- Dá licença!
Assim, secamente, sem mais nem porquê, uma mulher empurrando
um bebê em um carrinho, se postou na minha frente em uma fila para o caixa
eletrônico do banco. Eu era o primeiro de uma fila descomunal que não
discriminava ninguém, tanto que entrei no fim, sem fazer valer minhas prerrogativas
de idoso.
Parêntesis: coisas geradas pela greve de bancários que
inferniza o carioca (é no país inteiro?).
Depois de passar meia hora na fila, aquilo me soou uma
afronta. E eu disse:
- Desculpe, minha senhora, mas na minha frente, não!
- O senhor não conhece a lei? Não sabe que quem tem criança
de colo pode passar na frente? - perguntou a dondoca.
- Bem mais do que a senhora - respondi. Primeiro que a sua
criança pode ser de colo, mas está no carrinho chupando pirulito, o que, a
rigor, não lhe causa nenhum empecilho. Segundo, como a senhora pode ver, há
vários idosos na fila que não estão reivindicando seus privilégios e, para
encerrar o papo, eu sou idoso - a lei assim o diz -, enfrentei a fila e, no caso,
temos as mesmas regalias, mas como cheguei antes, a vez é minha. Se a senhora
tiver um pingo de bom senso, entra no fim da fila, se não, tente entrar atrás
de mim. Se os outros concordarem, é claro.
- Segurança! - Bradou a oferenda de Yemanjá (de tanta
bijuteria que usava) - Esse cara não quer me ceder a prioridade!
O segurança, que a tudo assistia, deu razão a mim:
- Se ele (eu) é idoso e está na sua frente, está certo.
Indignada e já com a fila inteira contra a sua postura
prepotente, a mulher deu meia volta com seu carrinho e saiu, cuspindo
impropérios.
Eu não tenho por hábito usar minhas prerrogativas de idoso
em filas. Acho isso um absurdo, além de normalmente o tiro sair pela culatra,
porque, além de lentos, os idosos normalmente são usados por espertinhos que os
pedem para pagar suas contas, o que acaba fazendo dos guichês reservados para
maiores de 60 anos demorarem o triplo do tempo de atendimento por pessoa. Um
tormento.
Não sei se há essas mordomias em países civilizados. Pelo
menos nos Estados Unidos não há: eles simplesmente optaram pela eficiência e descomplicação
desses tipos de atendimentos, o que resulta na quase total ausência de filas.
Mas isso é o Brasil do PT...
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