A situação do Brasil hoje me lembra o que eu posso me
lembrar de antes de 1964. Greve em cima de greve, na época eu ia para o colégio
de ônibus e, não raro, tinha que esperar meu pai ir me buscar porque os
transportes tinham entrado em greve justamente quando eu estava em sala de
aula. O mesmo ocorre hoje, com muito mais frequência, quase diariamente: quem
trabalha no centro do Rio vai tranquilo (relativamente), de manhã para o serviço,
mas não pode voltar para casa por causa das manifestações, que invariavelmente
se transformam em verdadeiras batalhas campais.
Jango era frouxo, condescendente com baderneiros e ladrões -
ele mesmo, Jango, era mestre em convocar badernas - e estava mais perdido que
cego em tiroteio em meio às influências de Brizola e de uma corriola da pior
qualidade. Lembro de um comício em 13 de março de 1964 - até porque foi dia do
meu aniversário - na Central do Brasil, com Jango, Brizola e toda a corja
reunida, quando Jango anunciou ter acabado de assinar dois decretos: um que
desapropriava o que eles já chamavam de terras improdutivas, sem indenizar os
proprietários e o outro encampando todas as refinarias de petróleo particulares.
Brizola também falou e, como crápula que era, instigou os favelados a invadirem
os prédios residenciais da Zona Sul do Rio.
Nunca se vendeu tanta arma em um
dia como no dia 14 de março de 1964. Meu pai e quase todos os nossos vizinhos e
amigos compraram armas para defender suas casas.
A inflação estava ameaçando fugir do controle. O Brasil
andava para trás a passos largos. Dilma não é diferente. O Brasil de hoje não está
muito diferente. O fato de não haver desabastecimento, como à época - nosso
setor produtivo ainda funciona, apesar do governo -, é compensado por não termos
oposição: gente de peito e palavra como Lacerda, Magalhães Pinto, Castelo Branco, as Forças Armadas, a Igreja
Católica, que ainda mantinha a decência no seu clero, e até Ulysses e Tancredo, que foram, a princípio, favoráveis ao movimento militar, fazem muita falta.
Lamentavelmente.
Longe de mim a ideia
de um golpe de estado, mas se aqui ainda houvesse justiça, o PT inteiro seria
banido do poder, como fizeram com Collor que, por muito menos, foi impedido de continuar
exercendo a Presidência da República. Era (e ainda é) corrupto sim, mas perto
de Lula e sua quadrilha, é um principiante.
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