrada havia sido removida. Ela correu ao encontro de Simão Pedro e outro discípulo… aquele que Jesus tanto amara (João) e disse-lhe ela:

“Tiraram o corpo do Senhor e eu não sei para onde o levaram.”

Pedro e o outro discípulo correram ao túmulo para ver. O outro discípulo passou à frente de Pedro e lá chegou primeiro. Ele parou e observou os lençóis, mas ele não entrou no túmulo. Simão Pedro chegou e entrou. Ele também notou os lençóis ali deixados, enquanto que o lenço que cobrira a face de Jesus estava dobrado, e colocado em outro lado. Isto é importante? Definitivamente sim! Isto é significante? Certamente que sim! Para poder entender a significância do lenço dobrado se faz necessário que entendamos um pouco a respeito da tradição hebraica daquela época.

O lenço dobrado tem que a ver com o Amo e o Servo, e todo menino judeu conhecia essa tradição. Quando o Servo colocava a mesa de jantar para o seu Amo, ele buscava ter certeza em fazê-lo exatamente da maneira que seu Amo queria. A mesa era colocada perfeitamente, e o Servo esperava, fora da visão do Amo, até que o mesmo terminasse a refeição. O Servo não podia se atrever nunca a tocar na mesa antes que o Amo tivesse terminado a sua refeição. Diz a tradição que: ao terminar a refeição, o Amo se levantava, limpava os dedos, a boca e sua barba, e embolava o lenço e o jogava sobre a mesa. Naquele tempo o lenço embolado queria dizer:

“Eu terminei.”

No entanto, se o Amo se levantasse e deixasse o lenço dobrado ao lado do prato, o Servo jamais ousaria tocar na mesa porque, o lenço dobrado queria dizer:

“Eu voltarei!”

13 comentários:

  1. Sem dúvida é uma história cuja interpretação vai ao encontro dos anseios cristãos, mas apresenta alguns problemas. Segundo os evangelhos canônicos, Jesus teria afirmado, antes de morrer: "está consumado". Se foi consumado na cruz, então o lenço da tumba estaria ligado a um novo evento, mas a situação piora um pouco, pois o lenço dobrado significaria que ele voltaria para a tumba, ou que ele ainda não teria voltado da morte. A interpretação também é tendenciosa por considerar que um lenço numa tumba tem o mesmo significado que um lenço numa mesa, que um funeral tem o mesmo sentido que uma refeição.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Milton, o que é a Bíblia - no caso, o Novo Testamento - senão uma coleção de simbolismos a serem interpretados de maneira a irem "ao encontro dos anseios cristãos"? Se o Velho já é uma barafunda dos diabos, onde muito pouca coisa se pode perceber com clareza, imagine o Novo, onde todo mundo deu pitaco. Já começa com a discordância entre os evangelistas Mateus e Lucas sobre a genealogia de Jesus.

      Excluir
  2. Interessante! Gostaria de saber sua opinião sobre o episódio das bodas de caná. Segundo li em algum lugar, na tradição judaica, nas bodas, quem dá ordens aos serviçais é apenas a mãe do noivo e NINGUÉM MAIS. Pode-se inferir do texto, que sendo Jesus um judeu vivendo entre judeus, a tradição aponta que nas bodas de caná o "noivo" poderia ser o próprio Jesus?
    O relato bíblico de João 2,1-11 afirma que durante um casamento em Caná, para o qual Jesus fora convidado com seus discípulos, acabou-se o vinho. A mãe de Jesus então diz ao filho: "Eles não têm mais vinho", ao que Jesus responde: "Que tenho eu contigo, mulher? ainda não é chegada a minha hora.". A mãe de Jesus então pede aos servos que façam o que Jesus mandar. Ele ordenou que eles preenchessem os vasilhames com água e tomassem um pouco dela para servir ao presidente da mesa. Após prová-la, e sem saber de onde vinha essa porção, ele congratulou o noivo por não seguir o costume de servir primeiro o bom vinho, servindo-o por último. João adiciona ainda que: "Com este milagre deu Jesus em Caná da Galiléia princípio aos seus milagres, e assim manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.".

