No site português Aventar fui achar um absurdo que nos é bastante familiar, mas que eu não imaginava que
pudesse ocorrer em outro lugar do mundo civilizado. Leiam:
Sempre soubemos que os deputados portugueses se tratavam
bem, mas até agora não sabíamos até que ponto podia chegar o descaramento.
No caderno de encargos do concurso de fornecimento de
refeições na Assembleia da República, o critério mais importante na selecção do
fornecedor não é o preço, como seria de esperar num país mergulhado na crise,
mas a ementa apresentada na cantina e nos dois restaurantes de luxo existentes.
Os senhores deputados não podem comer qualquer coisa e
alimentos como perdiz, lebre, pombo torcaz, rola e similares, lombo de novilho,
lombo de vitela, lombo ou lombinho de porco preto (bolota) e camarão-gamba
grande (24 por Kg ou maior) são receita garantida para ganhar o concurso. É
ainda obrigatório disponibilizar diariamente aos representantes da nação cinco
pratos à escolha, oito variedades de sobremesa, uma mesa com um mínimo de 8
complementos frios e uma mesa com quatro componentes de comida vegetariana.
O caderno de encargos chega ao ponto de indicar a única
espécie de bacalhau permitida, o tipo de café servido aos deputados (de 1.ª,
obviamente), o tipo de músculos a partir dos quais se devem obter os bifes e
por aí fora. No bar, a empresa vencedora deve garantir três variedades de
vodka, 16 tipos de whisky, quatro vermutes, quatro brandies e oito licores.
E como a dignidade de um deputado está acima de tudo, o
restaurante da Assembleia da República deve ter em contínuo um Chefe de Sala, dois
Empregados Mesa, um Cozinheiro de Primeira e um Empregado de Bar.
Por tudo isto, pagam os senhores deputados no restaurante de
luxo uma média de dez euros e menos de quatro euros na cantina. O resto pagamos
nós, como está bom de ver.
Mas há mais, muito mais, no caderno de encargos consultado
pelo site Má Despesa Pública. Vale a pena ver.
Por curiosidade, numa qualquer Escola Pública, escolhida ao
calhas, a ementa da semana é: Segunda-Feira: Esparguete à bolonhesa;
Terça-Feira: Lulas estufadas com arroz de ervilhas; Quarta-Feira: Carne de
porco à alentejana; Quinta-Feira: Meia Desfeita (bacalhau, grão-de-bico e ovo);
Sexta-feira: Arroz de Pato.
Bem bom, digo eu, que me regalo com cada um daqueles pratos!
Mas como é óbvio, um deputado não pode comer esparguete ou grão-de-bico. Comerá
em casa, à sua custa, mas não no Parlamento à custa do Estado. Afinal, a crise
não é para todos e não pode ser paga por todos!
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