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O comentário do Ricardo foi direto ao ponto e com muita propriedade, o objetivo do evangelho é ir ao encontro dos anseios dos cristãos. Quanto à questão da mãe de Jesus ter dado ordens aos servos, é possível entender implicitamente que houve a concordância da mãe do noivo, então o costume não foi desrespeitado. No entanto existe a inconsistência sobre os discípulos “crerem nele”, pois não haviam discípulos naquela ocasião.

      Excluir
    2. Talvez, estes "discípulos" citados sejam pessoas que tenham presenciado ou ficado sabendo do episódio no templo, onde uma criança conversava animadamente com os doutores da lei, sendo que esta criança escapou da matança de crianças e bebês promovida por Herodes, já que existiam notícias de que "o salvador" havia nascido e, julgava-se que o tal "salvador" era um perigo para o império romano.

      Excluir
    3. O texto diz que a "hora dele" não havia chegado, portanto não existiam discípulos naquela ocasião.

      Excluir
  3. Confesso que sou uma "analfabeta bilbica" ja tentei ler e nao entendo nada. Nao entendo como os pentecostais possam entender o que estao "lendo" Já tentei até ler em sueco e nada.

    Penso que o"Velho Testamento" seria uma leitura talvez mais interessante para mim, ou o livro de Enoch.
    Talvez se um time de arqueologos e outros especialistas no campo unissem forcas para tentar elucidar o que realmente aconteceu. Historiadores poderiam talvez explicar a Biblia, assim como esta pelo menos para mim é algo inexplicavel e é mais comodo acreditar que realmente os "Deuses Eram Astronautas"
    Ricardo, vire a pistola de água para o outro lado, estou plastifiicada.
    Adorei o post.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Theresa, existe um time de especialistas tentando comprovar a verdade (arqueológica e histórica) destes textos tão antigos. Eu, já li um livro intitulado "E a Bíblia tinha razão", onde arqueólogos comprovaram a existência do dilúvio no mundo. Só que "mundo" deve ser entendido como a extensão de terras conhecidas na época do relato, um pedaço de chão ao alcance dos viajantes daquela época, cujo transporte era o camelo, que conseguia viajar 7 a 8 dias sem beber água. Até o relevo da região (que possibilitou a inundação citada) foi estudado pelos especialistas. A idade dos objetos encontrados na camada de lama de 8 metros de espessura foi testada em laboratório pelo método do carbono-14 e a antiguidade do texto e dos objetos foi confirmada. Mas não encontraram restos da Arca de Noé.

      Excluir
    2. Outras confrontações que estes especialistas fazem, é procurar "evidências" em textos não bíblicos. A carta de Pilatos relatando ao imperador romano os traços físicos, atitudes e até as emoções que ele percebeu no chamado Jesus Nazareno Rei dos Judeus, existe dentro dos documentos antigos do império romano e não é texto bíblico, revisado e cheio de "pitacos" de monges e teólogos conforme relatou o Froes.

      Excluir
    3. Existe um livro chamado "E a Bíblia tinha razão" de W.M. Ceram, que já tem uns 50 anos de escrito, portanto, foge dessa paranoia especulativa que começou bem mais tarde. Ele não é lá muito profundo em termos religiosos propriamente ditos, mas é muito bom no que diz respeito à geopolítica bíblica, o que proporciona, senão uma visão social profunda, uma boa noção do que seria o comportamento das tribos da época.

      Excluir
  4. A sexta feira é um dia lindo, é muita hermenêutica pra minha cabeça. Aproveitando o convívio com mentes aguçadas, ... o Quê afinal significa isto?:

    "“Não é o enfraquecimento do Estado, mas sim a emergência da sociedade, mais complexa e transparente, que constitui o fenômeno novo no mundo contemporâneo. Novos personagens do poder. Não se aceita mais, em nenhum lugar, o capitalismo selvagem, o mercado totalmente desregulado. Muito menos o Estado bárbaro, autoritário. As sociedades ficaram mais fors que o Estado”.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isto, é um trechinho atribuído a FHC que (presumo) o Xico Graziano publicou lá no Observador Político.
      Presumo, porque FHC escreve bem melhor que isso e seu estilo não é o de tentar "dizer muita coisa" num único parágrafo.

      Excluir
  5. Procura daqui, procura dali, encontrei no Face e pertence à "Coleção de Verbetes de FHC"

    ResponderExcluir